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sábado, 7 de janeiro de 2017

O ferreiro


O ferreiro foi uma figura que fazia parte do quotidiano forninhense. Ainda hoje por lá persiste a alcunha de ferreiro e ferreiros.
Preparava os aros que eram colocados nas vasilhas do vinho (pipos, pipas, dornas), compunha algumas alfaias como enxadas, pás, foices, machados, fazia e aplicava os aros que iam circundar as rodas em madeira dos carros das vacas e carroças, também fazia dobradiças e aguçava os picos dos pedreiros e mais coisas...
Instalava-se numa casa térrea de terra batida e no interior tinha um maciço de pedra onde punha as brasas de urgueira ou carvão dessa lenha e, mais tarde, carvão de pedra, era a fornalha. Sobre ela o cepo com um buraco onde passava o bico do fole (uma pele de vaca cozida para formar uma espécie de saco) e a bigorna. Com o malho o ferro era batido e moldado na bigorna, depois de ter sido colocado ao rubro no lume da forja que se mantinha sempre aceso, graças ao manejo atempado do fole que enchia e despejava o ar e, assim, avivava o carvão onde o ferro incandescia. Ali próximo estava a pia com água para o temperar e encostadas ao cepo onde se apoia a bigorna ficavam as diversas ferramentas necessárias para determinados trabalhos, malho, maceta, marreta, martelo.
De notar ainda que o ferreiro usava geralmente roupa grossa e por vezes um avental de forma a precaver-se das faúlhas que sempre se soltavam. Naquele tempo não usava luvas, era com um velho chapéu preto de homem que o ferreiro pegava no ferro quente.
Forninhos mudou...a profissao de ferreiro desapareceu...já não se houve dizer "é preciso levar isto à forja para levar uma quentura", mas a história da nossa terra, faz-se sempre com a história das suas gentes, por mais singela que seja, só os autores da obra "Forninhos, a terra dos nossos avós" é que não sei porque razão acharam por bem não salientar a profissão de ferreiro.

40 comentários:

  1. Somos um povo que não se orgulha das suas tradições.
    Tanta profissão importante que caiu em desuso devido à modernização, mas que deveria ser recordada pelas autarquias.

    Beijinhos.

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    1. É verdade. O problema de Forninhos é que fazem obras a pensar em votos políticos e não em projectos para o futuro!

      Beijinhos.

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  2. Tantas tradições que infelizmente são perdidas em nome da modernidade... bjs praianos,chica

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    1. Pois, os tempos mudaram e embora se apregoe muita crise, as pessoas há muito que não precisam do ferreiro!
      Bjs/boas férias.

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  3. Apraz-me este tema, não fosse eu um descente desta "linhagem" de ferreiros por alcunha.
    Dizem e pelo ainda se vai ouvindo, já vem do tempo do meu trisavô ou pelo menos do meu bisavô, reza quem ainda vai mantendo umas résteas de memória acerca de tempos idos.
    Nesses tempos, casavam primos com primas. Da parte do meu bisavô
    vieram ao mundo uns oito ou nove rebentos com o apelido de "Almeida", mas fruto da profissão dos antepassados, ganharam os descendentes o apelido de "ferreiros", até hoje. Tal como o meu avô Francisco (Chico Ferreiro) e eu, de vez em quando...
    O derradeiro ferreiro a sério em Forninhos, foi o meu tio Zé que tinha a oficina no Lugar do Oiteiro da Lameira e ali trabalhava o que era para trabalhar e nos moldes descritos no texto, sendo que muitos mais haveria a acrescentar, tais como forjar as relhas dos arados, agulhas para saibrar as terras, moldar ferraduras para mulas ou cavalos dos viajantes por encomenda de um tal Bernardino dos lados do Barracão. Começavam manhã cedo, mas ganhavam bom dinheiro.
    Este meu tio Zé, partiu para Angola, fez vida e vinha de vez em quando com a família, sendo que o meu tio António ainda lhe quis dar continuidade, mas também ele partiu para África, parece que por falta de jeito. E a forja encerrou, apagou-se a chama e ficou o resto do ferro...frio.
    Já não se malhava no ferro e os pedreiros tiverem que se desenrascar para aguçar os seus picos das pedreiras, com pequenas forjes.
    Nunca vi trabalhar a forge do Oiteiro, mas lembro de ver aquele fole enorme, assente num pedestal de granito e brincar com os restos por ali espalhados, eu e outros, bombando num fole roto.
    Agora nada resta, nem do local, apenas memórias.
    E muitos ferreiros de alcunha.
    Que a dignifiquem!

