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terça-feira, 24 de setembro de 2019

As confrarias


No Forninhos de hoje, existe uma irmandade: a de Santa Marinha. Mas no passado existiram confrarias, associações responsáveis pela manutenção e renovação de equipamentos religiosos, assistência aos desvalidos e reforço das práticas religiosas. Este facto é hoje conhecido graças ao registo de óbito de António Fernandes, que refere foi sepultado "dentro da Igreja de fronte da porta travessa debaixo do caixam da confraria do Senhor" (ANTT, Paróquia de Forninhos, Mistos, lv. 1, cx 6, fl. 127). 
É crível que a confraria do Senhor estivesse vinculada ao altar de Jesus. 
Mas tendo em consideração a existência do altar da Senhora do Rosário, desde finais do século XVII e até à primeira metade do século XX (vide bens da igreja de  forninhosé verosímil, à semelhança do que se verificava noutras paróquias da diocese de Viseu, que existisse uma confraria de N. S. do Rosário. 
No século XIX e início do século XX, quem entrasse na Igreja de Forninhos via várias imagens nos altares que hoje já não se podem observar in su situ.
Em 1911, o altar-mor, dedicado à padroeira, era composto pela imagem de S. Marinha, ladeada por S. António e S. Sebastião. Os altares colaterais eram consagrados a N. S. das Dores, ladeada pelo Menino Jesus e S. Pedro, e a N. S. do Rosário, ladeada por S. Paulo e N. S. do Rosário.
Voltando às confrarias...
De assinalar igualmente a existência das confrarias do Santíssimo Sacramento e Senhora dos Verdes. Em 1841, Anastácia de Andrade e em sede de testamento, deixou "à confraria do Santíssimo sacramento hum meio de pao de milho e outro à Senhora dos Verdes e cada huma das outras confrarias huma quarta" (ADG, Notarial de Aguiar da Beira, lv. 51, fls. 29-29v).
No decurso da Época Contemporânea, este tipo de associações confraternais foram extintas, sendo então criada a 1 de Outubro de 1926, a irmandade de S. Marinha, com estatutos.
Fica assim para a história, a existência em Forninhos de Confrarias.



Nota: Estas informações foram-me dadas pelo professor/historiador João Nunes, a quem mais uma vez agradeço do fundo do coração a partilha dos seus conhecimentos sobre uma terra de onde também brotaram as suas raízes e que não esquece.

16 comentários:

  1. Da Confraria às Irmandades, assim me apetece começar o meu comentário.
    Tipo os ricos e os pobres por diferirem os estatutos aos pergaminhos da mesma fé, diziam. Os da Confaria era como que um clube privado, uma associação de gentes unidas nos seus interesses profissionais ao tempo o proveito das lavouras e vendas de gado. A Irmandade, mais pobre e rica na sua fé, a esta se rendiam e davam graças por os outros lhes permitirem sabe Deus a que preço, comerem qualquer coisa à deita...Era assim nesse tempo da sociedade, enquanto uns engordavam na riqueza, outros encolhiam na pobreza.
    Mas acima de tudo os santos nos altares, uns perdidos , outros roubados mas que ficavam na memória e os mais pobres sentiam ser maldição os seus desaparecimentos, se um estava partido, ia para ser composto e na volta não era igual...
    Poucos já vão restando no memorizar os tempos, nossos, sem perder o orgulho deafrontar pois despertar consciências tem por base nao regredir no tempo, neste de memórias infindas de uma terra em que um neto aclamado da mesma, dá mais força para continuar.
    Bem-haja, João!
    Até aos dias de hoje.

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    1. Se não havia moeda, só podiam contribuir com produtos da agricultura!
      E santos poucos vão restando, é facto, na Igreja Matriz, num dos altares laterais apenas vemos o Menino Jesus de corpo desnudo e com cabelo pintado. Sem vestimenta (para bom entendedor...)
      Mas alguns leitores devem pensar:
      - Esse Menino Jesus é o primitivo?
      É uma pergunta legítima, mas a resposta creio nunca poderá ser dada.
      Quanto às confrarias estiveram activas até meados do século XIX e, a mim, sempre me faz espécie o ano da fundação da Irmandade -1926!! Acreditei sempre que podia ter existido uma outra sem estatutos, sem existência legal. Graças ao João aqui temos hoje a prova.
      A nossa história tem andado mesmo muito mal contada!
      Este ano foram eleitos - por 2 anos - os novos membros da Irmandade de Santa Marinha e deseja-se um trabalho profícuo. Aos que cessaram funções, o Bem-Haja.

