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quinta-feira, 20 de outubro de 2016

O CHEIRO DO BORRALHO


Agora os tempos são outros, há quase tantas maquinetas no céu como estrelas este tem, porventura menos certeiras no dizer se vai chover amanhã que a sabedoria popular antiga que por esta altura do Outono a que alguns chamam de Primavera do Inverno, se precaviam de modo ancestral para afrontar estoicamente o frio e a mingua que este acarretava.
Bem de primeira necessidade, a lenha essencialmente dos pinheiros que eram sagrados pela riqueza das bicas de resina e por tal quase intocáveis. Tempos difíceis em que a própria caruma era regrada, tal como as giestas para fazer o estrume orgânico para as sementeiras e por tal, por estes dias moribundos de sol, muitos iam apanhar os tangos (ramos secos dos pinheiros, mas muito altos) para provisionar a casa de lenha, nada se perdia, desde os molhos de caruma, os das vides da videiras podadas e as sacas de pinhas. Nem os carolos do milho, logo o canganho da vindima iria virar aguardente no alambique. 
Outras iam mais longe, subiam a serra e iam até à Farrangeira em busca dos sorgaços e suas raízes.
E assim surgia a fogueira acesa na lareira, com ramos verdes e secos, conforme a possibilidade e em volta da qual se soltava a alma de um povo, mais ligeiro enquanto ardia e se assavam umas batatas e cebolas rachadas cobertas de cinza, por cima umas brasas e que iriam acompanhar um conduto qualquer, ou não, para a ceia que tardava tal como o "graças te damos Senhor por esta refeição que nos acabaste de conceder...".
Enquanto se arrumava a cozinha, recordo o meu avô a colocar algumas cavacas secas na fogueira para fazer um bom "brasiol", brasas vermelhas e intensas que iriam durar noite adentro, mais que o nosso negar de sono que na primeira história dele esmorecia a nossa resistência e no boa noite ensonado íamos viajar para o vale dos lençóis...
Chegava finalmente o remanso, portas e janelas deixavam escapar pelas frinchas o pronuncio do Inverno, mas na cozinha quente era agora ao borralho que pausadamente se falava da vida pessoal e dos outros, o contar do que se foi ouvindo no campo, alegrias e tristezas e do feito e do que haveria a fazer no dia seguinte.
Ainda bem que as crianças há muito dormiam, não fossem ouvir o deitar de culpas de coisas acontecidas por feitiçarias, nem barulhos da noite provocados pelo lobisomem, pois lobos e raposas eram coisas banais. Falavam que um homem da da aldeia havia morto um vizinho à sacholada...tudo isto enquanto no assador iam estoirando as primeiras castanhas, se cosiam umas meias de lã e começava o treino da roca de linho e a panela grande de ferro, aproveitava o calor para cozer a vianda dos porcos para cevar para a matação....
Recuado no tempo, aprendi o significado da palavra "antanho", por tal estas coisas não esquecer vou procurando coisas de outrora sem registo histórico lavrado em papel, mas nas memórias e que vai perdurando.
Hoje e a propósito do tema, recebi uma "prenda", porventura uma saborosa e genuína crendice de que poucos se devem lembrar ou ouvir falar...
Uma das coisas que por vezes se faziam ao borralho, quando uma mulher estava grávida, era pegar numa castanha que estava meia oca, vazia, digamos e que tivesse acoplado um rebento a que chamavam "filho" a que chamavam de "bonequinha" . O intuito era saber se a grávida tinha no ventre um menino ou menina e para tal, cuspiam na castanha e colocavam esta sobre uma brasa da lareira e esperavam...se esta desse um estoiro ao rebentar, era menino, se desse um bufo, era menina!
Bom, já taparam as brasas com cinza, querem ir dormir.
Boa noite.

28 comentários:

  1. Belíssimas memórias que tiraste do baú. Não conhecia a "historia" da castanha.´
    A tua excelente foto, onde se consegue sentir o calor confortante do borralho, fez-me recuar no tempo a casa dos meus avós maternos e paternos e mais tarde em 75, regressada de Luanda, a aldeia (Hombres) onde fiquei colocada.
    Jantava sempre me casa da Sr-ª Trindade, vizinha e comíamos do que havia, sempre ao borralho.
    Tempos duros , para mim,sendo ao mesmo tempo enriquecedores.

    Obrigada por esta partilha.

    Beijinhos.

