Quem por aqui foi passando sabe
que ultimamente escrevi muito sobre temas sérios. Confesso que preciso de mudar de assunto. Assim, hoje fui um pouco mais atrás e
puxei cá para cima umas fotos que já aqui tinha deixado de duas equipas de futebol e
sobre as quais já escrevi.
Durante vários anos, o
equipamento de Forninhos era o do Belenenses e era no terreiro da N. Senhora
dos Verdes que as equipas jogavam, local onde existiu durante muitos anos o
campo de futebol e toda a aldeia e simpatizantes os acompanhavam. Os jogos que
se organizavam por estes anos eram informais, bem como as equipas que se
formavam. Jogava-se normalmente aos Domingos à tarde, com equipas de terras próximas. Os testemunhos
dos elementos destas equipas, esses, são vários, mas transcrevo uma amostra, contributo do nosso amigo Xicoalmeida. Cá vai:
O campo da Sra. dos Verdes era
paradigmático; os descontos de tempo de jogo eram passados pelas duas equipas,
para desprender a bola presa na árvore que se encontrava dentro do campo.Quando caía, era mais festejado
que um golo.
Jogávamos pelas terras vizinhas,
aonde não tínhamos fama de bonzinhos, nem abstémios.
A mais difícil era para mim
Dornelas, dado que jogava a avançado e levava “porrada” sempre de um defesa
“maluco” chamado Pacheco, com o dobro do meu tamanho e se calhar idade.
Em Sezures o jogo durava a tarde
toda!Parecia as 24 horas de Le Mans. Cada vez que a bola saía do
campo, pela ribanceira em direcção à estrada, ir e vir, era meia hora.
Gozo, gozo dava a Matela: ou levavam meia dúzia para cima ou
não acabava o jogo. O árbitro era o castiço e caseiro do Castanha.
Recordo uma vez que me invalida mal um golo por fora de
jogo, refilei como de costume e para variar, deu-me ordem de expulsão.Senti o caldo entornado; o Tonho Gordo sai da nossa baliza,
qual touro Miura, remata à baliza adversária, agarra no poste e era uma vez uma
baliza!Um piparote aqui, outro acolá, nada de especial, nem de
anormal.
No fim, no tasco junto aos tanques, lá estava a bela punheta
de bacalhau, às vezes só bacalhau com sal e tudo, pão e vinho, muito vinho, e o
Vasco Latoeiro. Tínhamos fama!
O regresso de qualquer aldeia era sempre em festa, empoleirados no tractor do Tónio ou Samuel Cavaca, garrafão na mão a cantarmos a Grândola Vila Morena ou a laranja doce tem a casca fina...
A equipa tinha fama de raçuda, de armar confusão e de beber (se calhar éramos apenas nós...) e talvez por isso nos tenham convidado para o jogo de inauguração do Campo de Futebol de Aguiar da Beira (anterior ao actual).
O Ti Zé Maria Índio, bem me disse para encostar a lateral direita que eles não me seguravam; o primeiro golo foi canja!
O regresso de qualquer aldeia era sempre em festa, empoleirados no tractor do Tónio ou Samuel Cavaca, garrafão na mão a cantarmos a Grândola Vila Morena ou a laranja doce tem a casca fina...
A equipa tinha fama de raçuda, de armar confusão e de beber (se calhar éramos apenas nós...) e talvez por isso nos tenham convidado para o jogo de inauguração do Campo de Futebol de Aguiar da Beira (anterior ao actual).
O Ti Zé Maria Índio, bem me disse para encostar a lateral direita que eles não me seguravam; o primeiro golo foi canja!
O pior foi a partir daí, metem um novo defesa chamado Zé
Alberto, que tinha estudado comigo, bronco, a ameaçar que me partia as pernas,
a seguir vem o Rui do café Brasil, a dizer o mesmo.Pensei: se mas partem, não marco mais nenhum, tenho de
despachar isto; bastaram cinco minutos: Vai buscar!
2-0 para Forninhos.
Confraternizamos e no fim nem a Forninhos fui. Tinha ido de
Lisboa mais o meu primo Graciano, irmão da Iracema, nesse dia e nesse dia
voltamos.
Vínhamos contentes pelo resultado, mas tristes pela festa no
tractor!
Depois o equipamento mudou para a cor verde e de lá para cá então... tudo mudou. Outros tempos?
Xicoalmeida, disse:
Os tempos não mudaram, as pessoas, sim!
