"Naquele Entrudo, como era de lei, a rapaziada andou a casar as donzelas pelas portas das quintãs e dos serões e encruzilhadas das ruas". A descrição que Aquilino Ribeiro faz dos "casamentos" do Entrudo, também aconteciam em Forninhos.
Já contei aqui uma história, passada nos anos 70, mas hoje recuo ao ano de 1941, por altura do "ciclone", 15 de Fevereiro, quando uma rapaziada atrevida, Luís Matela, Zé da Helena e o José dos Santos (pai da Sabina), na paródia foram para a porta da casa paroquial fazer o "casamento" das irmãs do Sr. Pe. Horácio que com ele viviam. Não aceitando a bem a graçola e de pistola em punho, aos tiros, foi até à Lameira à procura dos "salafrários".
Tudo não passava de uma brincadeira, mas "amor com amor se paga" e a rapaziada não quis deixar passar o episódio em vão, assim, ainda nessa noite colocaram um rolo de pinheiro em frente à porta principal da residência esperando que, ao sair pela manhã, o Padre Horácio tropeçasse e caísse.
Teve sorte porque uma das suas irmãs saiu pela porta da cozinha e viu o tronco encostado à porta.
Depois disso, o Padre Horácio Martins de Sousa foi paroquiar a freguesia da Matança e foi notícia que durante a noite vinha a pé até Forninhos para dormir com a Senhora Dona Olimpia.
Da Matança foi para a freguesia de Midões "mas lá endireitaram-no!".
Veio para Forninhos o seu irmão, o Senhor Padre Albano Martins de Sousa, que viveu à maneira e ao jeito de Jesus Cristo.
Diz o povo que era o oposto do irmão. O Padre Horácio era muito mau, o Padre Albano era um homem muito bom, um santo.
Fonte: Augusta Guerra.
História bem hilária e Padre Horácio teve sorte.... Cada uma que aprontavam, não é?
ResponderEliminarbeijos, lindo domingo! chica
Quem pensa que o nosso povo não se divertia há umas décadas, engana-se. Havia muita, mas muita malandrice, mas nas histórias de antanho também vejo muita maldade por parte dos que possuíam poder.
EliminarBom domingo, bjs
Boa noite de sábado, querida amiga Paula!
ResponderEliminarConheci também dois padres irmãos que eram o oposto um do outro e ninguém dizia serem irmãos.
Um era assim como um dos descritos aqui... o outro, um santo.
Tenha um final de semana abençoado!
Beijinhos
Às vezes os irmãos são rivais e se não existe mal em uma mãe dar-se melhor com um filho do que com o outro, também é normal o povo dar-se melhor com um padre do que com outro.
EliminarBeijinhos, bom domingo.
Este padre, já corre para o antigamente, pois dele ouvi falar na voz dos meus antepassados e sem méritos que lhe coubessem.
ResponderEliminarEra mais um daqueles que tinham casa e passal da igreja, para ele e o seu séquito, uma arrebanhada de irmãs, sendo uma delas freira (segundo consta) e tinham uma vida de regalo, pois ser padre dava para tudo e todos, ainda por cima numa paróquia rica e por tal, uma classe à parte, para a missa o lenço pela cabeça das irmãs, ditava
desde logo as misérias das nossas gentes, eram os pobres.
Mas os ditos pobres, tinham costumes antigos arreigados, ancestrais, tal como os casamentos e lançar o burro a raparigas solteiras e nada melhor que lhes cantarem, estando logo ali ao lado e solteirinhas, se calhar até gostaram, não do burro mas quem lhes coube em sortes.
Coitadas das moçoilas...
Quem não gostou foi o padre por meterem as manas na brincadeira.
Verdade isso da pistola, que ainda hoje faz parte do historial dos padres que por aqui passaram e só me resta uma dúvida, pois ouvia dizer que ele, o padre, perdeu o sério por em vez de um tronco, lhe colocarem à porta um alguidar de acanar o sangue da matação e um facho de palha.
Fraca rês, segundo dele reza a história.
Este padre foi para Forninhos em 1937 ou um pouco antes...
EliminarAs irmãs iam e vinham aos pares e o irmão-padre não gostou da brincadeira ou que tal união pudesse cumprir-se, pois!
Não era caso para tiros de pistola, pois tudo não passava de uma brincadeira; o pregão corria as ruas da aldeia de modo a não deixar solteira qualquer das raparigas que por lá tivessem morada!
Essa do alguidar e facho de palha à porta desconhecia. Obrigada pela informação.
Os padres sempre foram uns " Santos". Nunca tiveram esposa mas tinham outras " esposas" .
ResponderEliminarIrmãos padres diferentes como seres humanos.
Feliz fim de semana
É verdade, mas a diferença de idades, faz-me pensar nessa deslocação noturna!
EliminarO Padre Horácio nasceu em 1910 e a Senhora em 1876, mas era solteira e rica, já não digo nada.
Bom fim de semana.
Gente boa é o que precisamos neste mundo. Uma ótima senana!
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Estes já estão todos mortos e enterrados. Um deles, infelizmente, foi morto com uma sachola à beira de uma poça de regar.
EliminarCoisas de outros tempos...
Continuação de boa semana.
Apesar de irmãos os padres eram totalmente diferentes. Acontece tantas vezes que os pais têm dois filhos que criaram e educaram da mesma maneira e são tão diferentes.
ResponderEliminarAbraço e saúde
É verdade, Elvira, dois irmãos podem ser tão diferentes quanto dois indivíduos sem qualquer laço familiar.
EliminarAbraço.
Padres!?... Tenho boas e "menos boas" recordações!...😉... Boa semana 😘
ResponderEliminarOs que deixam boas recordações, nesta terra vão encontrar sempre uma porta aberta.
EliminarBoa semana.
Boa Noite
ResponderEliminarCoisa engraçada. Lindas estórias.
Na minha terra ser Padre também era sinónimo de estatuto . Razão . Reflexão ........
Confissão. Política .
Um dia minha Mãe ( admiradora de Mário Soares ) irrompe na multidão
( 30 pessoas ) lá na Capela da Boa Esperança , e põe em causa a razão
do Padre Alberto que passava as
homílias a propagandear o Partido do Poder ( PSD ) que dominou anos
a fio lá no burgo . O certo é que a Igreja - Mãe - foi sempre precária e nem os bancos eram iguais . Faltava sempre dinheiro .
Já todos partiram para a eternidade
menos o líder político Alberto João
Jardim que fez agora 80 anos .
Nota- se que trinta anos depois afinal o homem não revela sinais de riqueza .O tempo é bom para olhar amadurecer e temperar o pensar.
Minha Mãe Maria José passou por
Forninhos por volta de 1996 ou até antes ..num passeio que acabou em Bragança . Pelo interior .
Freixo - de - Espada - a - Cinta .
Mogadouro . Torres de Moncorvo .
Vinhais e regresso a Forninhos pelo
Douro.
Saudades .
Abraço
Antonio Miguel Gouveia
Quanto às homilias a propagandear o PSD “nem me lo digas” como dizia Vasco Santana.
EliminarE quando Forninhos teve um padre que se permitiu usar o penduricalho de propaganda de D. Miguel?! Quando o símbolo de fidelidade ao monarca, durante as Guerras Liberais, ameaçava a segurança e a vida das pessoas.
Corajosa a sua mãe, tal como os três "salafrários" de Forninhos. Confrontar um padre não era/é para todos, pois os paroquianos normalmente são subservientes.
Abraço.