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sábado, 5 de novembro de 2016

O jogo do prego

Gostava muito deste jogo que se jogava durante o Outono e Inverno, altura do ano onde por causa da chuva a terra se encontrava propícia para se poder espetar o prego, um pedaço de pau de pinheiro da grossura de um dedo, mais um prego espetado no miolo do pau, mas um ferrinho afiado, ou lima pontiaguda também servia.



Para se jogar este jogo, delineava-se um grande círculo no chão de terra (nem fazia sentido que o chão da folia não fosse de terra) que representava o mundo e cada jogador, na sua vez, lançava o seu prego com o objectivo de conquistar o mundo. À medida que espetava íamos conquistando território e a conquista desse território fazia-se traçando uma linha entre o ponto onde o prego anteriormente foi espetado e o ponto actual e assim sucessivamente, apertando propositadamente o caminho para o adversário não poder espetar o prego à vontade. Tentava-se espetar o prego até atingir a linha do adversário, se possível antes do dele passar a nossa. Cada vez que o prego não espetasse no chão ou ficasse inclinado, o jogador perdia a sua vez e dava-a ao próximo. 
Não era permitido fazer "pontas", isto é, espetar  num lado e no outro e tentar unir, pois assim depressa se obteria metade do "mundo". O risco a fazer entre as espetadas tinha de ser contínuo e quando um jogador formava mais que uma "casa", isto é, uma figura no solo, apagava uma linha e assim alargava as "casas".
Depois do mundo estar dividido, passava-se à fase das conquistas, espetando o prego na área dos outros jogadores a fim de cada um aumentar a sua. Aquele que fizesse uma casa na do outro perguntava-lhe:
- Qual me dás?
O desapossado tinha de optar e ganhava aquele que conquistasse o mundo todo, a totalidade da circunferência desenhada.
Andávamos horas seguidas nisto, era até as nossas mães nos chamarem para cear!

Objectivos do jogo: interacção e assertividade.
Número de jogadores: dois ou mais.
Material necessário: um prego por cada participante, mas  podia haver só um prego no jogo, o que igualava mais as possibilidade dos intervenientes.

24 comentários:

  1. Não conhecia mas provavelmente aqui na aldeia...seria uma das brincadeiras preferidas!
    Hei-de investigar!!! Bj

    Gosta de poesia ... espreite se tiver tempo:
    http://mgpl1957.blogspot.pt/2016/11/de-maos-dadas-com-os-poetas-e-olhares.html
    bj

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    1. De aldeia para aldeia os costumes e tradições pouco variavam, mas nesta aldeia chamávamos ao material do jogo "prego", já n'outras chamavam "espeta", por exemplo. Investigue ;-)

      Bom domingo!

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    2. Obrigada pela sugestão!
      Um dia que passe por Forninhos...visitarei esse turismo!
      Bj

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  2. Deve ter sido diversão de muitos por lá! Não conhecia! Bom saber e ver! bjs, lindo fds! chica

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    1. Foi, mas anda esquecido, porque é nos meses de verão que por lá se realizam eventos que incluem jogos tradicionais que vão sendo lembrados (e é de louvar), mas depois os jogos de inverno andam esquecidos pelo povo!
      Beijinhos.

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  3. Muito interessante. Aqui para os meus lados nunca vi ninguém jogando esse jogo do prego.
    Um abraço e bom fim-de-semana

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    1. Jogavam aquele em que espetavam o prego na areia da praia, pelo bico, de diferentes formas de acordo com a maneira de o atirar e imaginação?
      Bom domingo.
      Abraço.

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  4. Paula, gostei de ler o seu relato... Lembro que brincava de uma coisa assim quando criança, mas não lembro de detalhes...
    As brincadeiras eram tão boas e construtivas! Hoje vejo que tudo é muito artificial e sem tanta "travessura", sabores...
    Bjs e carinho

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    1. Hoje é mais fácil clicar e jogar anonimamente, sem dar a cara, há amigos e adversários virtuais que não se conhecem, enquanto nós nos jogos que jogávamos conhecíamos todos os amigos.
      Hoje até se pede amizade a amigos que sempre o foram!!!
      Bjo/bom domingo.

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  5. Que bom ter recordado velhos tempos em que jogava ao prego e era como a minha amiga diz, era até as nossas mães nos chamarem para comermos.
    Um abraço e bom fim-de-semana.
    Andarilhar

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    1. Era até as nossas mães nos chamarem e, porque a terra estava mole, era o jogo número um do inverno.
      Um abraço, bom domingo.

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  6. Pelo pouco do que ainda me lembro, era mais um jogo de meninas.
    Elas jogavam os seus jogos e faziam as suas brincadeiras na escola de cima durante os recreios e tal como este, abundavam outros tantos como o da macaca, mas no jogo do prego reinava a Cila Carau, Rainha do Prego que segundo ouvi, arranjava a "marosca" de adaptar as mais finas e afiadas "limas" do seu pai, tio António Carau, ilustre carpinteiro. Ninguém nas redondezas a batia no jogo do prego tal a sua precisão. Era para os adversários como que jogar ao monopólia e ela ganhar tudo...este mundo e o outro!
    Ainda bem que ela ficava pela escola de cima pois se viesse à de baixo, dos meninos, ganharia a todos à petisca, pião e ao berlinde.
    Belo texto Paula que desperta a memória e nos faz voltar aos tempos puros de felicidade.
    Um prego bem espetado neste blog!

