A Capela de Nossa Senhora dos Verdes, de Forninhos, concelho de Aguiar da Beira, distrito da Guarda, mas Diocese de Viseu, incluindo a sua decoração interior, nomeadamente as obras de talha e as pinturas, foi classificada como Imóvel de Interesse Público, por decreto do governo n.º 8/83 publicado no Diário da República em 24 de Janeiro (ver decreto).
Porque em Forninhos quando fazem qualquer coisa sofrida fazem questão de vincar que a lua desceu à terra, quero mostrar neste inicio de 2019 que esta classificação se calhar (tudo indica que sim) só foi possível devido ao requerimento de uma ou mais pessoas, graças à Comissão de Obras da freguesia de Forninhos de 1980, constituída pelo Sr. Constantino, Sr. Almeida, Sr. José Rodrigues e o Pároco da aldeia: Manuel Barranha.
capa do processo com n.º66
(X) À atenção do Instituto Português do Património Cultural, em que se anexou o requerimento da Comissão de Obras de Forninhos, de 15.4.80, dirigido ao Exmo. Senhor Dr. Vasco Pulido Valente, Secretário do Estado da Cultura, e foi exposto o seguinte:
1) Do reduzido património cultural e artístico herdado dos nossos antepassados tem a nossa freguesia um santuário dedicado a "Nossa Senhora dos Verdes" construído em estilo arquitectónico "Barroco simples", "D. João V".
2) O estado de degradação, em que há anos se encontra, pede urgentes obras de restauro e conservação.
3) O santuário em questão é um centro importante de encontro e de manifestações culturais, humanitárias e religiosas das populações desta região beirã.
4) A freguesia de Forninhos está a mobilizar-se no sentido do restauro deste nosso santuário o que só por si se sente impossibilitada de realizar.
5) As obras de restauro para se respeitar o estilo original de construção prevemos que envolverão centenas de contos.
6) Por tudo o que fica exposto vinhamos na pessoa do Exmo. Secretário de Estado da Cultura e respectiva Secretaria de Estado solicitar ao Governo da Nação que nos ajude a salvar o pouco que temos da herança artística dos nossos antepassados.
Não pedimos que venham fazer-nos sem mais a obra; mas que nos ajudem subsidiando o nosso esforço.
Prevemos que as obras ultrapassarão em muito o meio milhar de contos.
7) Parece-nos uma altura excelente para a nossa gente ficar a saber que temos um Gorverno, hoje, que tem mais alguma coisa que palavras diante das reais necessidades do seu povo.
8) Querendo desde já acreditar no Governo da Nação e nos seus servidores mais responssáveis, cumprimentando sua Ex.ª o Senhor Secretário do Estado da Cultura, respeitosamente assinam pela Comissão de Obras:
Constantino de Almeida
António de Almeida
António de Almeida
José Rodrigues Ferreira
Pe. Manuel Antunes dos Santos Barranha
Levado este requerimento a bom porto, foi obtida verba e, assim, a nossa Capela entre 1982/1985 beneficiou de limpeza e conservação da talha dourada e pintura e ainda foi elevada a Imóvel de Interesse Público; em 1988 foi colocada placa de betão no alpendre, substituídas as coberturas e picados os rebocos exteriores (ver fotos após restauro)
-Secretaria de Estado e da Cultura, Gabinete 1, cx. 168, n.º 5
PT/TT/SEC-GAB 1/001/0168/000005
"Imagens cedidas pelo ANTT" - o seu uso carece da devida autorização da DGLAB.
Através de mais esta memória, recordamos também os verdadeiros "grandes" homens, de valor!
Que bom que foi promovida e parece será bem mais e melhor cuidada! beijos, tudo de bom,chica
ResponderEliminarCuidada sempre, mas cada vez mais descaracterizado o seu exterior pelas mãos de locais. Mesmo assim continua emblemática e rica de história.
EliminarBjs e bom fim-de-semana.
"HÁ QUEM DIGA QUE PARA COMPREENDER O PRESENTE É PRECISO PRIMEIRO CONHECER O PASSADO".
ResponderEliminarFoi esta a premissa deste Blog, mais de nove anos atrás e tendo como primeira foto a procissão de 15 de Agosto de 1976, em direção à Senhora dos Verdes, no tempo em que os andores eram carregados aos ombros.
