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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Frutos de Outono: Míscaros

E porque mais do que nunca é importante a transmissão e divulgação do nosso património colectivo, a preservação e transmissão dos gostos, paladares, tradições de saberes dos nossos antepassados, hoje vamos falar de MÍSCAROS, um cogumelo que se apanha no Outono, durante os meses de Outubro, Novembro e princípios de Dezembro:



Agora é só raspá-los com a ajuda de uma faca, para retirar a terra que está junto ao pé e chapéu, lavá-los muito bem e depois deixá-los escorrer.

Para além da imagem aqui fica também uma receita tradicional local de MÍSCAROS COM TRIGO:

Principais ingredientes deste prato sazonal:
- Cebola,
- Míscaros q.b.(cogumelos amarelos q.b.)
- Azeite q.b.
- Sal q.b.
- 1 Folha de louro
- Pão de trigo q.b.
- Água q.b.

Preparação:
Num tacho, faça um refogado com cebola picada, folha de louro e azeite. Quando o refogado estiver alourado, junte os míscaros (previamente bem lavados), deixando refogar até cozer. Junte uma pitada de sal, mexa muito bem e acrescente um pouco de água se necessário. Após os míscaros estarem bem apurados, junte o pão a gosto. Quando o pão estiver bem embebido juntamente com o guisado dos míscaros, está pronto a servir.

BOM APETITE!

20 comentários:

  1. Olá Paula!!!
    Adoro seu blog, adoro Forninhos...como gostaria de conhecer este lugar!!!!!
    Meu irmão vai pra Lisboa no proximo dia 11, disse a ele para ir a Forninhos, que tenho certeza que vai gostar muito, mas parece que é distante de Lisboa né?
    Ele vai encontrar com uma amiga minha blogueira, a Marilia ela é de Akmeirins (acho que é isso) fica a 70km de Lisboa...
    Gostaria muito que ele conhecesse Forninhos!! Já dei o link do seu blog pra ele, e ele está devorando todas as postagens...
    beijinho
    Tina (SONHAR E REALIZAR)

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  2. Olá Tina, acho que todos gostamos de saber que nos seguem e que têm uma opinião favorável sobre este nosso cantinho. Obrigada pelas sempre simpáticas visitas :))
    Forninhos é uma aldeia que tem muito boas condições para ser uma aldeia turística, mas...
    Na aldeia existem 2 Casas de Turismo Rural (Casa Camélias da Beira e Casa Fonte da Lameira), que são uma mais valia para a aldeia, principalmente, em termos de alojamento, mas para mais informação sobre alojamento, mapa, como chegar, etc. tem o link da JF de Forninhos, onde é possível encontrar essa e outra informação.

    Adiante...
    Como todos sabem, nesta aldeia a transmissão de saberes sempre foi passada oralmente, de geração em geração. Mas com a desertificação humana que se verifica, será que não há o risco de se quebrar esta cadeia entre gerações, tornando até inviável, a recolha deste património, por escassez de fontes?

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  3. Só depois de conhecer Forninhos, é que comheci miscaros, uma vez que na minha terra não existe esse costume de apanhr cogumelos, mas depois de os provar fiquei fâ desse manjar, quando a minha sogra era viva ainda comia alguns mas depois dela ter falecido, isso passou a ser quase uma miragem porque não vou muitas vezes durante a época deles á vossa terra, em outras terras sei que os há mas não têm o mesmo sabor, esses daí têm um sabor unico.

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  4. Sei que os miscaros podem ser confeccionados de várias formas, uma delas já foi mensionada mas já os saboriei com frango, arroz e uma forma muito parecida como a que foi descrito em que se substitui o pão por batatas cortadas ás rodelas, seja de que maneira seja o modo de preparação são sempre um verdadeio petisco.