No meu tempo, jogávamos na Sra. dos Verdes, se tivéssemos um
campo na altura como esse agora, ainda hoje lutávamos na Liga Europa ou na
Champions (brincadeira…).
A seguir ao 25 de Abril, com o calor da
Revolução dos cravos, num belo Domingo (salvo erro) mobilizamos uma parte do
povo de Forninhos e “invadimos” o pátio da casa do Sr. Amaral. Exigimos que nos entregasse um terreno que tinha pinheiros
pequenos, que lá faríamos um campo de futebol.
Não foi fácil, mas aquilo valia dinheiro e a maior parte dos
ricos, já se sabe!
Devemos ter-lhe parecido um bando de malucos e possivelmente
em situação de recurso, comunistas assassinos.
Não sei, o que sei foi o resultado.
Nesse local está hoje o campo de futebol de Forninhos.
Arrancamos para lá e houve festa rija, com o saudoso Ti Zé
Carau a lançar uma descarga de foguetes.
Danados para a brincadeira.
Forninhos sempre foi uma aldeia
pequenina, mas penso que o segredo do sucesso dos Domingos à tardinha... estava na amizade e união entre todos e na enorme vontade de fazer
mais e melhor pela cultura e desporto.
Lembro-me bem desses jogos de futebol, os nossos maiores rivais eram os jogadores de Dornelas, quando jogávamos com eles era um jogo de sofrimento.
ResponderEliminarHá um jogo de futebol com Dornelas que nunca me vou esquecer. Tinha eu quatro ou cinco anos, fui com a minha irmã Zita ver um jogo numa tarde de Domingo à Senhora dos Verdes, quando vínhamos para casa vínhamos muito contentes tínhamos ganho o jogo, eu vinha a dançar pelo caminho quando um rapaz com uma bicicleta me atropelou, fiquei com um pé bastante ferido não conseguia andar, a minha irmã teve de me levar ao colo para casa, quando cheguei a casa a minha mãe ao ver o meu pé cheio de sangue, ficou tão zangada que queria bater no rapaz e partir-lhe a bicicleta ao meio, mas não fez nada ao rapaz nem à bicicleta, o rapaz também estava muito preocupado com o que tinha acontecido.
Ainda andei bastante tempo no médico para fazer o curativo do pé, hoje ainda tenho a cicatriz.
Maria, tu tens mesmo azar, olha o que a bicicleta te fez, mas também é bem feito, quem te manda vir a dançar no meio da rua, nesse tempo os meios de transporte pertenciam à maioria silenciosa, hoje não serias atropelada porque já fazem muito barulho, mas pronto já podes que uma actriz da SIC (cicatriz), eram outros tempos bons velhos tempos que já não voltam, hoje são meras recordações que mesmo não sejam as melhores, nos fazem sorrir só de pensar neles.
ResponderEliminarNão me digas Maria que ainda por cima também ías a cantar:
ResponderEliminarNo Domingo à tardinha
No campo da lameirinha
Pus a bola a saltitar
…
Chegai-lhe agora
Fazei-lhe ver
Os de Forninhos acabaram por vencer <o)
E tu João, não sejas 'mauzinhooo' ;)
A nostalgia desperta dentro de nós, mas é tão bom lembrar e sorrir com estes momentos :)))
Dos jogos no campo da Senhora dos Verdes não me lembro, mas lembro-me bem dos jogos no Campo do Picão (actual campo de Forninhos) e da união e espírito de equipa que os acompanhava e disso toda a descrição do Xico é realista e eu quero agradecer-lhe, de novo, estas recordações. Mas todos, mais velhos e menos novos, temos lembranças dessas tardes gloriosas de Domingo e sabemos bem que nesses tempos era mesmo assim: UMA FESTA <o)
Lindas recordacoes, que se poderiam dizer de todas ou quase todas, as nossas aldeias da Beira Alta.
ResponderEliminarQue pena hoje nao haver em muitas delas, nem jogadores suficientes para um jogo de "Futsal"!!!
Um abraco de amizade da Beira.
Mas é mesmo… já não há nas nossas aldeias pessoas suficientes para formar uma equipa de futebol de 11.