Local de culto nos dias próprios que arregimentava multidões de crentes, nos outros ficava ao abandono, estava num ermo a preceito de roubos e vandalismos e menosprezo da paróquia, porventura parca em dinheiros e foi esmorecendo a sua figura interior e exterior.
Louvo a Paula pela sua luta na busca da credibilidade dos factos históricos através de pergaminhos que provam que Forninhos teve gentes de bem e pródigas em honrarias. Lutaram sem serem doutores, apenas com os seus modos de falar e as suas crenças e chegaram àquilo que ambicionavam para a sua paróquia.
A Eles sim, devemos estar em pé a Nossa Senhora dos Verdes com este estatudo. Isto no tempo em que Forninhos era uma comunidade de homens de barba rija e que conseguiram decretos governamentais, coisa difícil à altura, longe de imaginarem que as suas lembranças seriam mais uma coisa residual no cemitério (acho que nem outra coisa quereriam).
Voltando à terra, acho que não ficariam contentes e teriam náuseas do que encontrariam.
Andaram anos a cavar, sabe Deus com que sacrifício, a plantar arvores e estas florirem para depois de anos passados lhes virem roubar os frutos?
Certo é que a Capela tem o Estatuto que tem,graças a eles e comunidade da alturae tudo com conhecimento geral, nobres sem andarem pela calada. Eram antigos dos bons...saberiam algum dia o que era um outdoor numa sacristia, esfrangalhavam aquilo!
Parabéns Paula, é nisto que Forninhos se revê na sua história e muito graças a ti!
O tempo tudo apaga! Quem hoje fala destes homens (sem esquecer outros mais de barba rija)? Só nós aqui!
EliminarHá uns meses, deparamo-nos com um "outdoor" dentro da sacrista, creio, presumo que com a permissão do padre da freguesia. Dizem-nos que foi consequência duma promessa do Sr. Ricardo Guerra e família, promessa o tanas! Quando se criticou o reboco das datas (e já lá vão mais de meia-dúzia de anos), o Sr. Ricardo disse-me a mim, Paula, que depois mandaria fazer um quadro com fotos das datas, pois tinha muitas fotos das obras e que o colocaria na sacristia da capela, só se foi esta a sua promessa!?! Ou então foi maneira que arranjou para se perdoar da adulteração e descaracterização de que foi mandante, só que há sonetos tão maus que não há emendas que lhe valham!!
Francamente, não percebo a necessidade dessa exibição desmedida, quando lá atrás houve Homens que verdadeiramente contribuiram para a valorização da Capela de Nossa Senhora dos Verdes e estão a ser esquecidos, ficaram no anominato.
A quem interessa isto?
Quem ganha com isto?
Esta Capela desde que foi classificada como imóvel de interesse público, já sofreu muitas modificações, bem como a sua área cincundante, esquecendo Forninhos, a cada modificação que faz, que é um imóvel classificado. Merecia a Diocesse ser multada, pois só assim se evitariam mais estragos. A multa, claro, devia ser paga com o dinheiro que se foi juntando através das diversas comissões de festas se é que o há!
Lembro-me perfeitamente de na altura ver os artistas (jovens) que participaram no restauro da Capela de Nossa Senhora dos Verdes, era certo encontra-los no Café do Sr. Virgílio á hora do almoço e ao fim da tarde. Antigamente tinha-se orgulho pela camisola, hoje se prima pela exibição gabarosa própria (alguns) servindo-se do património comunitário. Esta Capela é talvez a maior riqueza de Forninhos como património artístico, cultural e religioso, pena é que nos dias de hoje, qualquer pessoa altera o seu ser, quer no seu interior, quer no exterior(Santuário). A sua ultima remodelação com o reboco interior e exterior, para mim, foi um atentado à arte que os nossos antepassados tanto primaram, a pedra granítica. Por ter comentado no face que se gastou cerca de 60.000eur na sua última intervenção, levei com raios, trovões e não só de quem se sentiu ofendido e no fim me fez muito pior, caso para dizer fazei o que digo, não aquilo que faço, podem ler na pag. Forninhos Comunidade EM DEFESA DA HONRA E CONTRA A DIFAMAÇÃO E AS INJÚRIAS PROFERIDAS, onde o Xico e a Paula também são apontados como injuriosos e difamadores e que nem sequer se podem defender porque ao Xico cortaram-lhe a hipótese de se pronunciar nessa página, e a Paula não tem face, critério democrático, no seu entender. Considero uma ofensa a todo o povo de Forninhos, religioso ou ateu, aqueles se se interessam ou não mas, quanto a mim, não vou ficar quieto, enquanto aquela aberração de "oferta de ricardo guerra e família" assombrar uma das paredes da Sacristia da nossa Capela. Há mordomos que foram solidários ou passivos com esta situação mas aos recém nomeados podem ter a certeza que da minha parte nem colaboração nem contribuição alguma irão ter enquanto a limpeza não for reposta. Curvo-me ao que os antigos fizeram, aos novos mordomos que tentem ser arquitetos e engenheiros, que não estraguem o que está bem feito e já agora, que sejam eles próprios.
