Dia 24 de Agosto é dia de S. Bartolomeu, menina fuja ao seu pai, que eu também fujo ao meu...
Pequena, mas bela esta cidade de Trancoso, recheada de história antiga, nobreza e bravura, ainda preservadas por dentro das suas soberanas Portas de El Rey, testemunho imensurável de um passado histórico, tal como idêntica dimensaão conquistou o famoso e eterno Profeta Bandarra, o Sapateiro, qual Nostradamus portugues, nascido em 1500 e que através das suas profecias e escritos do agrado dos judeus, esteve por Ordem do Santo Oficio para ser queimado na fogueira.
Por detrás da capela da imagem, outrora era um fervilhar de gente no dia de feira, sendo que a principal era neste dia em que escrevo, a Feira de São Bartolomeu, famosa pela compra, venda e troca de animais, com especial referencia a troca de burros.
Neste dia partiam de Forninhos calcorreando a pe mais de uma dezena de quilómetros, um rebanho de gente, tocando os animais para negociar na feira, desde as vacas, ovelhas e porcos, serra acima, mas com o credo na boca por ser o dia em que por ironia do destino ardia uma casa, como que o fogo partisse do nada.
Quem ficava, não acendia a lareira por medo, preferia comer de seco e quem voltava da feira, suspirava de alivio por nada de ruim ter acontecido, ficando mesmo assim em alerta até o dia acabar.
Era a maldição do dia de São Bartolomeu que também acometeu a nossa aldeia meio século atrás, reduzindo a cinzas a casa do ti António Melo.
Enquanto tal escrevo, meia dúzia de mulheres de idade conversam na sombra de um balcão de pedra, tão perto que as escuto, revivendo histórias antigas deste dia, quase sempre abafado de calor, tal como hoje.
Tudo parece calmo e nada melhor que ir escutar...
Adoro estas histórias/lendas, pois todas elas têm um fundo de verdade.
ResponderEliminarObrigada pela partilha.
Beijinhos.
Obrigado eu, Lisa.
EliminarBeijinhos.
Como são lindas essas histórias e "maldições"...Revivê-las, lindo! Bom te ver voltando! abraços,chica
ResponderEliminarOi Chica...
EliminarFomos e trouxemos estorias.
E fotos!
Beijos.
Muito interessante essa história de São Bartolomeu! Deveria ser uma festança e tanto,adorei conhecer! bjs e ótima semana,
ResponderEliminarOla Anne.
EliminarEra de facto uma festa genuina. Coisas passadas mas recordadas...
Beijos.
Bonito artigo, excelente lembranca das tradicoes do dia de S. Bartolomeu!
ResponderEliminarTrancoso e de facto uma pequena cidade, mas com muita historia e monumentos e e, digna de uma visita demorada!
Pelo que vejo, ja acabaram as ferias.
Um abraco de amizade.
Caro amigo,
EliminarTinha menos de meia duzia de anos e ia com o meu pai, a pe, vender e comprar vacas, que ele as tinha e das boas...
Antes de ontem, na despedida por la estivemos e tem um encanto soberbo e como diz o senhor, merece tudo na sua calmaria e beleza.
Para si um grande abraco.
Muito forte essa maldição de São Bartolomeu, da qual nunca tinha ouvido falar.
ResponderEliminarExiste uma diferença enorme entre a manutenção das tradições, religiosidade, histórias e lendas, entre o norte e o sul do país.
Espero que as férias tenham sido (ou ainda estejam a ser) boas.
xx
Ola Laura.
EliminarApanhamos um pouquinho de rede e num banquito de pedra, soltamos o desafio, como era, como foi...e adiante.
Ganhamos estorias, bonitas, ao ponto de as velhotas se esgadaralhem para ver quem tinha a razao.. Rimos e agradecemos, era bonito mas com cautela, nao fossem levar a mal...
Por isso, claro, as nossas ferias foram boas.
Grande abraco.
Estudamos os santos, e, a vida de São Bartolomeu, foi triste e santa. Fique com Deus. Boas vindas ao blog. Um abraço, Yayá.