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    1. Xico, o teu avô Francisco, era irmão da minha bisavó Teresa. Era irmão de mais 8 e dos 9 irmãos ele foi o último a deixar este mundo, mas posso garantir-te que nem todos tinham o apelido de Almeida. Quanto a irmãos, bem sabes que ainda hoje há grandes discrepâncias entre nomes de irmãos. Acho que só a partir da minha geração as coisas começaram a “entrar nos eixos”.
      A alcunha "ferreiros" parece que já vem de longe. Do pai ou avô dos nossos avós, Francisco e Teresa, que eram irmãos do tio António "ferreiro" (pai e avô dos Zés ferreiros), cujo apelido acho que era/é "Moreira".
      A maior família de Forninhos, era a dos ferreiros. Diziam isso.
      A forja era na casa que foi do ti António ferreiro e tia Santa (já demolida, a única maneira de voltar a vê-la é através de fotografa) e essa casa o ti Zé ferreiro deve tê-la herdado, tal como a casa da tia Rita foi herança da mina bisavó Teresa e é hoje casa da Augusta Rita.
      É muito interessante esta linhagem.
      Depois, no tempo do teu tio Zé, a forja ficava nessa casa do Oiteiro. Eu já só me lembro da do tio Zé Lopes, que dantes acho era do tio Ismael Lopes, pedreiro. Ficava ali onde é agora o lagar do Henrique Lopes.
      Por tudo isto, acho que a profissão de ferreiro merecia uma página naquela coisa que chamam "Livro de Forninhos" muito mais que os cesteiros, latoeiros, moleiros e almocreves, que apenas passavam por Forninhos!

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    2. Esqueci-me de dizer que depois, a emigração dos anos 50 e 60 fez da nossa terra, uma terra com menos profissões. Tu mesmo referes que os teus tios partiram para África e a forja do Oiteiro encerrou.

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    3. Paula, a forja que meu pai tinha e que eu herdei nunca foi de meu avô Ismael Lopes, a dele era naquele anexo de sua casa junto à casa da Isilda Grila que nós chamamos de cabanal, meu tio Elísio Lopes herdou. Agora pelo que descreves atrás, esse malandro, da minha idade, ainda tem uma costela minha (visto eu ter uns mesitos mais) sendo eu também bisneto da bisavó Teresa, nos os dois temos duas bisavós em comum, claro teve que haver casamento entre primos.

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    4. Sim, casou o meu avô com uma irmã do teu e este casou com uma irmã do meu.
      Da parte dos "ferreiros" os nossos bisavós chamavam-se Eduardo de Albuquerque e Teresa de Jesus, irmã do Francisco ferreiro, avô desse malandro da tua idade!
      Da parte dos "Coelhos" os nossos bisavós chamavam-se António Coelho de Albuquerque e Emília de Andrade.
      Quanto a forjas, só me lembro mesmo dessa do teu pai, que achava ser do teu avô Ismael, que eu não conheci; só lembro falarem que foi quem construiu o cemitério público de Forninhos. Sei hoje que foi o teu avô o responsável pelo corte de pedra, alvenaria e cantaria, para os muros e que lavradores, entre eles o meu avô Cavaca, com as suas vacas ajudaram a carregar a pedra!
      Conheci a esposa, a tua avó Emília.

