No dia 15 de Fevereiro de 1941, Portugal foi assolado por um ciclone que deixou um rasto de destruição por todo o pais. Além de um elevado número de mortos, feridos e desaparecidos.
Em Forninhos não houve vítimas mortais, mas ali ao lado e nesse dia, no pequeno lugar da Moradia havia um casamento, em que no regresso da boda, dois convidados morreram apanhados pelo ciclone.
O Sr. José Cardoso da Quinta da Ponte, recorda em verso a tragédia da morte desses dois homens da freguesia de Valverde, assim:
Idos da Moradia
Talvez até já sem sede
Morreram na estrada
Já próximo do seu Valverde.
O ciclone os levantou
Como se fosse pergaminho
Deixando-os caídos mortos
Onde hoje está um cruzeirinho.
queda da árvore do terreiro da N.S.dos Verdes, para recordar |
O escritor e poeta, deixou-nos mais estes versos inéditos:
Trágica noite de sábado
Fevereiro 15, 1941
Houve um grande ciclone
Nunca assim visto algum.
Depois da noite trágica
Veio Domingo de bonança
Com árvores e pinhais derrotados
E por muitos anos sem esperança.
Parecia que uma enorme foice
Tinha os pinhais ceifado
Pois a força da natureza
Tombou tudo p´ró mesmo lado.
Passaram muitos anos
Mais d' uma geração
Para que se notasse
Parcial recuperação.
in memórias do meu querido torrão natal "Quinta da Ponte".
Poesias fortes que relatam o fato triste,onde vidas se perderam! beijos, tudo de bom,chica
ResponderEliminarÉ uma memória trágica do Séc. XX, mas ainda bem que alguém registou em verso este dia. Poetando também se regista a história de um povo e suas lembranças.
EliminarBjo,bom fs.
Ah! A acrescer ao cruzeirinho esta foi uma bela homenagem às duas vítimas.
EliminarPelos relatos que ouvi, o ciclone não pediu licença para entrar, deixando as pessoas azoadas.
ResponderEliminarMuitas delas, nesse mês frio de Fevereiro, ainda se encontravam à fogueira em volta dos panêlos, de tamancos e chancas nos pés que nem os coturnos de lã aqueciam.
Valia que os bácoros e marranos já estavam arrecadados na salgadeira a seguir desde a matação e dava para serear na conversa e na chacota.
Mas a sua fúria soltou-se implacável, palheiras, cardenhas, ovelhas mochas ou cornuda, tudo arrancou, arrastou e matou.
Ainda escapou uma ou outra vaca que os rabeiros conseguiram segurar. E por muito tempo ele continuou a bufar a sua ânsia de malvadez!
Iria ser um ano ruim para os agricultores e até para o chicheiro que pouca carne teria para matar e negociar, assim como os resineiros, que olhando para os pinhais, apenas viam clareiras...
Os mais velhos ainda hoje se benzem ao falar do assunto.
Foi uma coisa dos diabos...
Por vezes fico a pensar nos pinhais...é que a história diz que foi com Salazar que, a partir da década de 40 do século passado, milhares e milhares de quilómetros quadrados de solos rurais foram sendo florestados na sua esmagadora maioria com uma única espécie: o pinheiro bravo, o eucalipto da altura!
EliminarEm 1941 nas nossas serras dominava o pinheiro?
Um casamento que começou em tragédia derivado a este ciclone.
ResponderEliminarUm abraço e bom fim-de-semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
E numa altura que os valores da amizade eram muito fortes nas nossas aldeias, imagino o sofrimento. A dor de um era a dor da comunidade.
EliminarAbr/Bom fs.
Fato histórico com lembranças tristes. A natureza muitas vezes é atroz...
ResponderEliminarUm forte e carinhoso abraço
É, os fenómenos atmosféricos são uma inevitabilidade, isto é, acontecerão sempre.
EliminarUm forte e carinhoso abraço também p vc.
Ainda não era nascida, mas estudei os efeitos desse ciclone, porque meu pai me falou disso.
ResponderEliminarTriste esse facto da morte dos dois convidados do casamento.
Um abraço
Mas eu nada sabia/conhecia até ler o Livro da "Quinta da Ponte", aldeia vizinha de Forninhos.
EliminarEm 1941 os meus pais ainda não eram nascidos!
