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quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Alambique - Aguardente

Depois dos cachos apanhados e pisados e feito o mosto, que serve para encher os pipos, hoje para as vasilhas de inox, fica o canganho que vai servir para fazer a aguardente bagaceira. Na nossa aldeia é tarefa que uma ou outra pessoa ainda vai fazendo nos alambiques artesanais. Já aqui mostrei algumas imagens e por isso dispenso-me de as repetir, vou apenas publicar uma dum alambique mais moderno que havia em Forninhos e que fazia a aguardente muito mais rápido. Apareceu ali por 1969/1970, era o alambique do Sr. Amaral (posteriormente pertenceu ao Sr. Antoninho Bernardo).


Mas antes de mais, quero lembrar que quase todas as pessoas de Forninhos trabalhavam no campo e de sol a sol, a agricultura era de sobrevivência, cada qual cultivava para si, mas havia duas ou três 'casas' de famílias ricas que davam trabalho todo o ano e tinham rendeiros. Para além disso também tinham lagares de azeite que, em dois meses por ano, ocupavam cinco ou seis pessoas. O mais antigo era o do Sr. José Baptista, no ribeiro da Eira, digamos. Depois, o do Sr. Luísinho que funcionava na Ribeira. Alambique, havia um só: o do Sr. Amaral.
Naqueles tempos da minha infância, Forninhos devia ter uns 400 habitantes e ainda vinha ali gente das redondezas fazer aguardente e eu bem me lembro vê-lo a funcionar e do cheiro.
Hoje desse alambique já só restam as paredes e a maioria das pessoas faz a sua aguardente nas Cooperativas da zona: Sezures e Rãs.
Tudo acaba e tudo é vendido a particulares. Sejam lagares de azeite, moínhos, fornos, alambique...

Por fim, aconselho uma visita sua a este post «a nossa aguardente». 

41 comentários:

  1. A minha mãe fazia aguardente pois o meu pai punha no café e eu adorava provar. Por aqui ainda se faz na maioria das casas! Bj

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    1. Em Forninhos há famílias que também fazem aguardente para consumo próprio, mas a maioria delas leva o canganho para as Cooperativas da zona e bem vistas as coisas Forninhos é que perdeu/perde!
      Bjos**

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  2. Que legal de ler e que peba que tudo acabe e passe às outras mãos! bj, chica

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    1. É verdade, pena que tudo das 'casas' das consideradas famílias ricas de Forninhos seja vendido a terceiros. O alambique de que falamos manteve-se por uns anos na família: passou do Sr. Amaral para o seu compadre Antoninho Bernardo, mas passados uns anos o que se vê é que quase nada (ou mesmo nada) fica na posse da família primitiva, pelo que não existem quaisquer laços afectivos por parte dos novos proprietários e assim tudo acaba.
      Beijinhos/bom fim de semana.

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  3. Quando meu pai fazia vinho também fazia aguardente. Porém não a fazia ele. Depois de fazer o vinho ele levava o "bagaço" para um alambique que havia na Baixa da Banheira, e era lá que ia depois buscar a aguardente.
    Um abraço

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    1. Penso que é assim que hoje a maioria das pessoas faz, embora não a vão buscar depois, esperam para a trazer.
      Mas nos alambiques modernos, o rendimento é inferior e a aguardente não sai tão saborosa!
      Retribuo o abraço.

