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segunda-feira, 3 de junho de 2024

Os nossos primeiros professores

Por estes dias tenho andado a ler os Diários do Governo, onde encontrei os nomes dos primeiros professores colocados em Forninhos. O primeiro foi o Senhor Varela, como era conhecido.
Gosto destas surpresas históricas, sobretudo, quando são de coisas, história ou pessoas de Forninhos.


Segundo o Diário do Governo N.º 252, do Anno de 1878, Quinta-Feira, 07 de Novembro, António Varella de Jesus foi provido, por tres annos, na cadeira de Forninhos, concelho de Aguiar da Beira, Districto da Guarda.


A seguir ao Senhor Varela, cf. despacho de 11 de Julho de 1895, veio o professor de ensino elementar Francisco Varella de Almeida Pimentel (Diário do Governo N.º 153, do Anno de 1895, Sexta-Feira, 12 de Julho).
Por motivo de doença foi-lhe concedida licença por sessenta dias (Diário do Governo N.º 98, Sábado, 2 de Maio, Anno 1896).


Faleceu e a 27 de Outubro desse ano, Maria de Jesus Fernandes, requer o pagamento dos vencimentos que ficarem em dívida a seu fallecido filho, Francisco Varella, na qualidade de professor, que foi, de ensino primário, na freguesia de Forninhos, concelho de Trancoso...


Veio o professor temporário, António de Almeida Albuquerque, que em 1898 foi transferido com os seu actual vencimento, da escola de Forninhos para a do sexo masculino de Sezures, concelho de Penalva do Castelo.


1899, Quinta-Feira, 12 de Janeiro (Diário do Governo N.º 9), a escola masculina de Forninhos é retirada do concurso anunciado no Diário do Governo n.º 286, de 21 de Dezembro de 1898:


1901, Diário do Governo N.º 29, 06 de Fevereiro, Quarta-Feira, é transferido do concelho da Praia da Victoria, para a de Forninhos, concelho de Aguiar da Beira, o professor Rogério de Sacadura.



1902 (Diário do Governo N.º 11, 15 de Janeiro, Quarta Feira) por despacho de 14 de Janeiro foi  concedida licença de trinta dias, ao professor Rogério Augusto de Sacadurapor motivo de doença comprovada.


1905 - foi criada a escola primária para o sexo feminino na freguesia de Forninhos, concelho de Aguiar da Beira, districto da Guarda (Diário do Governo N.º 201, Quinta-Feira, 7 de Setembro):


Pelo Diário do Gverno N.º 257, Anno 1905, Segunda-Feira, 13 de Novembro, é conferida posse à professora Casimira da Costa Cabral, na escola para o sexo feminino da freguesia de Forninhos.


Em 1906 é concedida nova licença de trinta dias ao professor de Forninhos Rogério Augusto de Sacadura (Diário do Governo N.º 103, 09 de Maio, Quarta-Feira).


Por despacho de 28 de Dezembro de 1907, os professores primários João da Costa Lima e Rogério de Sacadura, são autorizados a permutar o seu lugar (Diário do Governo N.º 4, de 5 de Janeiro, Sábado).


Diário do Governo, N.º 10, Ano 1911, Sexta-Feira, 13 de Janeiro, é concedida aposentação extraordinária ao professor João da Costa Lima.



1911, Diário do Governo N.º 18, de 23 de Janeiro, foi criada a escola para o sexo masculino.


10 de Março de 1911, Diário do Governo N.º56, Antonio Barreiros Cardoso, diplomado pela escola de Coimbra, é colocado na escola da freguesia de Forninhos.



1913, é concedida uma licença por trinta dias à professora de Forninhos Casimira da Costa Cabral (Diário do Governo N.º 131, 6 de Junho, Sexta-Feira) por motivo de doença.



Nesta altura, início do século XX o analfabetismo era muito elevado em todo o país, principalmente nas regiões do interior, note-se que em 1911, dos 555 habitantes de Forninhos, só sabiam ler 21 homens e 10 mulheres. 524 eram analfabetos!

16 comentários:

  1. Sempre bom saber dos nossos professores!
    Sempre lembrados em nossas histórias de vida!
    beijos, ótima semana,chica

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    1. São um dos quatro pontos cardeais das nossas vidas!
      Eu lembro com saudade dos meus professores da primária: a professora Lurdes e o professor Rocha. Ensinaram umas três ou quatro gerações...em Forninhos.
      Não me canso de elogiá-los.
      Bjs, tudo de bom...

