Antigamente no Inverno, porque os dias são curtos, não havia MERENDA. Depois, chegada a hora de Verão, chegava também a hora da merenda. O acto de merendar fazia parte do dia a dia das famílias, pelo menos, há 40, 30, 20 anos atrás era assim. Está bem: ainda mais ou menos é assim, mas o termo, modo de dizer, só as pessoas mais idosas o usam, já que os mais jovens dizem "lanche" e "lanchar".
Da parte da tarde, quiséssemos ou não, era costume a família a seguir à sesta e antes de iniciar os trabalhos no campo, ainda com muito sol, comer a merenda. Aliás, a palavra merenda veio do latim memere, "merecer". Para comer algo, todos tinham de fazer por o merecer, parece. Mas o que me motivou a escrever este artigo foi a fotografia, uma amostra como há 40 anos atrás a família Carau fazia súcia, partilhava a merenda, convivia. Da esquerda para a direita o tio Zé Lopes corta o queijo com a navalha e reparem agora no colo do tio Ulisses.
Outras iguais tenho para por aqui registar coisas nossas que um dia já foram assim, sempre com a ajuda e explicação de alguém mais velho, porque se ninguém registar as vivências e modos de dizer, hoje bem distantes e mesmo desconhecidos dos mais jovens: «bye-bye».