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  5. É pena que se perca a gastronomia tradicional, por não haver já quem as saiba preparar, embora se continue a colher os miscaros de forma desenfriada, poucos são os que os apanha para consumo próprio, fazem disso um negócio e desse modo vão contribuindo para o seu desaparecimento, porque não se faz uma apanha devida, é apanhado ainda muito pequeno sem tenha atingido a sua maturidade.

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  6. É como dizes João, esta gastronomia tradicional tende a acabar, não só porque cada vez há menos pessoas que possam transmitir os saberes do passado, mas também porque a apanha dos míscaros passou a ser um negócio em expansão. Seria bom, se não pusesse em risco a espécie, mas o que vemos é precisamente o contrário, como não há controlo, o mais certo é esta tradição se perder. Este ano, por exemplo, parece que eles não abundam, pelo menos em Forninhos.

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  7. Oi amiga querida
    Seu blog está linkado no meu, então...tem um selinho pra voce lá...vai buscar, vai!!!
    beijinho
    Tina 9MEU CANTINHO NA ROÇA)

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  8. Há na verdade, várias maneiras de cozinhar os míscaros, nas aldeias era mais comum: guisados com batatas, com pão como a Paula já mencionou e com arroz.
    Já uma vez mos apresentaram num restaurante com perdiz, mas não gostei, e se quiserem o conselho dum maluquinho por esta iguaria, comam-no só com arroz, quando bem cozinhado, é um verdadeiro pitéu, quando se misturam outros ingredientes como, carne, mesmo que esta seja de aves, até mesmo da perdiz, tira-lhe o gosto, fica-se sem saber se se está a saborear o míscaro se a perdiz.
    Quanto á sua comercialização, não sou contra, toda a gente tem direito ao seu consumo, e só comprando o podem fazer, por outro lado é uma maneira de algumas pessoas fazerem algum dinheiro com a sua venda, (têm sido vendidos entre 15 e 25 euros o kg) mas já sou contra a maneira como são colhidos, para se por um pouco de ordem na apanha, bastaria que apenas fossem apanhados com um pau afiado na ponta.
    Já hoje fui a eles, e amanhã vai ser o meu almoço.
    Um abraço de amizade a todos.

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  9. A escassez é que origina a inflação dos preços, que faz com que o quilo seja vendido entre os 15 e os 25 euros.
    O que o nosso concelho devia fazer e não faz, e vou-me repetir até, é aquilo que já se faz um pouco por todo o país, que são os percursos pedestres, passeios micológicos, que servem não só para identificação de cogumelos (devido à existência de espécies venenosas), mas também para divulgar as boas práticas sobre o modo de os recolher, para que as pessoas não destruam um património que a floresta nos dá. Esta é uma hipótese que pode ajudar, mas para resolver definitivamente a apanha desenfreada, só regulamentando a colheita e comercialização.

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  10. Olà a todos
    Os miscaros ainda nascem e crescem na nossa terra mesmo sem ninguem os semear ou tratar deles.Desde miudo que me lembro de andar aos miscaros com um pau afiado na ponta e quando se encontrava um tinha de se encontrar outro porque normalmente eles nascem aos pares.Havia matas que tinham mais que outras e por causa dos fogos nessas matas tambem começou a haver menos.
    Os miscaros podem ser cozinhados mas podem ser tambem conservados em frascos com vinagre,são super bons.

    um abraço para todos

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  11. Ate me salivou a boca, so em pensar no sabor dessa receita, que sem muitas variantes, tambem se comia em casa de meus pais.

    Bem haja e um abraco de amizade.

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  12. Existem dezenas de receitas para confeccionar os míscaros, mais simples ou mais complexas, sendo que as pessoas mais velhas são quem, de uma maneira geral, ainda os confeccionam de forma tradicional. Eu tenho o hábito de os fazer à moda tradicional, simples, com batatas ou com arroz, que são as receitas que mais aprecio.
    As gerações mais novas já gostam de os saborear com risotto, com taglatelli, sobre tostas com salada para entrada, etc., por isso é que digo que hoje mais do que nunca é importante a divulgação, a preservação e transmissão dos gostos, paladares, tradições de saberes dos nossos antepassados, porque um povo que não preserva a sua memória, que em detrimento disso antes apoia cópias, perde identidade própria.

