A figura do Pai Natal levou-me há meia hora atrás, neste domingo de vento muito frio a uma pesquisa no Google para as palavras "gorro/carapuço/barrete".
E eis que dou comigo a lembrar o barrete, uma peça de vestuário muito utilizada em Forninhos pelos homens de antigamente: tio Mosca, tio Alberto Janela, tio Francisco Ferreiro, tio Luís Pego, tio Figueiró, tio Joaquim Moca, etc...
Feito de pano grosso, geralmente de cor preta (não estou a falar do dos campinos ou dos do Pai Natal), possuía uma virola que circundava toda a abertura e terminava numa borla.
Enterrado até às orelhas e muitas vezes enfiando-as dentro dele, o barrete tanto caía sobre o ombro, como poderia pura e simplesmente estar colocado para trás. Era ao gosto de cada um.
Enterrado até às orelhas e muitas vezes enfiando-as dentro dele, o barrete tanto caía sobre o ombro, como poderia pura e simplesmente estar colocado para trás. Era ao gosto de cada um.
Agora o que eu não sabia!
Tinha um forro solto e no fundo "do saco" aglomeravam-se as mais diversas utilidades que a cada homem diziam respeito...era uma "algibeira" onde se juntava uma ou outra parca moeda para remediar algum imprevisto, a onça do tabaco, o caderno das mortalhas para o enrolar, por vezes o próprio lenço de assoar e sei lá mais o quê...!
Cabia "tudo" no barrete bem guardado e sempre à mão, para além de preservar o frio!
Falando em "algibeira", não posso deixar de me referir também ao avental e lenço da cabeça que as mulheres de Forninhos usavam; o avental também servia de mala e porta-moedas: possuía duas algibeiras, uma de cada lado e que serviam para meter o lenço de assoar, o dinheiro para os gastos, os rebuçados...
O avental e o lenço de cote usados no dia-a-dia, também serviam de cesto para apanhar cachos e outra fruta, tal como vaiginhas e feijões, etc...
Esta forma prática e sem complicações de se viver, penso que acabou por terminar talvez no início dos anos 90.
A minha avó usava um avental desses e lenço. Meu pai e meu avô usavam chapéu. Lembro-me de ver em postais antigos, esses gorros, mas não sabia que os homens guardavam nele tanta coisa.
ResponderEliminarUm abraço e uma boa semana
Nem eu sabia!
EliminarA minha avó (paterna) também nunca dispensou o lenço, o xaile, o avental e os chinelos e era assim que ela se sentia bem e feliz.
Abr/cont. de boa semana.
Pois é estes barretes caíram em desuso hoje é mais uma peça de folclore.
ResponderEliminarUm bom Domingo.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
É, as mudanças do tipo de vida e as alterações na maneira de vestir determinaram o seu desuso, mas continua a existir...nem que seja em momentos folclóricos.
EliminarAbraço.
Uma coisa leva à outra e tão bom tudo isso recordar! bjs, chica
ResponderEliminarAssim é com tantos outros temas ou assuntos do passado não muito longínquo! Este só pela lembrança dos velhotes que usavam barrete merece ser recordado.
EliminarBjs.
Pessoalmente, acho que a Pula quis trazer mais uma matriz dos "nossos". De louvar!,
ResponderEliminarPorventura meros pormenores vistos à distância que nada acrescentam por quase parecerem iguais a tantos de aldeias de serranias ou nas suas fraldas, mas dos nomes enunciados e conhecidos por ditos por velhotes, prendi-me ao nome do meu avo Francisco que agora e aqui,olhando a sua foto, me faz recuar quase ao tempo em que nasci ...
Ao tempo em que no campo os homens iam aos lameiros com a gadanha em riste, molhados e gélidos, ceifar de gadanha em punho e o barrete enfiado orelhas abaixo, umas gamelas de erva para os animais e se porventura levavam nele guardado algum valor, era por segurança, tal como na escava das vinhas, e tantos trabalhos para fora, eram dias de raiva ditados para um destino cruel que de vez em quando ainda permitia uma ida a uma ou outra feira comprar uns tamancos e os tais aventais e lenços e aos poucos coisas novas tais como carapuços que de tantas vezes enganados e no gozo "só o enfiava quem queria".
Claro que foram outros tempos, mas devemos registar mesmo sem galeria de gentes aqui guardar.