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    2. Pego nas tuas palavras: "a nossa história tem andado mesmo muito contada".
      Plenamente de acordo, ao longo dos tempos têm adulterado a nossa história com estórias (gramaticalmente tão diferentes no sentido do conteúdo), sem nexo algum e infelizmente há gentes que não conseguem ultrapassar a mediocridade existencial com que estão formatadas...não dão para mais, mas e aqui reside um dos pontos fulcrais, se não sei viver aos modos do presente e permaneço no passado com gentes dos nossos modos de ver, vamos ao encontro desses que connosco estarão e por tal nessas atitudes afastam ideais da nova geração e têm igrejas cada vez mais vazias por interesses de meramente "botarem" figura e mostrarem "obra", como que os redentores da Fé.
      Frustados que pensam estar num país terceiro-mundista, põem e dispôem a bel-prazer.
      Sabem lá eles o que tem acontecido ao longo de muitos anos aos roubos do nosso património religioso (havera quem saiba), uns foram para restauros nunca regressaram, outros de cores diferentes e agora o Menino que foi para vestir. Tinha frio, tadinho, mas que por debaixo das vestes, venha "Ele"!
      Cá O esperamos para O adorar!

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  2. Fazem parte da história e vida de um povo!
    Bj e gosto de saber!

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  3. Louvo os membros da Irmandade de Santa Marinha, aos actuais e todos os anteriores. Em todas as alturas que prestam serviço, por vezes, uma dificuldade em arranjar voluntários para levarem todos os artefactos inerentes, porque será? Missas, quem está presente? Jovens, quantos? E mesmo adultos, casados e pais? A Igreja de Forninhos está a seguir o melhor caminho para cativar os cristãos?
    Por mim vou manifestar-me, uns meses atrás houve um peditório na aldeia pelos membros administrativos da Igreja e como foi normal bateram á minha porta o que contribui com o que podia na altura mas deixei explicito que á posterior voltaria a colaborar com mais alguma coisa. Estive na Igreja duas vezes, gostei dos restauros quer do chão (soalho em madeira) quer da cobertura. Agora fala-se de vestir o menino jesus e da colocação de janelas em alumínio na Igreja. Que raio, Nossa Senhora, Mãe de Jesus, pariu Seu filho vestido? Também decidiram colocar portas em alumínio? Que ideias modernas têm estas pessoas? Querem estragar o que os nossos "avós" fizeram com tanto custo?
    A ser verdade e a concretizar-se, eu, Henrique Lopes, não mais contribuirei, seja com o que for, e mesmo pegar numa lanterna, cruz ou seja qualquer outra coisa, e mais, deixarei de ser Irmão. No meu entender, estão a chegar ao extremo do razoável. E o Sr. Padre?
    Espero que nada disto seja verdade, caso contrário é urgente fundar um confraria de defesa da nossa Igreja.
    Capela de Nossa Senhora dos Verdes e Igreja Matriz, que futuro com estas mentalidades?
    Não sei se será ideias de mulherio mas em Forninhos é o que reina, os homens são paus mandados, pura verdade.
    Obrigado Paula, obrigado João Nunes.
    Henrique Lopes.

































    onas que vestem o menino Jesus.
    Espero que nada disto seja verdade, caso contrário é urgente fundar um confraria de defesa da nossa Igreja.
    Capela de Nossa Senhora dos Verdes e Igreja matriz, que futuro?
    Dá vontade de mais nada colaborar. Em Forninhos reina o mulherio e homens, paus mandados, isto sem nada de machismo, pura verdade.
    Obrigado Paula, obrigado

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    1. Vai-te habituando à ideia Henrique!
      Mas a Irmandade não tem culpa, a ideia do vestidinho e janelas de alumínio são daqueles que mudaram o soalho, sem ter dinheiro para tal....
      Acho, obviamente, que algo deve ser feito para melhorar as condições de quem vai à Igreja. Mas quanto a futuras janelas, novo soalho, candeeiros, se queres saber é me igual...
      O que tenho visto em Forninhos são atentados ao património (e bom gosto) e eu não dou para esse peditório!
      Tu que és uma pessoa interessada nas coisas do património sabes bem (e outros também) que após tantos restauros, a nossa singela igreja não tem valor histórico, arquitectónico, etc., mas esse argumento cai por terra se falarmos do valor sentimental e estimativo que o edifício terá para nós, certo?
      Na minha opinião, que não deixa de ser a minha opinião, a nossa igreja com as recentes obras ficou bonita, mas mais pobre.
      Veja-se também o que foram as obras de 2009 (do tempo do ex-padre Paulo) que até abriram mais uma porta.
      Será que o facto da WC ser usada uma dúzia de vezes no ano justificava mais uma porta?
      Ainda na minha opinião, acho que vestirem o Menino Jesus é apenas uma falta de respeito pela gente antiga e principalmente por quem em 2013 contribuiu para o seu restauro.
      Estão a fazer asneiras baseadas na opinião de meia dúzia e por isso mesmo, repito, eu não dei/dou para esse peditório!
      Andam a brincar com coisas sérias!

