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terça-feira, 7 de setembro de 2010

O Picanço

Ainda encontramos em Forninhos um Picanço, que foi um engenho muito usado nos meados do Século XX para tirar água dos poços, principalmente na Primavera e Verão, quando se tornava necessário fazer as regas para que as culturas não morressem de sede.




Este trabalho árduo, realizado por homens e mulheres, há dezenas de anos que deixou de fazer parte da vida quotidiana forninhense.

9 comentários:

  1. Nota:

    A 2ª foto foi cedida pela Família "Guerrilha" com o propósito de melhor dar a conhecer, aos mais novos, como se executava este trabalho, isto é, a água não era armazenada depois de retirada do poço, mas despejada directamente no rego. Esta tarefa de regar, como facilmente perceberão, tinha de ser realizada por mais que uma pessoa.

    Cpts,
    Paula Albuquerque

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  2. Estes engenhos, picanço ou picota como em alguns lugares é conhecido, eram muito vulgares e úteis na nossas terras. Com o aparecimento dos motores de rega, que apareceram, creio, em meados do século passado. Estes engenhos foram desaparecendo, restando apenas alguns exemplos, mas em poços pouco fundos como é o caso destes nas fotos.
    Eu posso dizer, com conhecimento de causa, que não era muito agradável estar horas seguidas agarrado a uma vara, fazê-la descer com uma caldeira vazia e subir com ela cheia na ponta até que o poço ficasse despejado. Nestas alturas, pedia-se para que a nascente fosse fraca, para dar pouca compensação, caso contrário, o poço mais despejava.
    Pode parecer confuso, como é que a água despejada dos caldeiros a espaços de tempo enquanto ia e vinha do fundo poço, dava para regar, mas a realidade é que, a pessoa que regava, mesmo que fosse perto, não notava, porque a água do caldeiro despejada, logo apanhava a outra, formando-se assim uma corrente homogénea e constante.
    Também havia as noras, mas estas eram puxadas com vacas ou burros.

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  3. Bem perto deste picanço existe também uma nora, embora nunca a tenha visto funcionar, aliás, nem esta, nem outra, mas gostava de ver. Se tiverem curiosidade em conhecer melhor o nosso passado e esta tecnologia antiga, façam um passeio pelas bandas da “Cerca” e observem estes legados que também fazem parte da nossa História Local.
    Forninhos tem muitas riquezas naturais que têm de ser desvendadas e este é também o objectivo deste blog, dá-las a conhecer.

    E para que fique aqui registado mais um pedacinho da nossa memória colectiva, deixo uma referência às poças de abrir, onde não era necessário tirar a água, pois corria por si, então nos locais onde não havia essas poças, houve necessidade de tirar a água do subsolo e fazia-se um poço com mais ou menos profundidade e esta água, antes de chegarem os motores de rega, era retirada com o picanço. Devia ser um trabalho bastante penoso mesmo para as mãos calejadas de muitos nossos conterrâneos.
    Este também é o objectivo deste post, mostrar aos mais novos como viviam os nossos antepassados, de modo a que também eles possam dar mais valor às coisas passadas.

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  4. Havia tambem os balados que eram tambem poças mas não de abrir, e a água era tirada com uma vasilha de lata presa por um cabo que na nossa terra se chamava cabaço. Este modo de tirar a água a cabaço tambem era um trabalho puxado.

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  5. Lopes trás a este blog um outro aspecto, a meu ver, bastante importante, que é o uso da latoaria nos modos de rega antigos. Os cabaços, os regadores, os baldes dos picanços e os canecos usados nas noras, foi num passado recente a actividade de muitos artesãos. Hoje estes homens, os latoeiros, ainda se vêm em algumas feiras a vender estes e outros objectos, embora a procura seja mais para decoração do que utilização.
    N´outros tempos (não muito recuados, pois eu ainda me lembro bem) estes homens não só se deslocavam às feiras, mas também íam às aldeias, onde não havia artesãos deste ofício (como era o caso de Forninhos) e além da venda também reparavam aquele regador, cântaro ou balde que se tinha rompido.

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  6. Os cabaços mencionados por Lopes, era outro dos utensílios muito usados pelos agricultores da nossa região, tratava-se realmente de um balde ou caldeiro mais pequeno que o do picanço, sem asa mas com um canudo atravessado ao meio na qual se enfiava um cabo.
    Era utilizado em poços baixos, em que o utilizador tinha de ter os pés no fundo e tirava a água cadenciada para fora do poço. Este trabalho era mais leve que o do picanço, porque tinha menos agua, por isso despejava em menos tempo.
    Quanto aos latoeiros, arte também em extinção, há ainda um em Matela, que julgo, é apoiado pela câmara municipal de Penalva do Castelo, pelo menos, é frequente vê-lo em exposição nos pavilhões do concelho nos vários certames levados a cabo por este país fora.
    Para quem não sabe, Matela, embora pertença a outro conselho fica muito próximo de forninhos.

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  7. Tambem há bons artesãos que fazem miniaturas de objectos usados nos trabalhos rurais como picanços, manguais, arados, grades etc. mas é um trabalho feito em madeira.É pena a nossa autarquia não dar valor a estas pessoas porque há forninhenses com boas mãos.

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  8. E é uma pena que ainda não se tenham dado conta que preservar é urgente, além de barato. A “Lopes” só me resta agradecer pela oportunidade de desvendar mais um pouco a existência das artes antigas, agora, dos trabalhos feitos em madeira. Quem visitar Forninhos (ou mesmo os que lá residem porque se calhar nunca se aperceberam dessa existência) visitem o Café Coelho e vejam a excelente exposição de miniaturas em madeira (feitos por um forninhense e que é minha intenção trazer aqui também este trabalho para que todos o possam apreciar), desde o arado, à grade, o picanço, o ancinho… e de outro património rural que está em vias de desaparecer.
    É muito bom haver pessoas que ainda se preocupam com estas nossas relíquias. Obrigada!!!

    P.S. E as fisgas? Ainda se fazem?

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  9. É com alguma saudade que ainda recordo, o som que o trabalhar da nora fazia enquanto rodava, até o simples picanço também conhecido picota ou cegonha em algumas terras deste nosso pequeno pais, é verdade que nos arredores de Forninhos ainda se encontram vários vestigios e aspectos da vida rural de antgamente, era im trabalho arduo mas mantinha este povo com algum vigor que hoje em dia vai faltando aos mais novos.

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