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  4. Se bem me lembro...
    Ainda hoje esta antiga " fabrica da aguardente", por tambem assim ser chamada, serve de referencia na aldeia como local de encontros e partidas de caminhadas, continuando aquela quase encruzilhada a ter o nome de Alambique.
    Se bem me lembro...
    Ali foi morrendo aos poucos a magia dos convivios e estorias dos alambiques antigos que no correr lento do liquido milagroso, alimentavam noites inteiras de amena cavaqueira, num serao prolongado e municiado por uma ou outra chourica ou bacalhau bem regado, como convinha.
    Se bem me lembro...
    Neste alambique da foto, o dia era marcado para fazer as colunas de canganho e tal ser pago a dinheiro, sendo que esta modernidade ate dava para regular o grau alcoolico da aguardente. Depois ia ficando acumulado o resto do canganho depois de destilado, ao ar livre, ali mesmo encostado, aumentando o
    cheiro nauseabundo que se sentia na zona envolvente. A "coisa boa", era quando nos garotos iamos pescar para Cabrancinhos ou Cabreira e ali naquele monte de desperdicios nunca faltavam minhocas apesar de fraca qualidade pois pelo cheiro, ate os peixes torciam a cara, mas...
    Do que me lembro...
    Mesmo, ou eu seja ceguinho, era daquele crepitar da fogueira num canto do patio e noite dentro o falar calmo e remansado dos homens falando das vidas deles e dos outros, mas olhando para a alguitarra e para aquele pequeno fio que escorria do cano, fininho na ponta de um quase palito.
    Havia mestria. A primeira vinha mais fraca e havia que separar para depois misturar com a forte e tudo regulado pelo arrefecer com o pano molhado o aparelho e controlar o calor da fogueira.
    E por ali se ia provando e comentando a qualidade.
    "Ta fina, carago, mesmo boa, olha como faz cantarinhas".
    As cantarinhas era uma prova de qualidade aquando num pequeno copo se deitava a prova e com a palma da mao tapando a boca do recipiente, se abanava e este ficava coberto de pequenas bolhas. Perfeita, de estalo!
    E ainda me lembro...
    Dos vizinhos do meu pai, amigos mais chegados, pelas primeiras manhas de inverno logo que a neve ou a geada descoalhava, no bom dia da "salvacao", anunciados pelo bater dos tamancos se ouvia "anda dai matar o bicho...e entre uns figos secos enfarinhados, ia um calice "dela".
    "Boa aguardente, ficou mesmo fina".
    E se bem me lembro hoje aqui, amanha ali, iam provando daquilo que se orgulhavam prazenteiros.
    Vai um bagacinho para esmoer?

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    1. E lembras-te de muita coisa Francisco, até disso das cantarinhas!!
      Do Alambique do Sr. Amaral do que eu me lembro melhor era mesmo dos garotos à cata de minhocas, mas como isso era coisa de rapazes eu até pensava que nesse monte apanhavam agudes para servir de isco ao tralhão!
      Agora é facto, mesmo desactivado e sem o nome Alambique, este imóvel serve de referencia na aldeia como local de encontros e partidas de caminhadas e continua a ter o nome de Alambique!
      - Como é que a água é canalizada para a aldeia?
      - É canalizada do furo ao pé do cruzamento do Alambique para o depósito que está na N. S. dos Verdes e daí para a aldeia!

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    2. Forninhos foi coerente.
      A agua tem saborzinho
      Nao de vinho,
      Mas agua...ardente!

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  5. Alambique/aguardente, água ardente e se arde, até as pernas estremecem, quando ele é fina.
    Em pequeno, lembro-me dos alambiques de cobre de dois corpos em que um levava a água e era aquecida pela fogueira a lenha e o seu vapor, passava pelo outro onde estava o canganho e o vapor deste passava por um tubo que se mantinha arrefecido e na ponta saía o líquido. Recordo isto na casa do Tio José Matela, mas também os havia só de um corpo, ainda há pouco tempo me foi oferecido um, como compra, em Forninhos. Um bom ornamento para uma adega e até para um bar. Um investimento um pouco caro (500€), desinteressei-me.
    Neste alambique moderno vi fazer aguardente de canganho e de vinho queimado e também vi que podia ser aquecido a lenha e casca de pinheiro (corcódea). Hoje, tudo mais moderno e rápido, antigamente, o canganho tinha que estar a "curtir" dento de vasilhas (no meu tempo, em dornas), abafado e cerca de um mês, para fazer uma boa aguardente. Hoje, depois de se espremer o mosto, o canganho vai logo para os alambiques e aguardente, na hora. Mas sai cara, a última que mandei fazer, 15 litros, no alambique paguei 12€, agora somar trabalho, tempo, e transporte, menos de 5€ o litro não sai. Na zona de Lisboa aparece a 3€ o litro, oriunda da zona de Torres Vedras. Para vender, não compensa, eu só gasto a fazer jeropiga e ginja. Talvez faça alguma este ano, vamos ver se há tempo para isso.