ResponderEliminarParabéns, mais uma vez, Paula.
Henrique, nem sei por onde começar.
EliminarJá lá vai tanto tempo, era eu uma criança, quando Forninhos recebeu os jovens artistas do Instituto José de Figueiredo.
Era um tempo mais justo, em que as obras públicas não eram encomendadas aos amigos, por ajuste directo, como são agora!
Repito, quem ganha com isto?
Na última intervenção à Capela pode ter-se gasto menos de 60.000 euros, mas isso é motivo para tu, eu ou o Xico apanharmos com raios e trovões? Ainda mais por pessoas que até se dizem bem-educadas?
É verdade que os comentários não estão abertos ao Xico, mas já estão abertos a pessoas que escrevem "alhos e folhas" (é a boa educação no seu melhor). Dá que pensar!
As cartas abertas do facebook já metem nojo e a minha resposta à última aqui fica neste início de 2019, completada com um documento histórico, duma época em que se faziam as coisas a pensar no bem comum e não em votos eleitorais!
Duvido que os novos mordomos retirem o tal quadro que está a ocupar uma parede da sacristia, a ver vamos...mas se não fôr retirado, vamos então meter lá um nosso também, fotos não nos faltam, documentos antigos da capela também temos alguns e promessas há muitas e de vários tipos.
Um abraço e um saudável 2019.
Olha Paula, sou da idade do Chico, estou na reta final da minha vida, por Forninhos, na próxima festa que assistir, e se a dita tela estiver na sacristia da capela, sou homem, pessoa para a por fora do seu interior. A CAPELA TAMBÉM É MINHA.
EliminarCompreendo-te, no lugar dele eu já o teria retirado, mas como ele gosta de provocar, vais ver que vai levar a dele avante.
EliminarTeve mérito, sim Sr., foram feitos melhoramentos de elogiar, de resto, ele que leia este documento e pense bem se afinal encaminhou bem ou mal o projecto ou projectos.
A mim até já me disseram que ideia do projecto foi de outro elemento da Comissão de Festas, do Sr. António Freitas, não sei e também não me interessa, porque tal como tu também me estou a desinteressar por Forninhos.
Que venha um novo tempo e que a capela seja valorizada como merece!...
ResponderEliminarUm abração neste sábado... MUITA PAZ E FORÇA DO PAI...
Tomara, os altares e caixotões estão mesmo em muito mau estado! Presentemente estão a contruir, ligeiramente afastadas do edifício, instalações sanitárias, quem sabe o próximo passo seja o restauro dos interiores.
EliminarUm abraço e tudo de bom.
É bom preservarmos o que de belo temos!!! Bj
ResponderEliminarMas já é mau descaracterizarmos o que de belo temos!!! Bj
EliminarÉ sempre bom o nosso património ficar classificado e resguardado pela lei.
ResponderEliminarUm abraço e bom fim-de-semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
Diz bem!
EliminarMas que lei?
Esta Capela, pelo Decreto n.º 8/83, de 24 de Janeiro, foi classificada como “imóvel de interesse público”, daí que "qualquer obra de restauro, beneficiação e ou conservação, obedeça a procedimentos específicos de forma a manter-se a sua integridade e a não descaracterizar-se, em parte ou no seu todo, o imóvel em si e ou a sua área circundante, dita de protecção".
Os homens antigos e os padres sabiam que para mexer tinham de respeitar o estilo original, agora não, qualquer pessoa mexe, altera sem se preocupar com a lei e o grave é que os novos padres ajuda(ra)m.
Abr/bom fds.
OS RATOS DA SACRISTIA.
ResponderEliminarHá muitos anos atrás e como é do conhecimento geral, a Capela da Senhora dos Verdes era um dos locais de culto mais venerado nas redondezas. Rezavam pelo afastamento de pragas e bom termo das suas colheitas e por tal prometiam uma parte simbólica, por norma cereais em agradecimento.
