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quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

O dia do ciclone

No dia 15 de Fevereiro de 1941, Portugal foi assolado por um ciclone que deixou um rasto de destruição por todo o pais. Além de um elevado número de mortos, feridos e desaparecidos. 
Em Forninhos não houve vítimas mortais, mas ali ao lado e nesse dia, no pequeno lugar da Moradia havia um casamento, em que no regresso da boda, dois convidados morreram apanhados pelo ciclone.
O Sr. José Cardoso da Quinta da Ponte, recorda em verso a tragédia da morte desses dois homens da freguesia de Valverde, assim:

Idos da Moradia
Talvez até já sem sede
Morreram na estrada
Já próximo do seu Valverde.

O ciclone os levantou
Como se fosse pergaminho
Deixando-os caídos mortos
Onde hoje está um cruzeirinho.


queda da árvore do terreiro da N.S.dos Verdes, para recordar

O escritor e poeta, deixou-nos mais estes versos inéditos:

Trágica noite de sábado
Fevereiro 15, 1941
Houve um grande ciclone
Nunca assim visto algum.

Depois da noite trágica
Veio Domingo de bonança
Com árvores e pinhais derrotados
E por muitos anos sem esperança.

Parecia que uma enorme foice
Tinha os pinhais ceifado
Pois a força da natureza
Tombou tudo p´ró mesmo lado.

Passaram muitos anos
Mais d' uma geração
Para que se notasse
Parcial recuperação.

in memórias do meu querido torrão natal "Quinta da Ponte".

27 comentários:

  1. Poesias fortes que relatam o fato triste,onde vidas se perderam! beijos, tudo de bom,chica

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    1. É uma memória trágica do Séc. XX, mas ainda bem que alguém registou em verso este dia. Poetando também se regista a história de um povo e suas lembranças.
      Bjo,bom fs.

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    2. Ah! A acrescer ao cruzeirinho esta foi uma bela homenagem às duas vítimas.

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  2. Pelos relatos que ouvi, o ciclone não pediu licença para entrar, deixando as pessoas azoadas.
    Muitas delas, nesse mês frio de Fevereiro, ainda se encontravam à fogueira em volta dos panêlos, de tamancos e chancas nos pés que nem os coturnos de lã aqueciam.
    Valia que os bácoros e marranos já estavam arrecadados na salgadeira a seguir desde a matação e dava para serear na conversa e na chacota.
    Mas a sua fúria soltou-se implacável, palheiras, cardenhas, ovelhas mochas ou cornuda, tudo arrancou, arrastou e matou.
    Ainda escapou uma ou outra vaca que os rabeiros conseguiram segurar. E por muito tempo ele continuou a bufar a sua ânsia de malvadez!
    Iria ser um ano ruim para os agricultores e até para o chicheiro que pouca carne teria para matar e negociar, assim como os resineiros, que olhando para os pinhais, apenas viam clareiras...
    Os mais velhos ainda hoje se benzem ao falar do assunto.
    Foi uma coisa dos diabos...

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    1. Por vezes fico a pensar nos pinhais...é que a história diz que foi com Salazar que, a partir da década de 40 do século passado, milhares e milhares de quilómetros quadrados de solos rurais foram sendo florestados na sua esmagadora maioria com uma única espécie: o pinheiro bravo, o eucalipto da altura!
      Em 1941 nas nossas serras dominava o pinheiro?

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  3. Um casamento que começou em tragédia derivado a este ciclone.
    Um abraço e bom fim-de-semana.

    Andarilhar
    Dedais de Francisco e Idalisa
    O prazer dos livros

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    1. E numa altura que os valores da amizade eram muito fortes nas nossas aldeias, imagino o sofrimento. A dor de um era a dor da comunidade.
      Abr/Bom fs.

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  4. Fato histórico com lembranças tristes. A natureza muitas vezes é atroz...
    Um forte e carinhoso abraço

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    1. É, os fenómenos atmosféricos são uma inevitabilidade, isto é, acontecerão sempre.
      Um forte e carinhoso abraço também p vc.