    Espero que todos os anos, nesta época, continue a mostrar fotos de míscaros, será um sinal de continuação. Estes são deste ano, foram enviados por uma amiga de Forninhos, Olívia Nascimento: Bem-Haja!

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  13. Boa tarde a todos!
    Era para ir a Forninhos este fim-de-semana, mas a apanha de azeitona no Alentejo, "desviou-me" para o Sul, com pena minha.
    Apesar de tudo , sem ir aos miscaros, ainda apenhei aluguns espargos selvagem, que para quem conhece, sao um piteu.

    Adoro miscaros e desde miudo, quando o tempo tal permitia, la iamos a eles com o mesmo entusiasmo que quem ia aos tralhoes ou roubar umas cerejas.
    Pau afiado, pois claro, pois iamos aos miscaros e nao arrancar batatas como agora se faz.
    Saco plastico? nao; cestinha cmo so agora querem e bem implantar por lei.
    Porque?
    Simplesmente para a semente cair da cesta e ficar no local e dar continuidade a criaçao.
    Prefiro os miscaros cozinhados como disse o Sr. Eduardo, pois um produto deste nobreza, so pode ter um Rei e esse chama-se miscaro. Eu proprio ja tentei inventar, mas nao e a mesma coisa, as tantas nem carne nem peixe.
    Guisado com batata a companhar, o meu pai dizia que substituia a carne; com trigo uma delicia. Mais nada.
    Mas o que mais adorava e adoro, eram os tortulhos.
    Logo a seguir as vindimas, la ia aos Carregais, Zandroas, etc., ver se ja havia vestigios.
    Chovendo e os ouriços começando a arreganhar, era tiro e queda.
    Ainda eram tortulhos fechados e os olhos do meu falecido pai, brilhavam com a mesmo orgulho do feito que eu tinha conseguido.
    "Temos petisco, filho, ainda melhor que umas flosas ou piscos fritos".
    A preparaçao, nao tinha receita, era ancestral, tanto se fazia em casa como no Castinçal ou Srª dos Verdes:
    Bem lavados, abertos ao meio, torcidos num pano branco como quem torce a roupa para estend
    er. por bastante sal.A grelha bem quente, directamente nas brasas da fogueira. coloca-los directamenente na grelha e eles vao libertando agua.
    Tira da grelha, volta a torcer e poe mais um pouco de sal e se necessario volte a repetir o processo.
    Tire, sacuda o sal, pegue num pedaço de pao centeio ou broa da moda antiga e sirva acompanhado dum jarro de vinho da adega.

    Ate os Deuses se lambem e perdoam todos os pecados.
    Ficam com invejqa...

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  14. Permitam-me ainda um ultimo comentario relativo a este tema.

    No meu tempo da escola primaria, ou antes, falo de recordaçoes, os pinhais eram completamente diferentes, para melhor.
    Havia em Forninhos bastante gado bovino, ovino e caprino, a gricultura era a que agora denominam biologica e gourmet, isto porque a lei da subsistencia, a tecnologia e o poder economico, nao permitiam a compra de determinados produtos como adubos, fertilizantes, raçoes, etc.
    Dado isso todos os pinhais eram limpos com todo o tipo de aproveitamento; faziam-se moreiras de carumae fetos nos pinhais que ficavam a fermentar e substituiam os fertilizantes.
    As "camas" para os animais, vinha dos pinhais e servia de estrume. Por vezes havia rixas, por durante a noite por haver pessoas que iam "roubar" caramua, pinhas, tangos, etc, a outros proprietarios,havia a resina e os resineiros, tudo isto prevençao natural contra os incendios.
    Isto vem ao encontro dos miscaros. Recordo-me de uma mata em Valongo, na qual, tal o adandono ja nao consigo entrar, que outrora havia sido campo de centeio e depois cresceu o pinhal; era tao limpa essa mata e tao abundante de miscaros, que era "o meu tesouro". Via-se a terra gretada e era apenas espetar o pico e la vinham eles inteirinos, peganhentos, que so apetecia cheirar.
    Fui la ainda ha poucos dias, no dia do funeral da minha tia Rosa, e se querem que vos diga, nem senti o cheiro da mata nem dos miscaros.
    Apanhei oito nos Carregais e dois tortulhos, por pura sorte.
    Agora com todo este abandono mal abrem, se conseguirem furar os muscos e apodrecem num instante.
    Foi um desabafo.

