Hoje é dia de apanhar algumas pontas que têm ficado mal atadas nestes anos todos. Por exemplo há uns aninhos falei dos jogos que jogávamos e falei por alto do jogo 'das comadres e dos compadres', mas afinal o jogo das 'comadres' e dos 'compadres' não era apenas um jogo ou sorteio de nomes que acabava com os casamentos carnavalescos, o sorteio do dia das 'comadres' distinguia-se do sorteio dos 'compadres'. O jogo das 'comadres' terminava no sábado de Aleluia, em que os rapazes presenteavam as raparigas com amêndoas.
Mas acabo de saber que afinal houve um outro jogo de sugestão amorosa praticado em Forninhos, com que as nossas mães, as nossas avós e bisavós brincaram. Chamava-se o Jogo do Raminho.
O jogo consistia no seguinte:
Aos domingos e dias Santos, depois do almoço, quando não havia baile, as raparigas juntavam-se em lugar abrigado ou ao sol e aí pegavam num raminho qualquer, malmequer, oliveira, alecrim, loureiro, sabugueiro...
A moça do ramo passava-o então à parceira do lado e dizia:
- Toma lá este raminho e adeus que eu me vou.
E a outra respondia:
- P´ra onde vais?
- Vou acarta do meu amor que tu não me dás.
- Dou, dou...
- Quem tu me dás? E encostava a boca ao ouvido da parceira, segredando-lhe:
- Dou-te F...
Novamente se repetia a lenga-lenga e se passava o raminho à moça seguinte e se dizia ao ouvido o nome dum rapaz e assim continuavam até se darem 5 voltas ao grupo, dando-lhe um namorado de cada vez.
Depois cada uma das participantes era convidada a dizer qual dos 5 nomes que lhes segredaram ao ouvido era preferido ou com qual ficava.
A escolha era assim, a primeira perguntava à segunda:
Quem te veste? Fulano, um dos cinco.
Quem te calça? Fulano..
Quem te dá comer?
Quem te leva a passear?
Quem te leva para a cama? Ela citava o nome e claro era este o eleito.
Feitas as confissões o jogo terminava.
Esta simples brincadeira foi com certeza veículo de alguns casamentos, pois constituía de certa maneira o primeiro passo a dar no caminho do namoro.
(Informante: M.ª Augusta Guerra da Fonseca).