EliminarQuando a seguir ao 25 de Abril mobilizaram uma parte do povo e “invadiram” o pátio da casa do Sr. Amaral, uma das casas mais ricas, ao tempo, de Forninhos (já aqui trouxe a Casa do Sr. Amaral) exigiram que entregasse um terreno que tinha pinheiros pequenos, que lá fariam um campo de futebol. Dito pelo Xico, não foi fácil…mas o resultado é que nesse terreno está lá hoje o campo que existe em Forninhos, que é onde vai acontecer no Domingo, dia 15 de Julho, às 10H30 o jogo de futebol de 5 (cinco) e não de 11 (onze). Por tal é que eu cada vez mais gosto de surpreender aqueles que acham que Forninhos nasceu há coisa de 3 anos, para que percebam o que muitas gerações de forninhenses fizeram pela terra e as coisas boas que fizeram história.
Na década de sessenta, de setenta e oitenta, realizavam-se vários jogos e essas realizações não eram organizadas pelas Junta de Freguesia, mas com o passar dos tempos o que eu verifico é que lamentavelmente é a Junta e pessoas que fazem parte do Executivo que organizam todos os eventos, quando a meu ver não devia ser assim. A Junta, sim Sr.! deve proporcionar condições para a realização de eventos, mas não tomar a seu cargo as realizações! Mas sem uma ‘revolução de mentalidades’ não chegamos lá…
Um abraço igual para si e bem-haja pelo comentário
Boa noite.
ResponderEliminarPois, como agora li este novo post, tanbem eu, bem me lembro desse campo de futebol, Senhora dos Verdes, nesse tempo tinhamos uns adverssários contra nós e outros a favor, as ditas árvores de que o xico fala.
Ali se fizeram muitos jogos de futebol aos Domingos á tarde, mas quase nenhum acabava em bem.
Recordações de vários jogadores dessa época, o Nélio Peleira, Zé pego, que guarda-redes..., tonio gordo, luis mudo, e outros.
Mas os tempos mudam e até mesmo as pessoas, pois que um belo dia, não sei como, mas ainda me recordo de ver uma grande máquina a devastar esse terreno deitando os pinheiros ao chão e dando lugar ao novo Campo de Futebol de Forninhos, acabava-se assim os minutos perdidos a retirar as bolas que ficavam presas em cima nas árvores do antigo e velho campo da Senhora dos verdes.
Oi linda
ResponderEliminarInfelizmente perdemos a Tina,mal posso acreditar,uma pessoa maravilhosa,vivia em uma fazenda com seu marido e pertinho da mãezinha ja bem idosa e parentes,uma vida prospera,honesta e cheia de amor,em meio da natureza.
Jamais poderiamos esperar que alguém que mais ficava em sua fazenda pudesse pegar uma gripe que normalmente se pega em grandes cidades,não sei como isto aconteceu.
Aqui no Brasil a população anda tomando a vacina contra o H1N1,acho que em todo o mundo,não sei porque a Tina não tomou,mas sei que e uma enorme tristeza,nem quero pensar na familia dela,na casinha tão carinhosamente arrumada,no fogão de lenha sempre a queimar a lenha e fazer cafezinho da hora,a comidinha caseira....nem posso acreditar.
Mas como você mesma nos contou a Tina tinha fé,ela vai deixando um rastro de luz muito forte,e muitos corações entristecidos...muitos.
Bjs
Deusa
vasinhos coloridos
Quando soube do falecimento da Tina, pensei na rapidez com que tudo pode mudar. Mas como alguém dizia “tudo tem um fim” e a nossa amiga deixou o SEU CANTINHO NA ROÇA e nós perdemos uma pessoa que também fez parte da história do Blog dos Forninhenses.
ResponderEliminarLembro-me do seu primeiro comentário e de muitos outros bonitos comentários que deixou nas nossas postagens…lembro-me eu e todos os que com ela conviveram, certamente. Nestes dois anos de convívio virtual, fica a saudade real.
Obrigada Tina, pelo que também nos deu. Esperamos que também tenha levado consigo um bocadinho de Forninhos.
Um abraço e Paz à sua alma!
Em Janeiro último a Tina escreveu:
«Deixou saudades?
Meu pai sempre nos dizia que devemos viver de uma maneira que deixemos um rastro luminoso quando partirmos para a eternidade...com certeza este senhor deixou este rastro luminoso, não é?
Ser motivo de uma postagem neste querido blog, me faz pensar assim...
bjs
Tina (MEU CANTINHO NA ROÇA)».
in postagem ‘faz hoje (dia 11) um ano que ele nos deixou' (tio António Carau).