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    1. Desculpa, este jogo mobilizava meninos e meninas, mas a Cila jogava muito bem todos os jogos dos meninos e era mesmo a melhor no jogo do prego tanto que lhe liguei para fazer este texto, pois já não me lembrava de todos os detalhes, como o de apertar o caminho para o adversário não poder espetar o prego dentro da nossa "casa". Jogava na Lameira e na escola, de cima e de baixo, porque no nosso tempo a escola já era mista. Somos da mesma idade e já não apanhamos essa divisão entre géneros (ainda bem!).
      Acho que foi ela que introduziu no jogo a lima, as tais limas bem fininhas e afiadas do pai, que foi carpinteiro.
      Gosto de recordar esses tempos e falar com as verdadeiras amigas.

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  7. Paula, pode enviar-me o seu email para elviracarvalho328@gmail.com?
    O seu comentário no Sexta foi o número 21000. Sempre que muda o milhar, costumo mandar a quem o publicou um mimo. Um dos meus contos completos.
    Um abraço

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  8. ....
    A primeira vez que ouço falar no jogo do prego .
    Da minha infância ,além da bola ,os carrinhos de canas batem
    recordes na minha suadade.Fazíamos com latas de tinta vazias
    a fazer de rodas .
    Já morreram dois amigos desses tempos que marcam-nos para a
    Vida ! O Luis Alberto e o Beto .
    A última vez que tivemos juntos foi em 2007 , o Luis partiu
    há dois. Os carrinhos de canas já não voltam.O jogo do prego
    também não ? Triste e chato !

    Abr
    Bom fim semana
    MG

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    1. António, um amigo que parte comove pela lembrança dos bons momentos vividos com esse amigo.
      Depois é tal como diz, para além dos jogos que batem recordes na saudade ainda havia os brinquedos e esses cada criança inventava e fazia o seu, como o exemplo que dá. Hoje as crianças não precisam inventar brinquedos, porque lhes aparecem, em variedade e quantidade.
      Abraço e passe uma boa semana.

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    2. Boa noite, Paula e Xico :

      No ranking das saudades, nos jogos e nos amigos de infância,que este blog nos reaviva, a memória deste meu amigo ( de infância ) Luis Alberto é algo que não resisto a contar.Tinha tudo para bater certo .
      Um pai e mâe formidáveis ,negócio e meios altos de vivência.
      Algo correu mal ( talvez um namoro falhado cedo ? ) meteu - se no alcool , passou pelos degraus todos da degradaçao e acabou nas ruas de Londres,"sem-abrigo" de quem a familia perdeu rasto durante anos.

      Na 2 tentativa o irmão mais velho foi recolhê-lo.
      Reecontro-me com ele no Funchal em 2007 , num jantar
      que eu próprio promovi com amigos de infância...
      O Luis parecia um velho curvado , pele seca , negra,
      débil. Abraçou-me a sorrir quase vinte anos depois do ultimo encontro.Queria voltar para as ruas de Londres
      A mãe e os irmãos deram-lhe um fim digno.Com conforto
      limpeza e carinho partiu com pouco mais de 50 anos.
      O frio de Londres,os excessos,roeram-lhe os tecidos,o
      metabolismo e jamais pudemos voltar a andar de carro de canas com rodas de latas.

      O que este Blog me trás á memória ! Tudo por causa do
      " jogo do prego " !
      Bem hajam..

      Abr
      MG

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    3. Raios de vida...
      O que mais custa era andarmos juntos nas brincadeiras e traquinices, cúmplices dos crimes menores do "dá cá aquela palha". Era o tempo dos nossos tempos em que tirar não significava roubar.
      Pois é caro amigo e deixe que lhe "diga" respeitosamente, traz consigo neste relato uma emotividade vivida e sentida que por demais respeito.
      Também tenho um primo carnal de nome Luís, ausente a várias dezenas de anos nos estados unidos e somos da mesma idade. Até fomos para a tropa juntos...
      Um dia e em cima de uma figueira, calor forte e céu de um azul penetrante, deve ter passado um pombo bravo por cima da figueira e deixou o "bilhete postal" sobre a sua cabeça.
      Clamava que chovia e jurava que tal era verdade.
      Respondia que olhasse e tal seria impossível...céu limpo"
      Descemos da figueira, mas ele "arrenegado" mal esperou que me endireitasse.
      Picou-me com o prego na perna e desatou a fugir para a aldeia.
      O troféu foi uma sova do meu tio, quando soube da malvadez.
      O António tem razão, por vezes trazemos coisas ...
      Um abraço.

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  9. Oi Paula, não conheço esse jogo,mas achei bem interessante, hoje em dia, as crianças ficam mais tempo em jogos no computador, no celular e pouco brincam de verdade, uma pena.
    Beijos.

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    1. É verdade, as crianças de hoje não jogam os jogos que nós jogávamos, mas são à sua maneira felizes e quando tiverem a nossa idade se calhar vão lembrar com a mesma nostalgia dos jogos electrónicos que hoje jogam, porque são crianças nascidas dentro de um mundo já conectado. Cada tempo tem as suas coisas positivas e negativas!
      Beijos&Abraço.

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  10. Boa noite Paula,
    Não conhecia esse jogo e achei-muito criativo.
    Sobre o prego só me recordo de um prego grande que com os dedos das mãos se faziam alguns malabarismos para o introduzir em terreno de areia.
    Mais tarde vi crianças brincando com o prego nas areias da praia.
    Há alguma semelhança.
    Eram brincadeiras que apelavam muito á imaginação.
    Beijinhos,
    Aiime

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    1. Eu conheci esse jogo do prego na praia quando vim para Lisboa. Habituada ao 'meu' fez-me cá uma confusão...
      Beijinhos.

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  11. Eu xogaba a iso pero non lembro o nome do xogo nin as normas. Xogabamos espetando as baleas dos paraugas.
    Pouco máis lembro.

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  12. Joguei bastante na minha infância quando morava no Rio de Janeiro. Lá se chamava FINCÃO, talvez porque finca (penetra) na terra… era muito bom de jogar

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