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    1. Como eu gostava de recordar desse na casa do meu tio José Matela! Sei que era um alambique alugado e os utilizadores pagavam 8 escudos por cada pote!
      Mas do Sr. José Matela ao Sr. Amaral e Antoninho Bernardo, Forninhos teve muita gente a investir nos alambiques.
      Quanto a esse que te ofereceram, pensa bem Henrique, se calhar é mais caro porque foi feito pelos latoeiros que havia em Forninhos :-)))) que além de usarem a folha-de-flandres, a chapa zincada e o latão ainda usavam o cobre!
      Temos mesmo que nos rir :-))))
      Bom fim de semana.

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    2. Caro Santos Lopes
      Em Lisboa , dentro de 10/15 anos ninguém sabe o que é " bagaço", se percorrermos os novos mercado da Ribeira e C de Ourique ou Algés..
      transformados em tasquinhas ....pois impera Cachaça 91...com menos de 40 graus.
      Uma , ou outra Adega , de Borba , por exemplo , põe no mercado produto " semelhante " mas nada como se faz por essas bandas ...!!!!!
      O mais incrivel é ver gente que tem origens " boas " , a enganar o cliente , quando podiam , mesmo a preços diferentes manter a tradição !!
      Impera a lei da Selva ...que me faz vomitar quando , como madeirense peço nos arraiais á volta de Lisboa uma " poncha " , feita por madeirenses, com cachaça ...é noite estragada !!!!
      Bom fim de semana ...para todos . Vem aí calor , cuidado com o " medronho " !!!!!
      AMG

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    3. Este comentário foi removido pelo autor.

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    4. Amigo António Gouveia, permita-me trata-lo assim neste Blog, que cada vez o seu patamar é mais elevado, fruto dos administradores pelos assuntos aqui expostos e também pela colaboração dos participantes.
      Antes demais, para me identificar, sou irmão do Martinho Lopes, que o sr. já aqui mencionou, portanto natural de Forninhos, residente, mas não a tempo inteiro, mais tempo na Grande Lisboa (Ramada-Odivelas).
      Em relação ao texto que atrás publiquei, são memórias minhas, de Forninhos, até aos sete anos de idade porque a partir daí fui para a zona de Leiria com a família até aos dezasseis anos, depois um ano em Aguiar da Beira, a estudar e restante, Capital. Gosto imenso de Forninhos, terra onde fiz o meu maior investimento, mas actualmente muito desanimado com a vida social, religiosa e até política (da qual me tento desligar) mas não deixo nunca de colaborar, seja com o que for, ou quem for, para que a minha terra melhore.
      Voltando à aguardente, que se faz de vários frutos (medronho, figo, maça, uva e até de vinho que deu a volta, como se diz em Forninhos) mas nenhuma tão boa como do canganho (em Forninhos, também se diz, engaço).
      O que escrevi atrás, como disse, memória infantil, não reparei na dica que a Paula sugeriu para pesquisa e após, tê-lo feito, conclui que andei perto mas não perfeito, portanto sugiro que pesquise também na "a nossa aguardente".
      Qualquer coisa que queira saber mais, extra assunto, terá que ser extra Blog, porque aqui, sou amigo dos meus inimigos. Isenção.
      Um bom fim de semana, também, para si.
      Áh, meu nome é, Henrique Lopes.

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    5. Esqueci-me de dizer, que engaço, é o mesmo que canganho mas desprovido dos bagos de uva, ou seja o esqueleto do cacho sem bagos, isto para quem nunca viu, quer esmagar a uva ou pisa-la.
      Sugiro aqui, aos administradores, comentarmos a seguir, o que se faz com o mosto, que não se aproveita só para o vinho, mas sim jeropiga, vinho abafado e mais.

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    6. Amigo Henrique Lopes :
      Aguardente á parte , não desista de lutar ...PF !!
      Eu não sou de Forninhos ( como já sabe ...) vivo em Lisboa há 25 anos
      mas não desisto de. participar no Diario Noticias do Funchal , onde
      nasci há 50 anos , filho de uma mulher de " esquerda" que um dia
      deu um " safanão" no padre Alberto , na minha paróquia , porque na homilia só falava só (!!!) de politica e do partido do poder " a setinha"...
      Perceberá , assim ,a minha postura , quando durante 17 anos. ( 89/2006) assisti a missas , campanhas e ideologias na " sua linda terra "... Forninhos !!
      Por memória da minha mãe , que ensinou-me a lutar e a fugir do MAL,
      nunca me calarei !! Adoro Forninhos , porque sempre fui ( LÁ) muito bem tratado e este blog , porque vinca uma cultura , um povo , uma honra , que muitos aí nascidos não sabem dignificar !!!!
      Abraço e bom bagaço ( prefiro, confesso um tinto !! )
      Vou ver " a nossa aguardente " ..