É através dos Livros de memória que tenho a oportunidade de conhecer melhor a nossa história.
As histórias contadas por quem as viveu, para mim, são as mais lindas, não se comparam às arranjadas e compostas pelos "bons escritores".
Abraço.
Em Fevereiro de 1941 meu pai tinha 4 anos...
ResponderEliminarMinha Mãe não tinha nascido...
Sei que a minha cidade e a minha Ilha sofreu grandes tragédias
aluviões e mesmo um ataque de submarinos alemãs na 2 Guerra.
Desta data , que vocês falam , não me recordo dos meus avós terem falado.
Abr
Bom fim de semana
MG
Forninhos há memória duma raivosa trovoada a 8 de Setembro de 1938 e do dia do ciclone a 15 de Fevereiro de 1941.
EliminarFelizmente dois Livros locais, falam de ambas as tragédias. O de Penaverde fala da trovoada de 1938 e o da Quinta da Ponte fala do ciclone de 1941.
Bom fim de semana.
Abraço.
Alemães e não Alemãs
ResponderEliminarMG
Fatos como esse fica na história, foi algo assustador, a força da natureza, um ciclone deve ser mesmo muito violento, quem viu jamais vai esquecer.
ResponderEliminarBeijos.
Por lá já são poucos os que se lembram, mas muitos contam que ouviam os pais e avós contar que foi uma coisa terrível!
EliminarBeijos.
Boa tarde Paula,
ResponderEliminarNão tinha conhecimento desse trágico ciclone!
Muito triste a perda das vidas de Valverde e que o poeta de forma sublime tão bem canta.
Acontecimentos que ficam para sempre na memória e que, neste caso, a poesia por si divulgada perpetua.
Beijinhos e bom fim de semana.
Ailime
Junto um site para seu melhor conhecimento:
Eliminarhttp://www.cm-lisboa.pt/municipio/historia/historial-das-catastrofes-de-lisboa/1941-ciclone
Embora haja mais sites, para nós teria sido uma grande perda se o Livro do Sr. José Cardoso não existisse.
Sabe Ailime, não é nada fácil encontrar escritos sobre a memória local, se calhar porque quem escreve não encontra interesse por estas coisas na maioria dos habitantes, deve ser isso, sei lá...
Beijinhos e bom fs tbm p si.
Memórias que nunca se esquecem!!!
ResponderEliminarBj
É caso para dizer que nem tudo o vento levou! O vento nunca levará a história...as estórias e...as memórias.
EliminarBj, bom fs.
Fatos históricos ,com fatos tristes ,mas que a beleza
ResponderEliminardas imagens deixa um post fabuloso,fica pra sempre nas
lembranças de quem pode ver de perto
Bjuss minha linda e bom final de semana
Rita
Obrigada!
EliminarMas a foto não é de 1941 é do inverno de 2009!
Foi tirada no dia que a grande árvore caiu naturalmente, porque foi apanhada pela doença e quando havia muito vento ficava em risco de cair.
Plantou-se outra no mesmo lugar.
Publiquei a foto somente para recordar.
Bj, bom fim de semana.
A tremenda coincidência das datas...
ResponderEliminar20 Fevereiro de 2010 , faz hoje oito anos, a maior tragédia
do " meu tempo" na minha Ilha .
O Funchal ficou num caos em pouco mais de duas horas...
Dezenas de mortes. Gente que nunca foi encontrada.
Um eterno Luto.
A Natureza a quem encurtaram o seu caminho mostrou a sua gigante revolta. As marcas que ficam para sempre !!
Abr
MG
Um post relíquia!
ResponderEliminarHistórias de antanho!
Beijinhos.
Contadas por um homem de antanho, Sr. José Cardoso. Recomendo a sua obra.
EliminarBeijinhos.
Boa tarde, passaram 77 anos do violento ciclone que causou muitas vitimas, sinceramente, desconhecia que tinha passado um ciclone tão forte em Portugal, fiquei a saber, foi bom passar por aqui.
ResponderEliminarContinuação de boa semana e parabéns a todas as mulheres do mundo,
AG
Obrigada AG.
EliminarSó os mais velhos ainda se recordam da data e sobretudo dos sobressaltos que a intempérie provocou, já para não falar dos estragos.