ResponderEliminarOla, Yaya...
EliminarJa soltava um pouco de agonia, com cheiro a saudade.
Sabe bem voltar...
Abraco.
Gostei de conhecer esta história, Xico! É bom estar novamente em Forninhos...
ResponderEliminarAchei legal "as mulheres conversando e relembrando..."
Abraços p vc e a Paula... Creio que ela já deve estar voltando...
Estorias interessantes que eu e a Paula iamos ouvindo e provocando.
EliminarPuxa uma lenga lenga e vem atras alguma coisa.
Bonita e curiosa.
Abraco amigo, Anete.
Paula, gostei muito do seu comentário por lá... Que bom que descansou nas férias e está retornando... Seja bem-vinda!
EliminarUm abraço grandão... Muita paz!
Boa tarde Xico, que tradição essa!
ResponderEliminarNão conhecia essa historia! e é bom ouvir os mais antigos pois têm sempre muito que contar!
Beijinhos,
Ailime
(Como vai a Paula? Um beijinho para ela tb.)
Ailime...
EliminarUm Portugal imenso na sua pequenez...
Tanta historia, tanto conto, tanto devaneio e certeza.
O conta que conta, prende a curiosidade e quem pensa que tudo foi dito, colhe surpresas.
Nos, vamos guardando coisas destas.
A Paula, entrego o beijinho. Outro para si.
Superstições, crenças, lendas, etc… tudo faz parte da nossa história, por tal lembro relacionado com o fogo também havia a superstição de quando se pedia lume entre vizinhas (que era transportado com uma pinha acesa), tal não se devia fazer quando havia bebés em casa!
ResponderEliminarAgora, é perante relatos como o que ouvimos de meia dúzia de mulheres de idade que no domingo passado (dia de S. Bartolomeu) conversavam na sombra dum balcão de pedra que pode nascer um artigo e pode dizer-se que a tradição já não é o que era (e ainda bem), pois já ninguém vai a pé a Trancoso para negociar ou outra coisa…e quem fica parece já não acreditar no que se dizia antigamente, mas contam que muitas décadas atrás ardeu mesmo uma casa e que o dia 24 de Agosto é o dia em que o diabo anda à solta e é o São Bartolomeu que o liberta todos os anos neste dia!
Passando este dia... fica tudo bem (quem dera!). Mas com isto percebi que o dia 24 de Agosto é um dos dias mais curiosos e quentes do ano e que na nossa terra há muitos ditos, expressões e superstições relacionadas com o S. Bartolomeu!
Agora vou tentar visitar os vossos blogues e, se tiver tempo, postar as fotos da festa de Agosto para os forninhenses que se encontram espalhados pelo país e pelo mundo que que não puderam vir à festa.
Beijinhos p todos!
Factos reais!
EliminarAs memorias obrigam a esse rigor e estudo. Pode aparentemente parecer que aqui se colocam devaneios mas nao...
Falamos, ouvimos e o que dizem, fica gravado no registo das emocoes...
Como dizes e bem, a camaradagem da partilha da pinha, da brasa para o ferro de passar, afinal coisas basicas que com o medo tolhiam o dia de Sao Bartolomeu.
Mas com respeito, nesse dia, alguma casa ardia.
Nao fosse o dia.
Gostei muito, Xico! Fez-me lembrar as "histórias de trancoso" que eu ouvia dos mais velhos, quando menina, que eram histórias fantásticas. Quando alguém contava algum fato fantástico, dizia-se logo que era história de trancoso. Na Bahia, existe a cidade Trancoso, não conheço mas dizem que muito aprazível.
ResponderEliminarMuito interessante!
Beijo,
da Lúcia
Ainda bem que gostou, Lucia.
ResponderEliminarDe factoTrancoso tem um encanto que reverte o tempo na idade media, tal o modo como se veste. Muralhas e casas medievais e curiosidades e tradicoes tal como estes medos que aqui deixei.
Sendo Forninhos tao perto e ao longo dos seculos por aqui circulando e marcando a nossa aldeia, tem um pouco do sabor de estar em casa.
Beijos.