Há várias raças de cães genuinamente portuguesas: o rafeiro do Alentejo, o cão do Barrocal Algarvio, o cão de Água, o podengo, o perdigueiro, o cão Castro Laboreiro, o cão de fila de São Miguel, o barbado da Terceira, o cão de gado Transmontano, o cão da Serra de Aires e o ligado à nossa zona: o cão da Serra da Estrela.
foto retirada daqui
O nosso cão é um cão de protecção de rebanhos, sobretudo no passado, responsabilizando-se mais pela sua protecção do que pela sua condução. Era nos lugares mais altos da serra onde, por um lado, o pasto abundava e, por outro lado, havia muitos predadores, especialmente lobos, que o papel destes cães mais se destacava. Se bem me lembro, em Forninhos existiram alguns exemplares, que usavam uma carranca, uma coleira de ferro com bicos, para protecção contra os lobos, ainda assim, não seria tarefa fácil para os cães terem de defender os rebanhos dos ataques desses carnívoros.
À medida que os lobos foram diminuindo e a desertificação foi aumentado, sobretudo nos anos 70 e 80 do século passado, o número de rebanhos na nossa aldeia foi-se reduzindo e, consequentemente, o número de cães da Serra também. Creio que ainda há um cão nos Valagotes (anexa de Forninhos). Quando vou para a nossa terra, costumo vê-lo junto à Associação. Dócil, calmo, atento...a guardar o "seu" território, pois para além de proteger rebanhos, apresenta a mesma aptidão para a guarda de propriedades.
É uma das raças mais antigas da Península Ibérica e para melhor descrição, deixo-vos a feita por Brás Garcia de Mascarenhas no seu poema épico "Virirato Trágico", do cão de Viriato, que muitos sustentam ser a do nosso Serra. Um poema dirigido a D. João IV a implorar clemência, já que estava preso por desobediência.
Largo de espáduas, de olhos carrancudo,
Rasgada a boca, orelhas derrubadas,
Ventas negras, focinho cabeludo,
Beiços caídos, garras encrespadas,
Fornidos pés e mãos, corpo membrudo,
Seco de ancas, gordo de queixadas,
Curvas e dentes, rabo grosso,
Grosso e curto nos lombos e pescoço.
Se calhar o cão de Viriato ainda pôs os pés na nossa serra!! Não existe qualquer prova que "o pastor dos Montes Hermínios" (o nome dado em tempos remotos à Serra da Estrela) possa ter nascido em Viseu, no entanto, existe uma ligação muito forte à cidade e à nossa região, que na altura se denominava Lusitânia.
Que lindos cães e é bom saber mais sobre eles!Lindo domingo! bjs,chica
ResponderEliminarChica: - São uns Srs. Cães!
EliminarBom domingo, bjs.
Tudo raças encantadoras. Já tive uma cadela Serra da Estrela que criei desde bebé. Morreu de velhinha. Tenho saudades dela.
ResponderEliminar.
Poema: Dia da Mãe … Saudade …Abraço poético.
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Quem é que não teve o seu cão de estimação? Um cão ou uma cadela! O meu chamava-se snoopy, não era um Serra, mas também tinha as ventas negras. E o que nos custou a todos lá em casa quando morreu!
EliminarRetribuo o abraço.
Uma postagem bem legal, Paula, gostei de saber dessas raças aí. Você é uma pesquisadora de mão cheia, também foi bom saber da sua amizade com o Snoppy.
ResponderEliminarAcho que gostará de ver o post no Vida & Plenitude, refiro-me a Portugal.
Bjs e bom domingo de comemorações.
Obrigada Anete.
EliminarNos anos 80 do século XX surgiram festas-concurso do queijo da Serra que ainda promoviam a raça. Os concorrentes tinham de se apresentar tanto quanto possível com o traje típico de pastor e acompanhado com o respectivo cão. Atualmente já não é assim. Ficam as vivências...
Bjs e tudo de bom.
Não fazia ideia de que tínhamos assim tantas raças de cães neste pequeno país.
ResponderEliminarGostei.
Um abraço e boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
No total são 11 as raças de cães portugueses.
EliminarAbraço e continuação de boa semana.
Obrigado por partilhar tão interessante tema!!!Boa semana 😘
ResponderEliminarBoa Noite
ResponderEliminarTempo para recordar duas coisas.
As Feiras do Queijo de Fornos .
Durante muitos anos passei por lá .
Adorava . Devorava e degustava.
Recordar o meu rafeiro , fiel e amigo , o Snupy . Que pelos meus 14 anos morreu envenenado nas
minhas Mãos e da Minha Mãe .
Eu abri - lhe a boca e minha Mãe deitou - lhe leite e azeite e sei lá
que mais ......para o salvar ...
...Mas morreu , o cão que fazia 600 metros para. ir buscar -me. á camionete que me trazia da escola
Nunca quis que os. meus. filhos sofressem com os animais de casa
Quis o destino que um roedor me conquista - se na Família Graça e tive que lhe fazer o funeral com todos em lágrimas ...
Adoro animais .
Os "Serra da Estrela " são únicos e património Nacional
Bem Haja pelo post
Boa semana
Antonio Miguel Gouveia
O cão é um animal especialmente ligado ao ser humano e muito dedicado, até se diz que o melhor amigo do homem é o cão.
EliminarA feira de Fornos de Algodres, era uma grande feira de queijo da serra e, aos nossos olhos, o Serra da Estrela é o cão é o mais belo do mundo!
Um abraço.
Cont. boa semana.
Era manhã de um dia de Páscoa, eu garoto, quando os lobos desceram as serranias e entrando no páteo, levaram o nosso cão e o comeram. Foi a partir daí que o tio Daniel, armou o seu, de igual porte com coleiras cravadas e a coisa por segurança pegou.
ResponderEliminarSe calhar ainda por lá anda, o velhinho cão serrano aquecendo no calor naquela lage virada à serra da estrela e o tio Zé Mota não o esquece, guardou-lhe tantos rebanhos pela imensidão de S. Pedro, deu guerra aos lobos e suas manhas.
É o nosso cão não apenas por ser da terra, mas pelos seus atributos, fiel, afável, companheiro...
Fiel, afável, companheiro, mas um dia o cão do tio Daniel ferreiro quase me mordeu! Ia para a escola com a minha prima Cila e decidimos fazer o caminho mais longo; depois desse episódio, tão cedo não me atrevi a passar naquela rua. Se calhar ainda por lá andam descendentes...cruzados com outras raças, claro!
EliminarO dos Valagotes é fofo.
Boa tarde Paula,
ResponderEliminarGostei muito deste artigo. Não conhecia algumas dessas raças portuguesas.
O cão Serra da Estrela é um cão muito bonito!
O poema é uma maravilha que descreve na perfeição esse nobre animal.
Beijinhos e um bom fim de semana.
Ailime
Olá Ailime!
EliminarO poema de Brás Garcia de Mascarenhas publicado em 1699 que narra as aventuras de Viriato está muito esquecido, a obra toda é um bocado aborrecida, mas ler "Viriato Trágico" em extratos... como a descrição do cão, até é bem interessante.
Mas diz a história que a primeira referência aos antepassados dos atuais cães desta raça encontra-se na descrição da oposição feita aos Romanos pelos Lusitanos no século II antes de Cristo, em que se diz que estes se faziam acompanhar de grandes, fortes e valentes cães.
Estamos sempre a aprender!
Beijinhos e um bom fim de semana.