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    7. Brilhante a descrição de 24/10/2013 " A nossa aguardente "
      Parabéns á autora . Um documento histórico !!!!!!
      Aproveito a oportunidade.....
      A minha homenagem á senhora mãe do Zé Antonio ( vive em Lisboa
      mas nunca mais o vi ) eram vizinhos dos " grilos " para o lado do ribeiro,
      onde a roupa era lavada á mão !!!??
      Essa senhora permitiu-me que visse pela primeira vez fazer aguardente.Numa tarde , cinzenta e chuvosa , na sua casa , há cerca de vinte anos !!! Perdoei-me mas não me recordo do nome , nem dela nem do marido ( Boa gente !! Recebiam-me sempre bem, com fartura e simpatia ..... )
      Sobre as vidimas é outra históra . Nasci e tenho raizes na terra do vinho
      famoso que os ingleses adoram. Fiz vinho com 12 anos pela 1 vez no Arco de S Jorge , terra do meu avô Lourenço ( o Mandioca )!!!

      Abraço para todos e parabéns aos autores destes testos históricos !!
      AMG

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    8. Bem-haja António Gouveia.
      Custa a acreditar que Deus leve gente tão boa e gente tão nova como o Zé António que faleceu em Abril de 2013. A mãe, tia Agostinha, ainda está viva. É uma das mulheres mais velhas de Forninhos, mas que hoje ainda nos pode falar de todo o seu saber.
      Clique na palavra "aqui" - 4.ª linha do texto e espreite o alambique da família que tão bem o receberam. O 'post' é de Novembro de 2010, mas vale a pena.
      Um abraço de amizade forninhense.

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    9. Obrigado Paula , já vi as fotos ..!! Notavel !!
      Emocionei-me ...não sabia que o Zé António tinha falecido !!
      Era um homem pacato , muito mais alegre e vivo quando encontrava-o em Forninhos....
      Vivia na casa da madrastra da minha ex sogra no Conde Redondo , a ti Lurdes....outra forninhense !!
      A sua morte ( da ti Lurdes ) foi um drama , fui a primeira pessoa ligada á familia a chegar ....morreu de morte súbita !! Um drama . Estva na Rua de Arroios quando a mãe dos meus filhos ligou-me a dar a noticia !!!

      Nessa casa da Gonçalves Crespo graças ao Zé Antonio bebiasse bagaço quase todo o ano....e não só ( !!! ) petiscos., enviados pela ti
      Agostinha !! Deus a conserve ....tratava-me por sr Miguel , achava-lhe imensa graça , ficava ofendida se não bebesse ou comesse á sua mesa !!!

      Obrigado , Paula .
      Boa tarde a todos !!!

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    10. O hábito de beber vinho e aguardente sempre fizeram parte da sociedade portuguesa, quer das zonas rurais quer das urbanas e depois em Forninhos sempre houve o hábito de dar aguardente aos amigos e familiares (principalmente aos que residiam fora). Se há família que faz boa aguardente é a família do Zé António que Deus tem. Ah e bons licores também. Já provei alguns!
      A próxima vez que estiver com a tia Agostinha vou falar-lhe do Sr. Miguel ;-)
      Da ti Lurdes não tenho lembrança.
      Um abraço.

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    11. Para o Henrique:
      Que achas de fazermos o sugerido por ti na altura do São Martinho?
      No dia de São Martinho vai-se à adega e fura-se o pipinho. Também há castanhas assadas, a jeropiga e o requeijão.

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    12. Obrigado Paula

      Fale de mim , á Ti Agostinha , obrigada.!
      Genro do Julio " madeirense" .......
      Dê-lhe um voto de enorme pesar pela morte do Zé António...e á irmã
      que surge na foto !!
      Tenho andado a pensar , o Zé Antonio, deve ter morrido pelos 50 pelas minhas contas ???
      Lembro-me que tinham dois netos/sobrinhos gemeos já homens !!