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    1. Bem hajas Elisa pelo teu comentário, o qual vem de encontro ao meu propósito deste simples texto, trazer as quenturas de outrora, cheiros de coisas nossas, digamos que carregadinhos de saudades, mas também de aprendizagem para o presente.
      Falar de nós e dos nossos nestes tempos conturbados, penso que nada melhor que voltar ao borralho e fechar os olhos...
      Beijinho.

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  2. A imagem e o texto fizeram_me recuar no tempo pois minha mãe tinha um espaço assim!
    Memórias que o tempo nao apaga!
    Bj

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    1. Uma viagem no tempo...
      O que houve, o que ficou...
      Memórias, tal como o borralho que com a fogueira quase moribunda, ainda mantém a chama!
      Beijo.

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  3. Que maravilha saber mais sobre esses costumes..Vim agradecer e deixo bjs praianos.chica

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    1. Coisas nossas que tentamos resgatar das malhas do esquecimento e por vezes nesta saga surge sempre mais alguma coisa da forma como fomos criados.
      Beijos.

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  4. Recuei... Tantas foram as histórias de vida que o meu avô padrinho me contada ao calor desse borralho.
    Bem-haja Amigo Xico.

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    1. Boa noite, Carlos.
      Presumo que Forninhos se assemelhe um pouco ao Louriçal e tal deduzo pela sua linda escrita, "caseira", desculpe a expressão para classificar de genuína.
      Ambos defendemos o viver daquilo que nos marcou ou aos nossos.
      Um dia desvio da A 23 ...
      Um abraço amigo.

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  5. Ao ver a foto, veio-me ao nariz aquele preparado da comida para o vivo a ferver ao lume numa grande panela de ferro. Era o cheiro do 'cozido'.
    Fizeste um excelente artigo, Xico, que fez-me lembrar os serões que passei com a minha avó Coelha em casa da minha tia Júlia, depois da ceia. Tudo começava depois da ceia. No dia que o Sá Carneiro morreu, estava lá eu, a minha avó e também tia Arminda para ver a novela, quando a emissão foi interrompida, mas nem todas as casas tinham televisão e aí os serões, já eram passados ao borralho: as pessoas faziam renda, fitas para as mantas de farrapos, dobavam novelos, cantavam cantigas e contavam anedotas e adivinhas ou simplesmente passavam as noites a conversar de dois assuntos: de tudo e de nada! Os rapazes, esses, bem sabes, passavam os serões no Forno Grande.
    Mas o lugar que referes, a Farrangeira, fez-me também lembrar a história das duas velhas que viviam: uma na Gralheira e outra na Farrangeira e todas as noites seroavam juntas, alternando a casa e o tição. Altas horas, despediam-se, recolhendo a hóspede a sua casa, sem temor de maus encontros com homens ou feras. E para certificar a outra de que chegara bem, tocava-lhe de longe um caldeiro que o silêncio da noite deixava ouvir.
    Portanto, os serões já vêm de longe...muito longe...
    Sou também uma que não conhecia o costume de deitar um 'filho' da castanha ao lume e embora estas coisas nos ajudem a compreender melhor a vida do nosso povo, da nossa terra, o registo histórico lavrado em papel também importa conhecer. Eu acho.
    Boa noite*

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    1. E depois das "santas" noites e de descanso para todos, o último tição que teimosamente ia ardendo fazendo companhia à candeia pendurada na parede, a dona da casa cuidadosamente o apagava com água pois serviria para iniciar a fogueira logo pela madrugada, sendo que as próprias brasas eram tapada pela cinza, preservadas e melhores que o carvão.
      Enchida a panela grande de água e para aproveitar o calor da soleira do borralho, de manhã estava pronta a iniciar a vianda para os animais.
      Panelas de almude que eram areadas por altura da matação e iam cozinhar a sopa tradicional da mesma. A mesma panela que em dias festivos, sobretudo casamentos, iria aquecer a água para o banho da noiva...
      O cheiro.
      Estes vêm sempre antes do visto e ficam gravados sem serem escritos ao sabor do sentimento de cada um, histórias vistas, ouvidas ou contadas.
      O borralho.
      Era neste que algumas delambidas maquiavélicas, tal como ainda hoje, faziam rezas e gritavam maldições sobre aquelas gentes de bem a quem durante o dia esmolavam um bocado de pão ou umas simples batatas. as gentes de bem sabiam quem eram e apenas temiam os roubos 2à sacada", mas coitados, tinham fome.
      Ainda hoje se fala disso ao borralho e de tantas outras coisas do antanho, tal como um pastor do meu avô que voltava e meia dizia ao sr. Francisco , "mais outra desgraça" de ovelha afogada ou ca´da nas fragas...certo era que durante dias abundava o fumo por entre as telhas e a mesa era bem composta...
      Fechavam os olhos as gentes de bem. Era a mão de Deus!
      Eu gostava mais era das feiticeiras, das coisas medonhas enquanto as minhas irmãs tremiam no colo da mãe e eu como bom malandro e o conto viesse a preceito com suspense, enfiava uma castanha crua e inteira no borralho sabendo que pouco tempo depois, esta estoirava.
      Um Deus nos acuda carregado de ais e outras coisas mais...
      O cheiro do borralho é uma arca de memórias ainda pouco escritas.
      Que ajude a avivar sentimentos.