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  4. Inteiramente de acordo com o teu parecer, eu se soubesse que iriam fazer uma coisa destas, zero daria, mas aminha boa fé com a colaboração com o quer que seja sobre Forninhos, inteira disponibilização. Magoa-me sim, algumas pessoas que não comungam esta decisão mas retraem-se para o vizinho não ficar amuado. Vou fazer o que disse no comentário anterior, sei que sou menos uma ovelha do rebanho mas amanhã outros poderão tomar a mesma decisão. No meu entender estão a chagar aos extremos do que pertence a todo o povo. Amanhã serei diferente em Forninhos, zero de colaboração.

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    1. Henrique, em 1841, Anastácia de Andrade em sede de testamento, já deixou "à confraria do Santíssimo sacramento hum meio de pao de milho e outro à Senhora dos Verdes e cada huma das outras confrarias huma quarta".
      Não havia moeda, havia produtos da agricultura!
      Agora há muito dinheiro e quando há dinheiro...para azar o genuíno não interessa a ninguém...se houver uma ou duas pessoas sérias ainda vá que não vá...só que a maior parte das vezes, bem sabemos, que o principal interesse dos envolvidos é gastarem o dinheiro do povo "sem rei nem roque". Há anos que digo: "Oxalá em Forninhos isso não volte a acontecer" e está sempre a acontecer porque ninguém liga patavina ao nosso património, seja religioso, cultural...
      Compreendo a tua revolta. Lembro-me bem (não foi assim há tantos anos) que para irem a Viseu representar a nossa paróquia não tinham ninguém para pegar no guião e lá foste tu...
      Deves recordar-te do que eu e o Xico te dissemos, mas lá está...na tua boa fé, inteira disponibilização...foste e agora se calhar "se arrependimento matasse".
      Se te serve de consolo, a mim também já me enganaram 2 vezes, mas garanto-te Henrique que há 2, mas não haverá 3!
      Bom fim de semana.

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  5. Olha Paula, a arte sacra sempre me deslumbrou quer na talha quer nas imagens e também na arquitectura granítica. Sempre que viajo por Portugal, não há igreja ou monumento religioso que nas vasculhe. Jesus, quer em menino quer na sua morte na cruz, sempre aparece semi nu, só com tanga, nunca vi em monumento algum o menino vestido e na minha terra tudo se inventa mas pela negativa. Estou revoltado, mexe bastante comigo porque estragam o que os nossos antepassados fizeram e com muito custo. Meu pai e meus avós trabalharam muito na igreja e, sabe-se lá, se calhar a custo só de comida. Estas pessoas não veem que o autor da imagem se quisesse o menino vestido assim deixaria os contornos das vestes como nas outras imagens da nossa igreja. Em 2013 ambos fomos mordomos das festas e como te lembras alguém resolveu mandar restaurar a maior parte das imagens quer ligadas à igreja quer à Srª dos Verdes com comparticipação das gentes do povo e O qual estava incluído o menino Jesus, seis anos passados fazem uma coisa destas desrespeitaram quem pagou o seu restauro. Dá vontade de dizer, olha agora ponham-lhe umas sandálias, um fio ao pescoço ou um anel nos dedos e, já agora vistam também Jesus no cruxifico. Comentários no Face, está muito bonito, Já pode sair à rua. Meu Deus, qualquer dia vai jantar a casas destas vedetas. Bom fim de semana para vocês.