      A Ti Lurdes. que me lembro nunca foi Forninhos depois de 89.. ??
      Era uma " rebelde" , mas sempre me tratou bem !!
      Da irmã Cecilia (,muito fina ) falo depois " Valagotes " !!

      Abr.
      Obr Paula

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  6. Sempre aprendendo algo novo por aqui, Paula... Fico admirada com os preparos e processos da aguardente, vinho, azeite... O passo a passo me encanta!
    Um Bom Fim de Semana...
    O Meu Abraço......................

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    1. Ainda bem que fala no azeite Anete, pois as pessoas que faziam azeite e aguardente, costumavam assar batatas, cebolas e bacalhau que regavam com o azeite e todos no lagar ou no alambique comiam à volta do borralho, onde contavam histórias de vida.
      Mas isto era num tempo em que as tarefas eram vividas com sentido comunitário e não partidário!
      "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades"... já assim dizia o nosso Camões!
      Um abraço meu.

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  7. Vi fazer aguardente de uvas e de medronhos, quando leccionei em Hombres(Penacova).
    E alambique era antigo e comunitário.

    Adorei o teu texto, pois recordei os bons tempos que passei naquela aldeia isolada, onde aprendi muito.

    Beijinhos.

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    1. Se a Lisa recorda esses tempos é porque valeu a pena viver as situações que recorda.
      Eu deste alambique moderno tenho poucas recordações, dos alambiques antigos e dos serões comunitários que se faziam mais à noite é que me lembro melhor, em especial, das maçãs que assavam no borralho e que sabiam tão bem!

      Beijinhos.

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  8. Nunca tinha ouvido falar em canganho, que pelos vistos é o que servirá para fazer a aguardente... Tudo passa, tudo fica diferente, e quase todos os processos antigos de fazer as coisas são agora proibidas.
    Quero crer que muita aguardente é ainda feita clandestinamente, sei que em Monchique e na Serra do Caldeirão ainda existirão alguns alambiques a funcionar. E daí não virá mal ao mundo. Pena é que tudo desapareça.
    Bom fim de semana, Paula!
    xx

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    1. O canganho são os pedúnculos e ramificações dos cachos, as peles e as grainhas das uvas.
      Hoje porque existe a ASAE, uma polícia que tem destruído e continua a destruir o que sempre foi feito com sabedoria: fazer boa aguardente, por exemplo, muita é feita clandestinamente, mas acho que sempre foi assim Laura, por isso é que as pessoas das aldeias, usavam os alambiques de forma discreta, sempre à noite.
      Bom fim de semana, Laura!
      Bj**

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    2. Obrigada pela explicação, Paula.
      xx

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  9. Oi Paula!
    Eu conheci alguns alambiques, mas aqui é feito da cana-de-açúcar, mas não sei se ainda funcionam, pois já faz um bom tempo. Hoje coisas como alambique, casa de fazer farinha, são raros, por isso admiro o seu trabalho, em contar e mostrar a cultura passada, ou as que resistem ao tempo.
    Beijos!

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    1. Escrever sobre a identidade da minha terra para mim é um prazer e penso que um dia os netos de Forninhos é aqui que vão procurar memórias específicas e concretas acerca das tradições do nosso vinho, aguardente, azeite, pão, etc...
      Sabe Fátima, quando em 2009 criamos um novo blog, sabíamos bem que não era fácil encontrar escritos; só desde Outubro de 2013, é que existe uma monografia sobre a terra dos nossos avós (dizem!), mas sobre o fabrico de aguardente - "o whisky do nosso povo" nada escreveram, mas se calhar até foi melhor assim, pois sobre o nosso vinho e vasilhame só escreveram mentiras!
      Alguns não gostam que neste espaço se mostrem os erros e mentiras...temos pena!
      Beijos!

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  10. Um alambique comunitário.
    Gostei do texto.
    Um abraço e bom fim de semana.

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    1. Obrigada Francisco.
      Este embora de livre acesso, não era bem um alambique comunitário, porque tinha proprietário e os utilizadores tinham de pagar a maquia (paga por fazer aguardente no alambique).
      Abr/bom fds.