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  6. O borralho tem tendência a acabar, na nossa aldeia, virou moda tapar as lareiras com recuperadores de calor para aquecimento da casa, eu optei por ar condicionado, lareira é lareira e sabe tão bem estar ao pé dela em dias de frio.
    Em tempos antigos, bons momentos passei junto ao borralho, conversas, petiscos e pinga, sabiam tão bem. Gostei dos tangos, lembras-te daquelas varas compridas com um galho na ponta para se chegar a eles? Só algumas pessoas tinham.
    Parabéns, óptimo assunto.

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    1. Nada como um bom braseiro nas lareiras antigas das nossas mães.
      Aquele estalar e voar das "carrecódias" cascas do pinheiro, o fumo que vem de frente que incomoda e o calor que aquece num lado enquanto o outro arrefece, mas depois da cozinha quente, dá para tudo, conversas e petiscos, até um púcaro de vinho quente com açucar, não é Henrique?
      Porventura o melhor de todos...o do alambique.
      Pela noite dentro, uma festa com batatas, cebolas e bacalhau e a prova da aguartente.
      Tanto calor por dentro e por fora.
      Gostava em miúdo de ir aos tangos, era uma adrenalina igual ou superior ao agora ir aos tortulhos e míscaros.
      Era um regalo ver os homens com varas enormes com o garrancho na ponta a despegar aquelas pernadas secas a vários metros de altura. Lembro o ti Luis da Coelha entre outros, sendo que havia quem na ponta da vara, aplicava uma podoa por ser mais eficiente.
      Depois era um molho de lenha no costelaço até casa, sequinha,mas para poupar.
      braço, amigo.

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  7. Os serões de antigamente reuniam a família, amigos e vizinhos. Hoje, em Forninhos, falam muito de comunidade, vida comunitária. A meu ver só está visível aquando das vindimas ou na troca de produtos alimentares entre vizinhos (na Lameira ainda o fazem) de resto...em outras tarefas agrícolas, como por exemplo a apanha da azeitona, quase não há entreajuda. Se fosse como nas vindimas, se calhar num dia de sol cada família apanhava toda a azeitona. Mas isso penso eu.
    Um dos grandes males desta nossa sociedade, é o individualismo cada vez mais acentuado.

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    1. Estes serões comunitários, acabaram.
      Ficam a olhar para as brasas mortiças, o que vai sobrando da aldeia, muitas viúvas que deixam escapar pela chaminé, sinais do que vai restando devidas vividas de outrora e seus contos e cantares, mais acessos aquando os seus as visitam por alturas do Natal e se atacamancam junto da fogueira, numa disputa infantil.
      De resto, a parte comunitária pelo inverno, cada qual trate de si, tendo lenha e uma reforma mais ou menos, aguentam e até gozam com os invernos das suas meninices e dos tamancos e polainas.
      Dizes bem e aplaudo, para festas e barrigas, é um apronto da madrugada que anseia nas vindimas a chegada das piquetas e jantares nas cantorias, mas pelo frio adiante, aquela altura da azeitona, cada qual se cuide e trate de si. Aquilo vai aos bocadinhos, acoita-te se chove e vai embora se a fogueira de ramos de oliveira verdes se apagou. Mãos geladas e sem piquetas, não vale a pena, nem mesmo para quem paga a mão de obra.
      Vi muito disto em miúdo e, alguns dos novos ricos de Forninhos, esfomeados, esconderem quilos de azeitonas para depois no rebusco, terem boas maquias.
      Falas da Lameira, o coração de Forninhos.
      Acho que fomos nós que baptizamos aquele balcão de pedra no seu largo como tribunal, pela simples razão de na falta de borralho, melhor, companhia, ali se ajuntarem as mais velhas e trazerem as suas resmunguices para fora de portas e no permeio dos desabafos e carências, uns se ajudarem aos outros.
      Querem coisa mais bonita que esta entreajuda?
      Mas também as coisas que por ali se dizem, valha-nos Deus...
      Afinal, quem não se sente, não é filho de boa gente!

