…E foi assim, que em tempos já há muito idos, o velho ancião ladeado de seus homens de confiança, o General de boina e sem nariz, (à sua esquerda) o D. Beiçudo, Sr. Abade, (também à sua esquerda) e o seu Ministro das Finanças, a quem nesta altura, não confia o baú do tesouro, que segura muito bem no seu regaço, mandou chamar o velho moleiro, (parte superior direito), para lhe comunicar que iriam partir, não por causa dos archotes em chifres de bois, mas porque este era o seu destino. Deixavam ficar a princesa encantada, mas muito bem guardada pelos seus monstros sagrados para que, nada, nem ninguém, venha um dia, tentar desvendar os seus mistérios...
Este humilde homem, não hesitou, e prestou homenagem a tanta nobreza dum povo que ali tinha vivido durante, não se sabe se, séculos ou milénios...
Este humilde homem, não hesitou, e prestou homenagem a tanta nobreza dum povo que ali tinha vivido durante, não se sabe se, séculos ou milénios...
Este humilde homem a partir daquele dia visitou amiudadas vezes este lugar, sempre recordando aquele dia em que “os mouros” desapareceram no meio de suspiros e dolorosos ais…mas um dia adoeceu, com febres altas, e deixou de ir ao local para satisfazer a sua curiosidade sobre o que se passou ali…cada dia estava pior…vozes latejavam na sua cabeça, nem a dormir tinha descanso, as vozes pareciam segui-lo, continuava a ouvir aquelas palavras ditas há tantos anos atrás: “…existe um tesouro enterrado numa área de terreno, que irá ser encontrado por aqueles que procuraram ou pretenderem procurar um tesouro encantado".
ResponderEliminarEste pobre moleiro, que vivia numa das casinhas de forninhos, pensou nas palavras sábias daquele velhinho, senhor da serra, e como dizia:
ResponderEliminarRelha –(ponta de arado) tavez o tesouro estivesse nas terras aráveis.
Menina guedelha – onde as crianças podem brincar.
Unha de ovelha – também onde os pastores podem apassentar o seu gado.
E assim intruiu os seus decendentes, e estes os seus, estes também outros, isto de geração em geração aquelas terras foram cultivadas, sempre na esperança de encontrarem a grade e o cambão.
Tavez, o que este velho sábio queria dizer ao humilde moleiro, fosse que, o maior tesouro,
Que poderia encontrar, era o pão que aquelas terras davam.
A fantasia é só um sonho.
ResponderEliminarPela qual me deixei levar.
Quanto mais empenho ponho.
Mais me apetece continuar.
Podem-me chamar de louco.
Eu não me importo nem um pouco.
Daquilo que possam pensar.
Mas, para mim a fantasia.
Nesta serra está presente não se cria.
Sente-a quem por lá passar.
Pobres que eram, aproveitavam todos os sítios onde o centeio se pudesse desenvolver, juntos partilhavam tarefas, alegrias e tristezas, fazendo-o com desinteresse. Criaram raízes naquele lugar, mesmo com todos os espinhos que se podem esperar na lavoura e pastorícia.
ResponderEliminarEm noites sem lua, percorriam os caminhos em completa escuridão. No entanto, as pessoas tinham uma espécie de instinto que lhes permitiam pôr sempre o pé no sítio certo e seguir os percursos indicados. Neste regresso, os mais velhos, especialmente as mães, para distrair as crianças, falavam-lhes de uma gente brava que habitou este lugar, do tesouro e da moura encantada e o regresso a casa tinha um certo mistério...
Temos tantas tradições
Tão bonitas, a meu ver,
Que me dão muitas razões
E força para as defender.
Épocas e gerações desapareceram, muitos anos passaram e múltiplas transformações ocorreram, mas a história da linda moura encantada e o tesouro enterrado que a sua mãe lhe contava, no regresso àquela casinha de pedra, continuava na sua cabeça...
ResponderEliminarCerta madrugada, ainda com estrelas no céu, subiu a serra, ouviu um ruído semelhante ao ranger de um pesado portão, olhou para o sítio donde viera o ruído, mas nada viu, e retomou a caminhada, serra acima.
Ao chegar junto do penedinho do ouro, começou a esquadrinhar um carreiro a todo o cumprimento na esperança de encontrar aquele tesouro. Já com o sol alto, desalentado por nada encontrar, voltou para a aldeia, serra abaixo. Um pouco mais abaixo, olhou para trás, para estes calhaus, que mesmo sem grandes cuidados, continuam a ser os guardiões deste lugar encantado. Sorriu…e mais reconfortado, retomou a caminhada.
Porque seria que este povo partiu, e deixou por cá a sua princesa?
ResponderEliminarConsta-se que esta gente era pacífica, vivia do cultivo das terras férteis dos baixos da serra, onde a água era abundante, e onde, ainda hoje se podem ver alguns vestígios como: Lagarinhos.
Mas certo dia, foram invadidos por uns bárbaros que apareceram de surpresa. Travou-se violenta luta, que os habitantes levaram de vencida, pondo os invasores em debandada, perseguindo-os, para que ficassem bem longe. Entre os perseguidores ia um valente soldado, o muito amado da princesa, que, como todos os seu companheiros, nunca mais voltou, e a linda princesa, nunca mais teve alegria.
E assim, como a sua princesa nunca mais sorriu, os seus soldados não mais voltaram, as muralhas do seu castelo ficaram destruídas, este povo resolveu ir embora.
Mas como a princesa se recusou a partir sem o seu amado, o velho ancião ordenou á fada que a encantasse num ser pouco atraente, e ficasse num local em que tudo possa ver, e pouco vista por quem passa.
Assim, a boa fada transformou a sua linda princesa em serpente, outrora símbolo de sabedoria, e seus monstros sagrados em vigilantes eternos até que o seu amado regresse um dia.
Ainda não descobrimos as suas aias que também por lá devem estar, será uma delas a tartaruga? Temos de ver melhor.
Mistério…
ResponderEliminarTalvez a moura tenha mesmo por companhia as suas aias, entre elas, a sua preferida e confidente, tímida tartaruga, a quem chora a sua dor, por o seu amado lhe ter prometido arranjar maneira de um dia se encontrarem e não mais ter voltado.
Talvez o velho ancião, seu pai, também lhe tenha deixado como companhia um irmão encantado, o leão, com pêlos no peito, que mais que olhar o horizonte protege a sua irmã e ainda hoje continua com saudosismo à espera que a sua família e amigos regressem.
Talvez nas muralhas do isolado castelo viva um velhinho sereno de barbas que guarda todos os segredos da Serra e que todos os anos, aquando do Solstício do Verão, se veste a rigor e recebe os monstros sagrados, com música, perfume, luzes, até o Sol desaparecer. Se calhar para além da noite de S. João a moura encantada também apareça nesta noite para mostrar toda a sua beleza.
Temos, pois, de ver melhor o que restou/sobrou neste Castelo...