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    1. Então querem com isso dizer que antes era feio!!!
      O menino sempre saíu à rua, só este ano é que não foi na procissão da Senhora dos Verdes, por isso não entendo esse "Já pode sair à rua". Até ouvi dizer que o levaram para Viseu, andou por lá esta semana...para a cidade foi nu e feio, quando voltou para a sua casa na aldeia já veio lindo porque veio vestido???
      Santa ignorância!
      Fazem lembrar a história do ancinho que, no fundo é uma espécie de alerta ou aviso, para que as pessoas que um dia saíssem da aldeia nunca deixassem de ser o que eram e que não renegassem as suas origens.
      Aplica-se tão bem à situação...
      Acho que o próximo a ser vestido não vai ser Jesus no Cruxifico, vai ser o Mártir S. Sebastião (este ano também não foi na procissão) vão comprar-lhe um fato militar, por este ser o padroeiro dos soldados, assim já pode voltar a sair à rua, sei lá...
      O que sei é que este tipo de imagens, apresentam sempre grande rigor anatómico, foram feitas para ficarem despidas. No Menino Jesus aquele pedaço de tecido branco à volta da cintura é por mero respeito, só!
      Também o que sei é que são quatro as imagens que restam do antigamente: Menino Jesus, São Sebastião, Santa Marinha e Santo António; podem já não ser as primitivas, podem ter sido trocadas aquando de algum restauro, mas se o foram, vieram réplicas e nenhuma veio vestida de branco!
      Cheguei a ouvir aos "gestores" da Igreja que nem dinheiro tinham para pagar o ordenado do padre, porque os jovens não pagavam a côngrua, afinal quando é para estragar já há dinheiro.
      Haja um mínimo de respeito pela nossa história, pelos nossos antepassados.
      Bom fds também para vós.

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    2. Entretanto soube algo mais tenebroso sobre...
      O Menino Jesus e o Mártir S. Sebastião já não sairam na procissão de N.S. dos Verdes (em Agosto último) porque - no dizer do padre Jorge - estavam impróprios!
      A maldade está nos olhos de quem vê.
      Portanto comentários do género "já pode sair à rua" são de quem já conheciam esta realidade. Interpretamos mal, Henrique.
      Eu achei estranho a ausência dos 2 andores, mas nunca me passou pela cabeça que o motivo fosse este.
      Tem de sair rapidamente da nossa paróquia este padre maldoso.

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  6. Sacrilégio, religioso claro, foi o que passei em algumas páginas do face. O privado a mim pouco me importa, podem pintar a casa deles de preto, amarela seja o que for mas, o que é de todos e ainda por cima religioso, mexe e mexe muito comigo. Num dos teus comentários anteriores mencionaste a minha participação em levar o estandarte religioso da nossa paróquia representando a nossa freguesia na Sé de Viseu, fui de boa vontade, apesar de ter muito que fazer na quinta e ter só 3 dias, e fui porquê? Na altura foi-me dito por uma voluntária da Igreja que iriam pagar a uma pessoa supostamente de fora para levar o dito estandarte. Tristeza foi o que senti, mas hoje compreendo o porquê dos jovens, e não só, se marimbarem, alguém está a correr com eles, serão os mesmos? Reparei que já há um novo post, continuarei a comentar nele, inté.

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    1. Henrique se nem a côngrua querem pagar, achas que iam para Viseu?
      Quem não tem bois não promete carradas, sempre ouvi dizer.
      E iam pagar a uma pessoas de fora?
      Duvido!
      Eu desgasto-me em posts quilométricos sobre a nossa história, não ligam patavina e agora ia dar-lhes dinheiro!
      Quando em 2017 a nossa Matriz ia fazer 220 anos o Xico pediu aos dirigentes, incluindo o pároco, que celebrassem esta data. Ignoraram o pedido e agora vêm "pedir batatinhas" para apagar a história?
      Só o dinheiro é que conta?
      A herança cultura não conta para nada?
      Pois se arte sacra católica sequer lhes desperta interesse!
      Estou cansada da mentalidade dessa gentinha.
      Uma igreja reformada é a coisa mais monótona que há!!!

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  7. Boa tarde Paula,
    Uma riqueza inestimável do vosso passado histórico e religioso.
    Nas minhas origens as confrarias não existiam.
    Um beijinho.
    Ailime

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    1. Acho que a história da minha aldeia só é rica para os de fora, para as suas gentes deve ser muito pobre, já que não se importam com o passado histórico e religioso.
      Se em tempos os fiéis se associaram em confrarias é porque em comum mais facilmente custeavam as despesas necessárias. Tinham os pés assentes na terra.
      Agora "meia dúzia" querem dar o passo maior que a perna, querem fazer aquilo que está acima das suas possibilidades e os fiéis é que têm de pagar a fatura!
      Bjs.

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