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quinta-feira, 8 de julho de 2010

Cada vez há mais encanto, nesta serra de mistérios

Hoje voltamos com mais um capítulo da caminhada pelo Reino Maravilhoso. Lançamos de novo o desafio a todos, que esperamos vejam nele a magia das pequenas coisas numa simples fotografia e deixem a imaginação voar.

Mas que grande confusão!!!! Quem sabe explicar?

Também temos os vigilantes de passagem...

hooooo !!! que é isto??? uma gárgula? um monstro a sair das entranhas da Serra?

8 comentários:

  1. Em tempos recuados, os agricultores passaram a encarar esta Serra como um espaço pouco rentável e, nessa sequência, o abandono foi inevitável e rapidamente se transformou num matagal e o pior aconteceu! Houve vários incêndios, favorecidos pela grande quantidade de tojos e giestas. A população aflita com a situação, decidiu mandar para a Serra os “Vigilantes da Natureza”, que na sua vigília encontram uma “manada de bichos”: a foca, a tartaruga, o porco e o cão “dorminhoco” que um dia sonhou com o local onde havia um tesouro escondido e o quis mostrar ao seu dono. Tinha sido atingido pelo feitiço de uma Serpente/Moura Encantada. Aquele cãozinho tornou-se o melhor amigo daqueles Vigilantes e sempre que eles andavam pela Serra, não se separavam.

    Conta-se, que foi nessa altura que apareceu ali um lagarto muito grande, sobrevivente desses incêndios que invadiu a Serra, que para escapar entrou num buraco e ficou lá no escuro e os seus olhos cresceram para melhor se adaptar à escuridão e deste então anda pela Serra. É um monstro com olhos de fogo, enormes, de dia é quase cego, à noite vê tudo. E como se acreditava que as gárgulas eram os guardiões das Catedrais e que durante a noite ganhavam vida, desde então a população deu-lhe o nome de “Monstro da Gárgula”. É o guardião da Serra e protege-a contra os incêndios.

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  2. Mas num certo dia, quando o homem abandonou este local e o mato ocupou o espaço onde outrora tanto centeio tinha crescido, dando pão a tanta gente, não deixando espaço sequer, para os visitantes, os monstros sagrados se reuniram e decidiram que, este lagarto devia ficar a guardar a serra dos incêndios, mas antes, devia deitar o seu fogo pelas ventas e queimar as silvas, tojos e giestas que impediam a vigilância da princesa e seu tesouro, e assim deixaram também a descoberto a beleza desta serra para quem a quiser visitar, ver, apreciar e, sobretudo compreender.

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  3. …e apesar de ser uma paisagem única, este lugar permanece escondido aos olhos de muitos, é um local onde já poucos passam ou que, entretanto, esqueceram. Mas quem andou por esta Serra na década de 50 e 60 e também aqueles que só ouviram falar dela pela voz dos seus pais ou avós, ajudam a contar um pouco do que foi a história deste lugar nestes anos. Um povo a viver praticamente da agricultura e pouco mais, daí os costumes terem muito em comum com a ruralidade e, sobretudo, com os afazeres do campo.

    Nas proximidades havia um moinho ribeirinho e diz-se que numa ocasião, já noite dentro, quando os grilos e cigarras cantavam melodias de embalar e a água da ribeira “gorguejava”,um moleiro fez uma fogueira para assar um bocado de toucinho, e eis que atraído pelo fogo, surgiu à sua frente um enorme lagarto de enormes olhos cor de fogo, com uma boca enorme, aberta, língua afiada, e o moleiro desata a correr, foge com medo que o lagarto viesse atrás dele. O certo é que o moleiro não voltou mais ao moinho e este está abandonado há largos anos.

    Há imagens que nos fazem recordar imediatamente milhentas histórias vividas ou imaginadas num determinado local.

    Espero novos comentários que ajudem a compor este quadro…mais completo.

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  4. E quando o moleiro fugiu espavorido, não sabia o que aconteceu, mas logo se lembrou dos mitos da serra, e talvez o não quisessem por ali, ou talvez faltasse água na serra e a
    Moura encantada quisesse vir ali lavar a roupa, ou talvez, com receio que o seu tesouro fosse descoberto, mandasse ali um dos guardiões para o afugentar, enfim, mil e uma coisas passaram pela cabeça deste pobre homem, mas voltar lá! Isso não.
    Passados muitos anos, quando este bom homem, que entretanto tinha deixado de ser moleiro, e, já velhinho, ainda pensava no que lhe tinha acontecido muitos anos atrás. Foi então que se lembrou…. como é que podia ter ouvido cantar o grilo e a cigarra ao mesmo tempo, se o grilo canta á noite e a cigarra só de dia!!! Não, não podia ser, tinha de ser mesmo só uma ilusão, tinha de lá voltar, e voltou.
    Mas o moinho, porque o seu moleiro o abandonou, morreu, e ainda hoje, lá vemos o seu esqueleto, com alguns “ossos” também a desfazerem-se, porque o seu moleiro já não tem força para lhe voltar a dar vida.

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  5. Nessa noite não pregou olho e ainda de madrugada, já velho e cansado com o peso dos anos e trabalhos da vida, meteu-se a caminho…pouco depois ouve uns assobios medonhos, um barulho estranho e adiante uma voz disse-lhe:

    - Se queres ser o senhor do tesouro, basta que tenhas coragem. Estás aqui neste local, daqui a uma semana, ao meio-dia em ponto! Aqui virá ter contigo um lagarto com olhos cor de fogo, mas desta vez não tenhas medo, não fujas. Logo que chegue põe-lhe a mão na cabeça e basta, ele conduzir-te-á até aos monstros sagrados, guardiões desta Serra. O velho moleiro aceitou.

    Voltou para trás…mas antes quis matar saudades do moínho. Já próximo do local, estranhou não ver o telhado que foi tantas vezes abrigo dos pastores e lavradores, nem ouvir o barulho da água e murmurou: “a água passa sempre a correr e a mó de pedra sempre a moer”. O moínho estava em ruínas e os campos que outrora estavam todos cultivados, agora estão abandonados...
    Com muita tristeza voltou à aldeia, tinha chegado a hora de evitar mais destruição de um local carregado de uma vivência do passado. Estava decidido, dali a 8 dias voltaria e seria o senhor do tesouro …

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  6. E assim foi, por indicação do monstro, o velho moleiro foi subindo, subindo, até ao local indicado, onde o aguardavam os senhores das erra, como veremos em foto a seguir.

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  7. Antes de mais um obrigado sincero aos dois !
    estou sem palavras...não só pelas fotografias, mas pelo pormenor com que as descrevem, simplesmente admirável !!!
    A descrição da serra e daquilo que transmitem faz pensar se é lenda ou é um relato real. É possivel imaginar os sons, os movimentos.

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  8. Obrigado, Sr. Tavares, pelo elogio, mas creio que não merecemos tanto.
    Esta serra tem realmente uma grande magia, só é pena, que até aos dias de hoje ainda nenhuma entidade a tenha olhado como tal, apesar do seu castro, que é bastante grande, de vestígios de muralha, de um cemitério com urnas de pedra, descoberto e violado há algumas dezenas de anos atrás e abandonado até hoje, uma capela de que, já nem uma pedra resta mas que os mais antigos têm uma vaga ideia onde estava.
    Mas por agora vamos continuar na senda dos mistérios.

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