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  8. ......

    Por muito que vocês de esforcem ,a História de Forninhos ,de Viseu , da Guarda,da Ilha da Madeira ,de Portugal e do Mundo, será sempre adulterada,como é adulterada as estórias das familias ,das paróquias ,dos clubes, das associações....
    O homem da sacholada afinal não é um assasino , aos olhos do neto ainda vivo , apesar de , julgo ser o caso ,ter cumprido pena em Trancoso,tal como,o acidente que vitimou Sá Carneiro, qual acidente , qual coincidência , tudo descrito e inscrito aos olhos dos interesses de cada um ,interesses superiores ao interesse da própria História !!

    Como se sabe ,cobardia e o individualismo, egoísmo e a falta de fé abundam , o silêncio e o anonimato imperam e com isto o tempo passa ,morremos todos os dias ,e, cada um que parte leva um pouco da verdade consigo ,sem que os vindores saibam o que afinal se passou de VERDADE !!

    São como as imensas estórias dos portugueses em África, Timor ou Brasil , são como as versões diversas de Morte e Vida que um pouco por todo o lado ficam sem explicação !!

    Basta ver os milhares de processos em Tribunal , acumulados,
    á procura de VERDADE, do pequeno delito, aos famosos casos de famosos que de migalhas fizeram milhões e gozam com as leis que eles próprios criaram !!
    Acham que algum deles está preocupado com o património de Cernache a Mogadouro ,do Pico ao Seixal,de Fornos a Aguiar ??
    Estarão preocupados com a nossa História , ou não estarão a preparar-se para venderem tudo isto , a Espanhóis , Alemães ou Chineses , ou a quem der mais , num qualquer leilão de Bruxelas ou Tóquio ?

    Quando recordo a minha avó Maria , que ,se fosse viva ,faria amanhã 103 anos, uma " Deusa" que geriu no tempo da miséria a "riqueza" do meu avô João Gouveia . Foi Mineiro no Curaçao. Recordo pedaços da minha infância com algo comum do que vocês aqui falam , as estórias e contos , as fogueiras e o milho,os animais ,a gestação,a sobrevivência com felicidade e alegria sentados á mesma hora na mesa!As feitiçeiras e o" mau olhado " ,com uma tia a nos " curar o bicho " e a nos rezar para afastar os males !

    Era tudo diferente .Não me parece que os tempos de hoje sejam melhores , se olharmos ao numero de depressões e tentativas de pôrem o termo á vida, ao interesse que isso representa para muitos, como forma de nunca se saber a podridão e o
    descalabro em que transformaram o seu caminho !
    O abandono ( material e fisico ) é reflexo disso ....

    Tempos que não volta ..e que só nós cinquentões podem dar-se ao orgulho com algum " tino" ainda recodar !

    Abr
    MG

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    1. O homem da sacholada, creio, tem vários netos vivos (se é que estamos a falar do mesmo homem, o Abel Verguio!).
      A história que sempre me contaram é que tal aconteceu por um homem ter desviado a água no talhadoiro de regar quando ele se servia. Perante tal afronta, o lesado vai-se a ele, ergueu a sachola e matou-o, infelizmente.
      Nas aldeias beirãs era normal acontecer barulhos e mortes devido a partilhas de águas e passagens; eram estes casos que na época chegavam ao Tribunal de Trancoso!
      O grande escritor beirão, Aquilino Ribeiro, escreveu isto: "comunal em essência é a água de rega, artigo de primeira nestas terrinhas altas e vãs, atormentadas pela seca, onde a maior percentagem de mortes e barulhos tem seu teatro à beira da poça ou dos talhadoiros de regar...".
      Sobre o homem beirão também deixou escrito isto: "Não lhe toquem no talhadoiro de águas; cuidado, a charrua do vizinho não desvie o marco um centímetro para a banda; que a cabra pobre não lhe roa as duas fêveras que se inclinam para o baldio; sem licença não pisem o que é e paga boa décima ao "cães da Fazenda"!".
      Bom domingo.

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    2. .....
      Não estamos a falar do mesmo caso , Paula, mas como não quero ferir sensibilidades , prefiro não levantar
      " a lebre " !