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    5. O meu avô Ismael Lopes fez muitas obras, não só no Concelho como no Distrito. Casas muros cabines elétricas (na sua altura a rede elétrica espalhava-se pelo Distrito) fez o cemitério inicial e partilho aqui um conhecimento que muita gente não sabe, mesmo os mentores do célebre livro, que julgam saber tudo: meu avô tinha operários salariados e a Junta não tinha dinheiro para lhe pagar a construção do cemitério, mesmo assim meu avô o construiu, pediu em troca esse pequeno terreno onde fez a forja, esteve omisso até meu Tio Elísio restaurar a casa que comprou aos herdeiros(seu irmão Abel e sobrinha Aida).
      O seu ENGENHO (mais conhecido por sarilho)subiu muita pedra, tirou muito saibro dos poços, fez suar muita gente, ainda existe, está na posse de um neto, meu irmão Martinho, merecia uma foto com duas palavras no célebre livro, OBRIGADO ISMAEL LOPES, homem de muito respeito por todo o Concelho.
      Como neto, recebi bastantes recados de agradecimento de pessoas ilustres ainda meu avô vivo, pessoas com valor.
      Sobre os nossos antecessores, obrigado pelos dados, sabia que tu eras minha 3.ª prima mas o Xico pertencer à nossa "ARVORE", novidade, vou passar a chama-lo, PRIMO LONGE.

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    6. Deixa lá Henrique. O meu avô Antoninho que até mereceu uma foto, legendada como "fotografia antiga de Forninhos", também sequer mereceu ref.ª ao seu nome e associada a essa foto está um texto de m****. Tenho a certeza que o meu avô morreu sem ter na suas vinhas cultura de touriga nacional, mas enfim...
      Eu se tivesse de fazer um texto para essa foto era com a história da velha que fez uma pipa de vinho com bago de uvas. Na minha meninice ia sempre à sua vindima e o meu avô Antoninho contava-me sempre essa história, que fazia parte do dia-a-dia das vindimas da altura.
      Quem escreveu o livro não o conheceu, nem tinha de conhecer, mas quem cedeu a foto conhecia-o e bem sabe o que era a vindima do avô!
      O Antoninho "Matela" não foi tão importante quanto o teu avô Ismael Lopes, ainda assim merecia, no mínimo, ao pé da foto seu nome!
      As únicas pessoas que mereceram o nome no célebre livro foram: José Ribeiro Nogueira e Diamantino da Fonseca (pág. 135) e os dois não são naturais de Forninhos, nem devem ter netos em Forninhos, a terra dos nossos avós.
      Mas alguns de Forninhos continuam a não querer ver o óbvio. Lá é com eles...

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    7. Antes de mais nada, faço um reparo ao meu novo(para mim) primo, queria dizer PRIMO DE LONGE (afastado) mas o "DE" devia ter fugido. Nada importante, o que importa, é que além de ser da minha idade, além de sermos amigos e termos brincado na infância, venho a saber, graças a ti, Paula, que somos primos afastados, saber não tem idade ou melhor, conhecimento.
      O teu avô Toninho Matela, como eu ouvia falar dele na infância, a sua taberna/mercearia bastou para que fosse pessoa importante na aldeia e no LUGAR, na altura, minha infância, o LUGAR e a LAMEIRA, pareciam duas povoações, não fosse a nossa Bisavó Emília, viver a pouco mais de cinco metros deste teu avô, não teria conhecido o seu estabelecimento, parece os dias de hoje, certa rivalidade, nunca soube o porquê, era muito pequeno. Aqui, também morava, junto à nossa bisavó, nosso Tio (avô) Álvaro, irmão da tua avó Maria Coelha e meu avô José Carau, portanto fortes motivos para me lembrar desse local.
      O livro parece o míldio na videira, mancha(estraga) o bom vinho, erros e mais erros mas erratas para quê? Há que evidenciar o interesse, parecer e ficar bem na fotografia, faz-me pena o aproveitamento do desconhecimento da velhice do povo, mas nada é eterno, o dia de amanhã, será diferente, de certeza absoluta.