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  11. Boa noite Paula, nesta época do ano em que os aromas do outono me falam de saudade, os alambiques disso são prova!
    Também na minha aldeia havia três ou quatro famílias ricas que empregavam pessoas durante todo o ano. Os lagares eram três ou quatro) e o alambique era na adega de uns amigos dos meus avós, sendo a aguardente feita pela noite dentro, pela minha avó - que tinha dedo para "aquilo" - segundo ouvia ao meu avô. Era um processo demorado e lembro-me de ver cair gota a gota esse líquido ardente tão apreciado;))!
    Na minha terra já naquela época era tudo “privado”! Pena que em Forninhos a tradição não se mantenha e tudo esteja a ser vendido.
    Revi o “post” e vi lá o meu comentário com referência também aos aos meus saudosos avós. Peço desculpa de certos temas me levarem até eles.
    Beijinhos e um bom fim-de-semana.
    Ailime

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    1. Boa noite Paula, obrigada por me ter avisado do lapso! Ai esta cabecinha tonta;;))!
      Bjs e uma noite bem descansada. Bom domingo.Ailime

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    2. Obrigada eu Ailime. Tão bom comentário merecia estar neste 'post'!
      Quando no fim do texto digo que tudo acaba e tudo é vendido a particulares é porque tenho pena que a autarquia feche os olhos a algumas oportunidades. O alambique e os lagares de azeite referidos afinal sempre foram privados, agora o que custa acreditar é a autarquia nada fazer para adquirir este tipo de património. Este alambique até se situa dentro da aldeia e até serve de referência na aldeia como local de encontros e partidas de caminhadas organizadas pela autarquia, quando esteve à venda podia ser adquirido pela Freguesia para exposição e loja para venda de aguardente e outros produtos como os vinhos, o mel, o azeite que são algumas das preciosidades que esta terra tem para oferecer a quem nos visita, mas é mais fácil vender o património da freguesia, que é de todos nós forninhenses, do que adquirir outro!
      Bjs e um bom domingo!

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  12. Aluap, aqui no Brasil só conheci o engenho através das obras do romancista José LIns do Rêgo. É muito delicioso ler as obras dele, especialmente gosto de "Menino de Engenho". Esse seu texto muito me remeteu a essa lembrança, e como sempre, me deu aquela vontade, senti aquela perda, aquele vazio - de nunca ter conhecido um engenho.

    Abraços

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    1. Gostei de saber dessa obra inspirada no "clico da cana do açúcar".
      Por muita gente não conhecer as nossas tradições é que as aqui registo, senão qualquer dia apenas resta às futuras gerações ler os livros de escritores que se inspiraram neste tipo de vivências.

      Abraço e bem-haja pela visita comentada.

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  13. Gosto de me inteirar desses desses processos de fabricação mais antigos, o caso da aguardente. Aprecio, uma boa bgaceira (pequena dose). Aqui no Ceará, as antigas fábricas de aguardente (aqui chamada de CACHAÇA), estão se transformando em MUSEUS.instalados em parques ecológicos, que são abertos aos turistas. Os alambiques e grandes barris são conservados. As mais antigas são a COLONIAL - Parque Engenhoca - e a YPIOCA, com o Museu da Cachaça. Hoje, a fabricação de aguardente, são com máquinas modernas. Não tem o mesmo sabor!

    Importantíssimo, divulgar o funcionamento dos antigos alambiques, contextualizados na história de Forninhos ! Quando me reporto ao que temos de semelhante pelo Brasil, é com o intuito de fazer um paralelo histórico, nos usos, feitos e costumes, entre nossos países.
    Meu abraço, Paula e Xico!

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    1. E faz muitíssimo bem Lúcia!
      Eu sempre que vou ao seu blog, também encontro muitos costumes dos nossos antepassado, muitas raízes do nosso Portugal e fico feliz por isso.
      Agora é com tristeza que vejo que em Forninhos tudo acabou rapidamente e que os jovens não têm noção que Forninhos nos anos 70 do séc. XX teve um alambique de aguardente a funcionar em pleno...se ou menos o tivessem transformado o edifício num museu de aguardente!
      Um abraço meu.

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  14. Olá, Chico! Embora eu seja bicho do asfalto, lembro das vindimas e das atividades associadas, nos terrenos da minha avó! Parece-me que foi noutra encarnação, fruto da minha avançada idade.
    Beijinhos

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