As arcas da sacristia aonde eram recebidas estas "esmolas", abarrotavam com as sacas de trigo, centeio e milho, ao tempo trazidas em carros de bois vindos da aldeia e arredores.
Com a desertificação das aldeias do interior, muito por "culpa" da emigração, a Capela entrou em declínio, não por falta de fé mas na sua estrutura física ao ponto de numa terra de calhaus se formar um grupo de visionários representativos da terra e todos unidos, deliberarem pedir ajuda ao estado, pois a situação era tão calamitosa que até os ratos da sacristia se aproveitavam dos parcos cereais para se empaturrarem.
O certo é que levaram esta demanda a bom porto e se a Capela tem o estatuto que tem e a sua recuperação exterior e interior, a este tempo se deve.
A vergonha de muita coisa, reside no facto de até hoje e com tantas festividades, não haver uma data comemorativa, nem reconhecimento público e oficial.
Hoje os tempos são outros e com outro tipo de aproveitamentos numa terra de calhaus e aonde ainda se aproveita um ou outro com dois olhos.
Mas os ratos, minha Senhora dos Verdes, Tu que acabaste com a praga dos gafanhotos, não os Podes extinguir?
Já me parece ver um rato a explodir de raiva e a bílis a escorrer pelo canto da boca, mas amigo, agora aguenta pois: "A pedra e a palavra, não se recolhe depois de deitada".
Percebido?
Mas olha que hoje o amor que alguns têm à Capela deve-se unicamente à beleza e à antiguidade, não a visitam para cumprir o objectivo que levou os nossos antepassados a construí-la, para esses qualquer pedra de um caminho tem a antiguidade da Capela.
EliminarEm 1980 era diferente, o santuário era mesmo um centro importante de encontro e de manifestações culturais, humanitárias e religiosas das populações da nossa região (tal como referido pela Comissão de Obras) e seriam poucos os devotos que ligavam à sua antiguidade. Forninhos era conhecido para além de Forninhos graças à Nossa Senhora dos Verdes!
Ainda bem que Forninhos teve nessa altura um Pe. Barranha, que até é lembrado por ter mandado cortar a cerejeira no passal só porque as crianças iam lá comer as cerejas!
Eu sou muito ingénua. Pensava que num imóvel classificado como a Capela Nossa Senhora dos verdes, qualquer restauro tinha que obedecer escrupulosamente ao original.
ResponderEliminarPaula quero agradecer o seu oferecimento. Eu fui operada na Alm Oftalaser pelo mesmo médico que operou meu marido e vários familiares meus. Ninguém teve problemas e todos ficaram bons logo. Eu fiz um edema e a recuperação está a ser demorada. Como o olho esquerdo também está mal, e não é operado enquanto não estiver totalmente bem, fica difícil andar na net, ou ler. Daí a minha ausência.
Um abraço bom Domingo, feliz dia de Reis
E tinha, só que aquilo lá é uma anarquia.
EliminarTrabalham na Alm Oftalaser alguns médicos do IOGP. Vai ficar bem e vai voltar a andar na net.
Abraço também e bons reizinhos
Boa noite Paula,
ResponderEliminarÉ de louvar a atitude desses Homens de Forninhos que pediram auxílio ao Governo para a perseveração da Capela dos Verdes, que merecidamente foi elevada a Imóvel de Interesse Público.
Como muito outro património vai sendo esquecido...
Desejo que a conservação e manutenção da vossa Capela seja feita como merece.
Um beijinho e bom fim de semana.
Ailime
Todos já faleceram, só o padre estará vivo.
EliminarComo da parte de Forninhos nunca mereceram nem grande, nem pequena homenagem, fica aqui a homenagem possível pelo valor que tiveram e pelo exemplo que deixaram expresso neste documento datado de 15.4.1980.
Bjs, bom dia de Reis.
Bom dia, se uma localidade não tiver pessoas que se interessam culturalmente, tudo é esquecido, as origens são esquecidas de geração para geração, foi importante, é importante que homens como os que cita, continuem a pesquisar.
ResponderEliminarFeliz fim de semana,
AG
A personalidade de uma pessoa vê-se quando consegue vencer o esquecimento, como cantou o nosso grande Luís Camões:
Eliminar"...aqueles que por obras valorosas se vão da lei da morte libertando...". Por isso vamos continuar a falar deles.
Abr/bom fds.