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  2. Boa noite de Paz, querida amiga Paula!
    Como não lembrar dos primeiros professores?
    Eles nos acompanham a vida toda.
    Você é uma ótima historiadora.
    Tenha um junho abençoado!
    Abraços fraternos

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    1. Obrigada Roselia.
      Não sou historiadora, mas gosto muito da nossa história que quero conhecer para conhecer-nos melhor.
      Com a frase "para compreender o presente é preciso primeiro conhecer o passado" nos apresentamos. Francamente foi este o meu sentir no momento que criei esta página de História, estórias e memórias de Forninhos.
      Abraços

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  3. Em idos tempos a um professora era uma "figura" que se destacava na sociedade...
    Isabel Sá
    Brilhos da Moda

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  4. Muito interessante! Afinal de contas é sempre bom conhecer essas coisas!

    Bjxxx

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    1. Não ser contra a nossa história é meio caminho andado para conhecer-nos melhor!
      Bjs e obrigada pela visita comentada.

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  5. Lecionei 35 anos... ainda recordo alguns dos professores que fizeram a diferença na minha vida e sou bem feliz sempre que encontro um aluno meu e continua a tratar-me por ... "professora"... 👏😘

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    1. Também para mim não há palavras que descrevam a alegria que eu sinto quando vejo a minha professora primária.
      A par dos professores primários, outros fizeram diferença...
      Bj

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  6. Boa tarde Paula,
    Uma pesquisa muito interessante e que foi bem lá atrás no tempo!
    A escola onde meus pais estudaram e nós suas filhas não é tão antiga, mas já não me recordo dos nomes dos professores que meu pai recordava com alguma graça, devido a um desenho que fez e que não se parecia em nada ao que o professor pretendia.
    Ricos tempos em que a Escola era idolatrada e havia um enorme respeito por quem nos ensinava as primeiras letras.
    Parabéns pelo seu magnífico trabalho de pesquisa, que muito acrescenta à cultura de Forninhos.
    Beijinhos e bom fim de semana.
    Emília

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    1. Obrigada Ailime, ainda não temos a prova documental da criação da primeira escola em Forninhos, mas temos agora o registo dos nossos primeiros professores.
      Sabemos que em 1857 Forninhos não tinha escola, mas já existia em 1878, já que o professor António Varella de Jesus foi provido por três anos na cadeira de Forninhos. Na época cadeira era sinónimo de escola de ensino primário.
      Bjs e bom dia de Santo António.

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  7. Anónimo6/12/2024

    Boa Tarde
    Blog de Forninhos

    Impressionantes detalhes e testemunho..
    Aquilo que sempre me impressionou foi a sabedoria dos analfabetos.
    E em Forninhos conheci um Senhor que sem saber ler nem escrever ponha paredes de pé que ainda hoje suponho lá estão...
    Outro sabia onde fazer furo para descobrir água ..na minha terra foi igual.
    Gente sábia sem estudar.
    Por sinal numa das muitas obras de meu pai correu mal .
    Um telhado com pouco inclinação deu muitos problemas...
    Hoje com tanto conhecimento os pisos são
    perigosamente escorregadios.
    Basta um chovisco.

    Este post levou - me á minha querida Noémia A minha professora Primária.
    Deus a tenha em descanso.
    Com ela vivi ( vivemos ) o primeiro abalo sismico..com a maior das naturalidades.
    A Cruz de Cristo .
    As fotos da Salazar e Caetano, mexeram mas não cairam...
    Por volta de 1973 ou 1972.

    Bom Santo António
    Abraço

    António Miguel Gouveia.

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    1. A mim também!
      Especialmente a ciência dos pedreiros e canteiros.
      Não sabiam ler nem fazer contas, mas com o metro e o esquadro eram verdadeiros artistas e mestres-de-obras! E como muitos destes profissionais sem saberem escrever um simples número, de forma rudimentar, nos deixaram gravadas nas pedras exteriores a ERA que hoje nós tanto admiramos!
      Bom Santo António
      Abraço

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  8. Excelente pesquisa que nos remete ao tempo do analfabetismo.
    Havia vontade do saber ler e escrever...mas quem podia tal?
    A esse tempo do texto, o tempo era outro, a rabiça do arado, era mais dura que a caneta de aparo.
    E, para quem podia lá ia, aprender as letras e aprendiam, muitos à custa de reguadas e castigos vários que os pais ainda agradeciam para ver se endireitavam os seus rebentos.
    Por lá passei, e grato fiquei para a vida.
    Autêntica escola de vida, da qual recordo com muita saudade a saudosa Professora da aldeia da Mata.
    Sabedora, meiga e carinhosa.
    A minha saudade

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    1. Tantas vezes falamos aqui do passado e nem pensamos no analfabetismo que era mais de 95%.
      De matemática percebo pouco, mas os 21 homens e 10 mulheres que sabiam ler e escrever em 1911, representavam para aí 0,6% da população, tendo em conta os dados demográficos de 1901 (502 habitantes).
      Que sorte tivemos nós de frequentar uma escola perto das nossas casas, com professores que ainda hoje lembramos com saudade.

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