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  4. .....
    .....
    Nobre tema , sobre tão nobre profissão.
    Essa de casarem primos era " proibido " na minha terra.
    Minha Mãe e irmã , casaram com dois irmãos .
    Ou seja , a mãe das minhas primas era irmã de minha mãe .
    O pai delas a mesma coisa com meu pai.
    Nasço em Setembro e a minha prima em Outubro.
    Crescemos juntos. No mesmo parque. Na mesma casa. Fomos para
    a Primária juntos . Para o Preparatório.Eramos amigos em toda a hora.
    Depois separamo-nos no " Liceu".
    Perdi no sétimo ela seguiu ,fez carreira academica e " tirou" Agronomia. Mas o " pessoal" dizia .Não podem casar porque nasce filhos " tortos" !!
    A minha prima " irmã"/ " irmã" está no meu coração.Ela sabe.
    Foi sempre discreta .Amiga . Ajudou sem pedir nada em troca.
    Curiosamente é esta prima que em 1987 leva duas netas de Forninhos á Madeira,uma delas veio a ser a mâe dos m/filhos.
    Sobre " ferro" e " ferreiros" vejam de que me lembrei....

    Ah...esqueci-me ! Porque perdi o sétimo ano meu pai pôs-me a
    carregar pedra e ferro no Verão todo de 82 ? Ou por aí...

    Abr
    MG

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    1. Instituto Nacional de Investigação Agrária - Oeiras?

      Dantes era mesmo assim, se não queriam estudar e "ser alguém na vida" por norma o pai punha o(s) filho(s) a trabalhar...a carregar pedra e ferro...a guardar ovelhas...a colher resina...
      Estas eram algumas opções de vida que se colocavam.

      Quanto aos filhos "tortos" em Forninhos também se dizia isso, que vinham com uma "pancadinha". Ainda assim casaram muitos primos com primas. O meu pai tem um primo que ainda hoje o chama de primo-irmão.
      Na família dos ferreiros de Forninhos então foi uma farturinha!

      Bom domingo!

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    2. ....
      ....
      Em Oeiras , Paula, trata-se do "Milho Painço "...
      Como alguém escreveu aqui em Setembro ..???
      A minha querida prima dedica-se á Botânica no Funchal...

      Foi a capacidade de trabalho e sofrimento que o meu Pai meu deu e ensinou que me fez ultrapassar todos os
      problemas da vida. Eu queria estudar...
      Tinha uma vocação .
      Mas nos anos 70/80 a voz de filho numa familia pobre contava pouco.
      Havia uma horta para semear ...e ao primeiro deslize uma enxada para fazer 'calo' !!
      Quem veio atrás " bateu o pé " , fugiu de casa mas conseguiu.

      Da minha geração e na minha familia fui o único a ter três filhos.
      Irmãs , primas e primos todos com um ou uma filha.
      Todos saudáveis " graças a Deus" . ( que eu saiba )

      Ironicamente tenho dois sobrinhos (uma sobrinha e um
      sobrinho, que hoje empatou 4-4 no futsal infantis )
      e um enteado , em cinco anos , dos dez que nao falo com os " meus" . Tortos neste caso são os adultos.
      Alias , não entendo , nos tempos de hoje como nascem
      filhos deficientes .Mas acontece ...porque falta nos hospitais , muitas vezes ,a ternura das " vossas" /
      " nossas " parteiras....

      Boa semana
      Abr
      MG

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    3. ....
      ....
      Sei que o Rei D Carlos e a Rainha D Amélia foram recebidos em 1901 na Quinta do Palheiro Ferreiro
      a poucos metros do sitio onde nasci 64 anos depois...
      A grande verdade é que não tenho a vossa capacidade
      de investigação para vos garantir que por ali, no
      inicio do Sec XX, ainda haveria ferreiros...
      Existe no Funchal a Rua dos Ferreiros.
      Amola-tesouras e leiteiros lembro-me.
      Limpa-chaminés e sapateiros .Bordadeiras.
      Dentista a " sangue frio",conhecido pelo Careca da X Vermelha. Outra prova de vida porque passei em jovem.
      Tudo isto que um dia voltará ,menos o careca dentista
      Ou será que o Mundo nunca voltará atrás..???