Por mim os mais chegados em que mal sabia andar, o tio Pego, vizinho e o tio Figueiró que tinha ali por debaixo da nossa casa, encostadinho ao ribeiro dos Moncões, um lameiro de erva de semente e ao qual no inverno ia atalhar a água para o regar, sempre de barrete na cabeça.
Gentes mais velhas que a geração do meu pai, estes já cobriam a cabeça com as boinas espanholas, sendo que nas festividades e domingos, bem compunham o chapéu preto na cabeça, vaidosos ao ponto de nas procissões e como era costume serem levados pela mão, mostrarem a merca em que foram comprados...nas feiras!
Do meu avô lembro com carinho o seu bigode pequeno e aparado, camisa branca com goma e a gravata fininha preta.
Mas e acima de tudo quando a gente lhe ia pedir a benção da boa noite, ter na cabeça aquele barrete branco e comprido com que nos abençoava.
Era o meu Pai Natal!
Olá
EliminarNa minha terra usava-se e ainda se usa o barrete de
orelhas.....que sobretudo no " campo" dá muito jeito
para quem trabalha de sol-a-sol nos "poios"...
Apesar do frio ser bem menos acentuado que vossa na
Beira Alta.
Boa semana
MG
Xico: esses barretes brancos e compridos para aquecer a cabeça acho que eram feitos, pelas mulheres, com cinco agulhas (anos 50). Faziam também as meias para os pés, as camisolas e os garruços (gorros) para a miudagem!
EliminarEu, para ser sincera, não me lembro ver os homens de Forninhos com barretes, mas certo é que havia quem em casa tivesse um para caracterizar o pastor Francisco Marto (na procissão do 15 de Agosto).
Mas, claro, quis aqui recordar esses velhotes castiços que usavam um longo carapuço na cabeça que se prolongava até ao ombro (como diz a minha tia Margarida).
MG: o meu pai não tinha um barrete de orelhas da Madeira, mas tinha/tem uma boina tapa orelhas antiga. São giras essas boinas e a sua utilização ainda não caiu em desuso.
Boa semana.
Boa noite
EliminarAinda me lembro do barrete de orelhas ser motivo
de gozo pelos " meninos" da cidade....
Usei-o ( no lugar onde nasci ) durante muitos anos e confesso dele tenho saudades....
Abr
MG
Usos e costumes, infelizmente em extinção.
ResponderEliminarFicam as memórias e possivelmente algumas fotos.
Beijinhos.
Por acaso tenho pena de não ter fotos desses homens com barrete na cabeça e das mulheres com saias compridas até aos pés e lenços pretos na cabeça.
EliminarBeijinhos.
(esta foto foi roubada através da pesquisa no Google para as palavras "gorro/carapuço/barrete" como o disse).
Ótimo post, Paula. Os costumes de antigamente são de muitas lições.
ResponderEliminarO último parágrafo diz tudo! "Forma prática e sem complicações de se viver." A modernidade tem muitas vantagens, mas tira "o melhor" de tantas vivências.
O meu abraço
Anete, esta maneira de viver esteve décadas e décadas enraizada no espírito das pessoas, é como acabei o texto "...penso que acabou por terminar talvez no início dos anos 90." e, se escrevi isto foi porque em Janeiro de 1990 deixei de viver em Forninhos e depois não me lembro mais ver estes pormenores.
EliminarMesmo as vaiginhas já eram feijão verde!
Tudo mudou, mas a meu ver, o vestuário sequer foi substituído por outro mais prático, mas que o modo de agir passou a ser diferente...passou!
Abraço, bom fim de semana.
Boa tarde Paula,
ResponderEliminarAtrasei-me na visita...
Gostei do artigo que me fez regressar à infância. Ainda me recordo de ver muitos idosos da minha aldeia com barrete, inclusive o meu avô paterno e irmãos que nasceram no sec. XIX!
Tudo evoluiu e o barrete foi desaparecendo, mas foi muito bom recordá-lo, porque tinha essas várias funções e marcou uma época no nosso País.
Um beijinho e boa semana.
Ailime
E eu na resposta, "sorry" ;-)
EliminarExactamente porque marcou uma época, não deve ser esquecido: o barrete...e os muitos homens das nossas aldeias, que o usaram!
Bom Ano!
Na nossa aldeia também se viam em muitas cabeças!!!
ResponderEliminarPara si ... e para os seus FESTAS bem felizes e
um 2018 ... FELICÍSSIMO!!!
Obrigada, para si e todos os seus um super 2018 também, com todos os ingredientes necessários para ser feliz!
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