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  15. Olá a todos.
    Que bela discrição que XICOALMEIDA nos trás aqui. Uma realidade pura; não só dos míscaros e tortulhos, como a triste, das matas que deixaram de ser limpas.
    Hoje ninguém quer a lenha miúda (tangos e gravetos) e muito menos o mato para fazer o estrume que tão bom era para fertilizar as terras de cultivo.

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  16. Apanhar gravetos, caruma e outros resíduos, pode já estar em desuso, mas felizmente nem todas as boas práticas estão em desuso, pois nos nossos dias ainda se continua a apanhar pinhas, muito úteis para ascender as lareiras nos dias de Inverno. É caso para dizer que "a necessidade aguça o engenho".

    Esta actividade da apanha dos míscaros (que também faz parte das minhas memórias de infância e de adolescência) acabou por tomar as proporções que tomou, a meu ver, devido aos magros rendimentos que as pessoas das aldeias têm e que assim viram na apanha e comercialização dos míscaros uma forma de realizarem algum dinheiro.
    Face às actuais dificuldades sentidas (e 2011 não será um ano fácil), não sei se apanhar lenha miúda/resíduos caiu em desuso definitivamente, pois num futuro próximo pode também ser uma alternativa para as nossas gentes fazerem algum dinheiro. Há regiões em que já é usual venderem esse combustível natural para os fornos e caldeiras das centrais de biomassa florestal. Quem sabe não retornaremos às velhas boas práticas?
    Aliás, se não me engano, a Junta de Freguesia de Forninhos, em Agosto último vendeu os resíduos de pinhal resultantes da limpeza de alguns baldios, realizando assim algum dinheiro. Repito: "a necessidade aguça o engenho".

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  17. Todos os anos nesta altura há nas nossas mesas algum prato com míscaros porque é agora que sabem melhor. Mas como agora podemos congelá-los podemos comê-los durante todo o ano, há quem os limpe e congele e há quem os guarde já salteados com cebola,mas não é a mesma coisa.

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  18. É caso para dizer que se posso comê-los todo o ano? Poder posso, mas não é a mesma coisa!

    Isto não se faz...!É que este ano ainda não deu para os provar ao natura!! E o mais certo é prová-los depois de congelados, que como bem dizes não é a mesma coisa!

    Aproveito para referir que esta tarefa não é assim tão fácil como parece, para ser um bom apanhador de míscaros, é preciso prática, experiência e saber ser paciente. O forninhense que recordo como o melhor apanhador de míscaros é o meu tio Luís, que nestas coisas é a pessoa mais conhecedora e paciente que conheço e que, ainda por cima, fá-lo com prazer.

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  19. hum que receita tao boa!!!
    os miscaros salteados no azeite com batatas cozidas, tambem é bom!!!

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  20. Miscaros, que petisco maravilhoso.
    Já lá vão os anos em que poucas pessoas os comiam; hoje parece um prato indispensável nesta época do ano.
    Como não poderia deixar de ser, tambem eu adoro esses cogumelos, gosto de os apanhar mas tambem de os comer.
    Como já foi dito, adoro fazer míscaros, uma grande cebola, 2/3 dentes de alho, folha de louro, um pouco de pimenta, vinho branco q.b., é só deixar cozer. Acompanha com arroz seco ou uma batata cozida.
    Maravilhoso.

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