      Abr
      MG

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  5. Uma bela homenagem a uma profissão em vias de extinção e antigamente não havia terra que não tivesse um ferreiro.
    Um abraço e bom Domingo.
    Andarilhar

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    1. Mas já diz o ditado "em casa de ferreiro, espeto de pau", veja se me entende.

      Abr/bom domingo.

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  6. Post muito bom. Penso que apesar da modernidade, o ferreiro ainda é muito importante...
    Relato joia sobre os costumes de Forninhos...
    Bom domingo...

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    1. Pelo menos a história diz-nos que a profissão de ferreiro existe desde quando o homem aprendeu a manipular e moldar os metais (em torno de 2000 a.C.) sem grandes distinções até os tempos actuais (sublinho até aos tempos actuais).
      Bom domingo/bjos.

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  7. Em criança recordo-me de ver a forja de meu avô paterno com um enorme fole pendurado nos barrotes do telhado onde após a vida no meio das pedras, regressando a casa à noite, iam aguçar e dar têmpera às ferramentas para o dia seguinte. Mais tarde, o fole desapareceu e deu lugar à recente ventoinha que algumas vezes dei à manivela enquanto avô, pai e tios se ocupavam dos picos, agulhas, guilhos, etc. Forjas só de ferreiro, não me lembro de ver em Forninhos. Mais tarde, quando meu pai regressou da zona de Leiria, comprou a casa que era da Tia Eduarda onde tinha dois anexos do qual um lagar onde fez uma forja onde colocou um cepo (ainda existe) para a bigorna. Pouco se utilizou dela, mais o Sr. Cabral fazendo serviço de serralheiro. Em 2013, parcialmente restaurada, decidi permanecer com o lagar de pedra mas a forja demoli há dois anos onde a pedra que suportava a ventoinha serve agora de base para cuva de vinho. Encontrei um anuncio de venda de uma forja de ferro fundido (Oliva) com ventoinha e bidão de carvão, não resisti e hoje faz parte do recheio do lagar que também foi tear, arrecadação de lenha, galinheiro, pombal, hoje adega mas sei que também serviu para alguns petiscos que a juventude amiga surripiava nos galinheiros, nos potes das chouriças, onde houvesse.
    Mais forjas, meu pai teve uma outra, ainda em tempo de meu avô, hoje é parte da casa de meu irmão António e da do Tio Zé Coelho ainda na casa da Tia Raquel. Hoje a forja leva-se para a obra, bidão cortado ao meio onde se fixa a ventoinha e cepo com bigorna e na hora se dá um toque nas ferramentas meus irmãos fazem isto. Antigamente, quando se ia para povoações um pouco distantes, meu avô também montava a forja junto à obra, onde permaneciam alguns dias sem regressar a casa.
    Quanto ao livro sobre Forninhos, já se disse tudo e então sobre esta profissão, muito explícito, talvez para quem não sabe o que é um pico.
    Mais uma vez, parabéns Paula.

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    1. HOMENS DE AÇO, de outra têmpera, Henrique!
      Esses (os do "livro" & Cp.ª), nunca brincaram a dar ao fole!
      Se há pessoas de Forninhos que lembram bem ver o tio do Xico a nalhar o ferro, quer para o rodado dos carros de bois quer aros dos pipos e dornas, com a bigorna bem quente, é porque a lembrança perdura! Só "eles" sabem a razão porque não salientaram o ferreiro!
      Sem desprimor pelos outros comentários, gostei muito do que comentaste, pelas lembranças e pelo que referes acerca dessas forjas usadas pelos pedreiros e mecânico (tio Cabral), digo pedreiros e não ferreiros, porque por nalharem o ferro não eram ferreiros, assim, como quem faz um cesto não é cesteiro, nem quem solda um balde é latoeiro...!
      Tenho de entrar um dia no teu lagar, que tem um janêlo espectacular!