      A ideia que tenho é que os heróis desse tempo ( anos 30/ 50 ) eram os que matavam ! Mudavam a pacatez dos
      dias . Um pouco como na minha terra onde também se matava por roubo/ desvio de água ou por bebedeiras
      e discussões futeis !

      Felizmente os meus avós superaram tribunais ,cadeias e julgamentos e eu revejo-me nisso.
      Inspiro-me nisso .
      Luto para eu ser assim até o fim dos meus dias.
      Quero que os homens que levei á escola na infância quebrem com o passado . Esse também é um objectivo secreto de vida , que hoje torno público , em memória
      de Maria " Flôr " , minha avó materna .
      Neste dia 23 Outubro do ano de 2016.

      Abr
      MG

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    3. Eu não tenho dúvidas, com a distância do tempo, os maus da fita são aqueles que fazem a história! Repare que tirando as questões de heroísmo, dos grandes feitos, se pegamos em dois cidadãos comuns, passados muitos anos aos historiadores, torna-se mais interessante aquele/a que quebrou as regras.

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  9. Oi Xico, lindo texto, com suas lembranças que veio a atiçar também as minhas lembranças, da família reunida, das historias dos avós, saudade boa de um passado não tão distante, mas que tanto já mudou, e como as coisas correm e se transformam rapidamente nesse mundo mega moderno de hoje, que fica até difícil de acompanhar...
    Beijos pra você e pra Paula

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    1. No meu entendimento, acho que não nos devemos envergonhar do passado construido nas agruras da vida.
      Por vezes somos criticados por tal tentarmos manter vivo, pois estas foram as sementes que germinaram o presente e que esta as leve para o futuro.
      Pessoalmente tive este privilégio do borralho, da irmandade familiar, ouvir contos e cantares e ir dormir com medos nas fantasias que pairavam no ar.
      Beijinhos nossos, Fátima.

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  10. Recordo os seroes quando minha mae fiava o linho, eu como um dos meus irmaos "roubavamos-lhe" umas fibras com as quais faziamos umas bolinhas que "ofereciamos" as chamas da fogueira e quando estas subiam ja transformadas em cinza, diziamos: quarto crescente, quarto minguante, os meus pregoes irao avante. Sem saber o que eram pregoes, claro. Obrigado Francisco e Paula, assim como todos os comentadores.

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    1. Bem haja o António pela partilha.
      Vê!
      Mesmo sem a presnça física do borralho, os contares atravessam tantos quilómetros...
      Uns brincavam com as castanhas,outros com as bolinhas de linho que desconhecia em absoluto.
      Mais uma para contar à lareira por altura do Natal.
      Um abraço nosso, amigo.

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  11. Quantas memórias! Infelizmente, não as minhas - muito mais pobres de tão citadinas!
    Será que o truque da castanha funciona? Quero acreditar que sim!
    Beijo

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    1. Nina, vem passar uns dias nas aldeias reconditas da Beira Alta, encontra, o que não é difícil uma casa rural o mais simples possivel mas com os requisitos mínimos e ouve as estórias que os donos podem contar...
      Beijo.

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  12. Lembranças muito boas de coisas tão preciosas... Costumes saudáveis e simples e tão proveitosos, Xico!...
    Um foto bonita e ardente!
    O meu abraço aos dois... Neste domingo tive mais um importante encontro da blogosfera/Vida & Plenitude...

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    1. Mais ardente, a alma das gentes.
      A partilha e o "julgamento" entre os seus pares de coisas do dia a dia.
      Comunidade que adormece no calor desse borralho e com ele se acomodam noite adentro, tal como filhos e netos, uns a sonhar fantasias, outros a matutar na dor do dia seguinte.
      Beijos.

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  13. Boa tarde.
    É com prazer que revejo este Blog.
    Com orgulho de ter sido nascido em Forninhos, nos tempos das fogueiras na lareira, onde todos se aqueciam no Inverno e onde se passavam alguma horas a conversar, " no dia que se seguia, o que fazer?"
    Bons e presenteados anos em que vivi por ali.
    Hoje, em minha casa ainda guardo as lembranças desse tempo, para isso não me desfaço da minha querida lareira.
    Abraços

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    1. Boa tarde, amigo Pires!
      Vão acabando os serões nas aldeias e em Forninhos as poucas chaminés que vão fumegando são por norma as das viúvas, arreigadas aos costumes antigos.
      Fico contente por voltares ao blog, afinal um local de serão onde comungamos sentimentos embora de modo diferente e menos intimista.
      Mas sabe bem recordar, não é?
      Um grande abraço.

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