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  5. Ainda não era nascida, mas estudei os efeitos desse ciclone, porque meu pai me falou disso.
    Triste esse facto da morte dos dois convidados do casamento.
    Um abraço

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    1. Mas eu nada sabia/conhecia até ler o Livro da "Quinta da Ponte", aldeia vizinha de Forninhos.
      Em 1941 os meus pais ainda não eram nascidos!
      É através dos Livros de memória que tenho a oportunidade de conhecer melhor a nossa história.
      As histórias contadas por quem as viveu, para mim, são as mais lindas, não se comparam às arranjadas e compostas pelos "bons escritores".
      Abraço.

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  6. Em Fevereiro de 1941 meu pai tinha 4 anos...
    Minha Mãe não tinha nascido...
    Sei que a minha cidade e a minha Ilha sofreu grandes tragédias
    aluviões e mesmo um ataque de submarinos alemãs na 2 Guerra.
    Desta data , que vocês falam , não me recordo dos meus avós terem falado.

    Abr
    Bom fim de semana
    MG

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    1. Forninhos há memória duma raivosa trovoada a 8 de Setembro de 1938 e do dia do ciclone a 15 de Fevereiro de 1941.
      Felizmente dois Livros locais, falam de ambas as tragédias. O de Penaverde fala da trovoada de 1938 e o da Quinta da Ponte fala do ciclone de 1941.
      Bom fim de semana.
      Abraço.

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  7. Fatos como esse fica na história, foi algo assustador, a força da natureza, um ciclone deve ser mesmo muito violento, quem viu jamais vai esquecer.
    Beijos.

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    1. Por lá já são poucos os que se lembram, mas muitos contam que ouviam os pais e avós contar que foi uma coisa terrível!
      Beijos.

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  8. Boa tarde Paula,
    Não tinha conhecimento desse trágico ciclone!
    Muito triste a perda das vidas de Valverde e que o poeta de forma sublime tão bem canta.
    Acontecimentos que ficam para sempre na memória e que, neste caso, a poesia por si divulgada perpetua.
    Beijinhos e bom fim de semana.
    Ailime

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    1. Junto um site para seu melhor conhecimento:

      http://www.cm-lisboa.pt/municipio/historia/historial-das-catastrofes-de-lisboa/1941-ciclone

      Embora haja mais sites, para nós teria sido uma grande perda se o Livro do Sr. José Cardoso não existisse.
      Sabe Ailime, não é nada fácil encontrar escritos sobre a memória local, se calhar porque quem escreve não encontra interesse por estas coisas na maioria dos habitantes, deve ser isso, sei lá...
      Beijinhos e bom fs tbm p si.

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  9. Memórias que nunca se esquecem!!!
    Bj

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    1. É caso para dizer que nem tudo o vento levou! O vento nunca levará a história...as estórias e...as memórias.
      Bj, bom fs.

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  10. Fatos históricos ,com fatos tristes ,mas que a beleza
    das imagens deixa um post fabuloso,fica pra sempre nas
    lembranças de quem pode ver de perto
    Bjuss minha linda e bom final de semana
    Rita

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    1. Obrigada!
      Mas a foto não é de 1941 é do inverno de 2009!
      Foi tirada no dia que a grande árvore caiu naturalmente, porque foi apanhada pela doença e quando havia muito vento ficava em risco de cair.
      Plantou-se outra no mesmo lugar.
      Publiquei a foto somente para recordar.
      Bj, bom fim de semana.

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  11. A tremenda coincidência das datas...
    20 Fevereiro de 2010 , faz hoje oito anos, a maior tragédia
    do " meu tempo" na minha Ilha .
    O Funchal ficou num caos em pouco mais de duas horas...
    Dezenas de mortes. Gente que nunca foi encontrada.
    Um eterno Luto.
    A Natureza a quem encurtaram o seu caminho mostrou a sua gigante revolta. As marcas que ficam para sempre !!

    Abr
    MG

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  12. Um post relíquia!
    Histórias de antanho!

    Beijinhos.

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    1. Contadas por um homem de antanho, Sr. José Cardoso. Recomendo a sua obra.
      Beijinhos.

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  13. Boa tarde, passaram 77 anos do violento ciclone que causou muitas vitimas, sinceramente, desconhecia que tinha passado um ciclone tão forte em Portugal, fiquei a saber, foi bom passar por aqui.
    Continuação de boa semana e parabéns a todas as mulheres do mundo,
    AG

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    1. Obrigada AG.
      Só os mais velhos ainda se recordam da data e sobretudo dos sobressaltos que a intempérie provocou, já para não falar dos estragos.

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