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    2. Este meu lagar/adega, além do janelo tem um lagar (tanque) que é uma obra de arte, além de enorme parte dele está suspenso em pilares (por baixo já foi galinheiro), esteve para ser destruído e aproveitar as pedras que são enormes mas alguém me chamou à razão e reconheci, hoje está cheio de bidons de plástico e pipos.
      Quando eu o puser, minimamente arrumado, vos convidarei para abrirmos uma garrafa e fotografar o janelo, o lagar, a forja e o cepo com a bigorna, uma questão de oportunidade.
      Bjs prima e um abraço ao meu "NOVO" primo.
      Pensa em elaborar a nossa "arvore", gostava de a ver aqui publicada.

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    3. Construir uma árvore genealógica é uma tarefa desafiadora, requer tempo para pesquisar sobre os nossos antepassados e de momento, Henrique, tempo é o que me falta!
      Podia, claro, aqui n' O Forninhenses fazer um post com todas as informações que já reuni, mas para isso precisava que nele os integrantes da nossa família pudessem interagir entre si, para também acrescentarem o que sabem, mas ninguém está para isso, portanto, não prometo, mas fica registada a sugestão.
      BJ** meus e um abraço do teu "novo" primo ;-)

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    4. Os sobrenomes dos nossos familiares, me esqueci, prevalece as alcunhas, coisa rica em Forninhos, mas graças a ti estou a relembra-los e comecei a elaborar a minha "árvore" a partir dos bisavós paternos que será a mesma que a tua até aos nossos avós.
      Vá lá, vamos tentar, comecemos pelos bisavós, Eduardo de Albuquerque e Teresa de Jesus, vamos procurar os nomes de seus filhos, que parece foram bastantes, isto é FAMILIA DE FORNINHOS.

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  8. Era um trabalho duro. Na Seca havia um ferreiro. A oficina dele, era ao lado do armazém da lenha, onde trabalhava meu pai.
    Um abraço e uma boa semana

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    1. Duro e sujo, Elvira!
      Mas de extrema importância, ainda hoje encontramos em museus, igrejas, catedrais, etc., rendilhados e outras aplicações metálicas produzidas pelos ferreiros do nosso Portugal.
      Ab./cont. de boa semana.

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  9. Uma profissão que caiu em desuso!
    Meu avô era tanoeiro!
    Bj e obrigada pelo recordar!!!

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    1. A arte da tanoaria também já foi uma arte de grande procura!
      Um meu bisavô foi carpinteiro. Sucedeu-lhe um filho que lhe aprendeu a arte e, mais tarde um neto.
      Mas sabe Gracinha, em Forninhos, o carpinteiro ainda vai sendo lembrado, já o ferreiro, eu diria mesmo, que nada ainda foi feito para que as memórias dos nossos ferreiros se mantenha viva.
      Bjo.

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  10. Bom dia, a profissão de ferreiro para alem da força física tinha a sua técnica, desde o moldar a temperar para que o ferro ficasse mais resistente, profissão que foi substituída pelas maquinas.
    AG

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    1. E é melhor as máquinas?
      Se o progresso dá ao homem mais e melhor, em menos tempo, então, é. Mas em nome do progresso já se acabou com muitas artes!
      Bom fim de semana.

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  11. Na minha aldeia também havia um ferreiro. Trabalhava com forja e mais tarde passou a soldar com elétrodos o que foi mais uma novidade para mim. Na oficina dele vi a primeira rebarbadora. Muitas vezes pedia-lhe se me deixava fazer os meus "biscates" em troca tinha de lhe ir buscar um barril de água à fonte. Aprendi muito com ele apenas a ver fazer e só mais tarde tive oportunidade de por em prática, relembrando aquilo que vi. Temperar o ferro tinha muito que saber eu via ele esfregar um corno de carneiro no ferro quente, via-o mergulhar lentamente o ferro em água e por vezes rápido. Só mais tarde entendi o porquê e tive de aprender, em teoria algo sobre isso. Não sei fazer mas tenho pena. Mas aprendi a soldar com elétrodos. Não era qualquer ferreiro que fazia um portão todo rebitado e muito menos fazer bem feito uma soldadura por caldeamento.

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    1. Obrigada por nos dar a conhecer as suas experiências, pela visita e palavras.
      Sublinho "Não era qualquer ferreiro que fazia um portão todo rebitado". Ao percorrermos as ruas da nossa aldeia encontramos lindas sacadas com grades de ferro com lindos motivos, portões e bandeiras das portas também. Tenho para mim que esses motivos: "caracois", "flores", "laços", etc. eram feitos por mestres-ferreiros. Pena as novas pessoas olharem para as bandeiras de porta, grades das sacadas, perceberem que o metal faz parte do nosso edificado e depois não saberem que profissão de ferreiro, é uma peça importante do "puzzle" Forninhense.

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  12. Oi Paula, muitas profissões que já foram super importantes no passado, hoje estão em desuso, a do ferreiro é uma delas, que antes era de muita utilidade, a gente ver nos filmes, e assim as coisas vão se transformando, mas eu admiro muito o trabalho dos ferreiros. muito bom que tenhas relembrado.
    Beijos.

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    1. É mesmo Fátima! Aquilo que antes era importante, hoje está fora de moda e muitas peças feitas por ferreiros são vendidas pelos seus donos para o ferro-velho (sucata).
      Bjs/bom fim de semana.

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  13. .....
    .....
    Tropecei , por estes dias , na Travessa das Merceeiras, não muito longe das pedras de esquina nas Escolas Gerais, no coração de Lisboa...

    Só mais uma achega. Na minha terra também existe a Rua dos Tanoeiros. Nunca conheci nenhum.

    Abr
    MG

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    1. Bem, nunca na sua terra conheceu um tanoeiro, mas não é de descartar a hipótese de ter havido tanoeiros nessa Rua ou noutra. Que sabemos nós da nossa história, anterior aos nossos bisavós?!
      Abraço.

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  14. ....
    ....
    Claro que sim !!!
    A minha falecida Mãe foi aprendiz de Apicultura.
    Tivemos 4 ou 5 colmeias. E muitas picadelas.
    As profissões do passado para mim foram absorvidas pela força
    e necessidade de aos 13 anos meter umas botas de água nos pés
    e ir de madrugada regar o feijão com minha Mãe.
    Na cidade que ficava a dez minutos as Ruas de muitas dessas
    profissões guarda grandes memórias. Mas depois de 75/80 a modernidade foi matando tudo !!!
    Até o trabalho no vime uma arte que se foi extinguindo com o
    tempo como as bordadeiras etc .
    Felizmente alguns arquitectos vão reconstruindo o passado, em
    Lisboa alguns espaços recordam tudo isso...

    Abr
    MG

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  15. Boa tarde Paula,
    Cheguei atrasada;)) mas a tempo de ler este belo artigo.
    Acho que as aldeias antigamente tinham vivências semelhantes.
    Agora tudo é importado, pouco se produz e naquele tempo como no caso do ferreiro (havia muitos mais artífices, como aqui já tem referido) tudo era concebido e feito na aldeia para suprir às necessidades.
    Próximo da casa dos meus avós existia também um ferreiro e sempre que passava na rua parava um pouco a observar o ferro todo em brasa a ser torneado.
    Outros tempos, mas que nos ficaram na memória.
    Um beijinho,
    Ailime

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    Respostas
    1. E é mais uma memória que irá perder-se. Uma pena. Não sei porque razão nem porque culpas até aqui nada se escreveu ou fez para lembrar tão importante arte.
      Beijinhos.

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