Comecei a namorar, tinha catorze anos...
Assim começa o relato desta minha amiga, que casou neste dia do ido ano de 1961.
Por detrás ficam quase dois anos de luta, para ela, Joana e o Alfredo.
Andava na altura a aprender a costurar com a Bragança, filha do tio Carlos e mais conhecida por professora Mariana, mas as bocas do povo, tal como ainda hoje que continuam sem telhas de vidro (casa honrada tinha pelo menos uma...), teve que partir, neste caso para Lisboa.
Ficou em casada da tia Rosária juntamente com o seu irmao João e cujo tio tinha uma boa colocação.
"Aguentei cerca de mês e meio no ir aprendendo costura, mas voltei, tinha de voltar; estava farta de escrever todos os dia uma carta, tal como ele, não fazia sentido e fosse o que Deus quisesse."
As cartas na terra, não tinham selo, eram levadas pelo Júlio Grilo a cada um de nós e as minhas escondia por detrás de um quadro dependurado na sala, até que mais de um ano depois a minha mãe descobriu e ordenou: "Vão casar!"
E graças a Deus, casamos numa quinta-feira, coisa incomum neste dia de semana, mas a razão tinha a ver com a ida do irmão do noivo, o Adriano de partir no outro dia para a tropa.
Houve boda, sim senhor e como mandavam as regras, vinho a cântaros, ovelhas, arroz doce e pão-leve, fora os galos e galinhas...pela noite adentro.
E mais, perguntei, a lua de mel?
Madrugadora, às seis da matina o meu pai grita: "Vamos, temos os chícharros do tio Luís Rebelo para apanhar!
Mas, sabem, somos um casal e uma família feliz!!!
Eu sei que sim Joana e ficamos extremamente gratos por nos honrrares aqui com o teu testemunho.
Um beijo!
Que linda historia de vida e azmor fe uma vida! Gostei! Bjs chica
ResponderEliminarÈ, não é?
EliminarDifícil é perdurar tanto tempo...
Beijinho, Chica.
Uma história de vida de outros tempos!
ResponderEliminar...
Eu também não tive lua de mel por causa da guerra!
...
Um belo testemunho
Bj
Hò Gracinha, tempos já modernos, basta ver a ementa do banquete...mas e agora a sério, resumo e arremato na singularidade das coisas; havia amor e luta.
EliminarMais nao digo. Beijo.
E eu a pensar que a lua de mel tinha sido na Santa Eufémia da Matança!
ResponderEliminarParabéns Joana, parabéns tio Alfredo.
Beijinhos&Abraços.
No dia 14 de Setembro de 2011 "O Forninhenses" já publicava a seguinte nota festiva: "A comemoração do aniversário de casamento é uma data importante para qualquer casal, principalmente quando se comemora as Bodas".
Na altura, houve pessoas que me criticaram por publicar, primeiro, umas "Boas de Prata" (da Lurdes e do Tónio), depois, umas Bodas de Ouro (Joana e Alfredo) - era exposição a mais, coisas pessoais - elas nunca fariam tal - disseram-me. Hoje é vê-las a publicar o que comem, o que bebem, etc. e tal...
Como em meia-dúzia de anos as pessoas mudaram.
Ainda bem que não somos todos iguais e realmente este casal é diferente e faz a diferença.
E a foto?? É simplesmente maravilhosa, como o são todas as fotos a preto e branco (antigas). Conheci o João Albuquerque (irmão da noiva) e o pai (tio Armando); o Adriano (irmão do noivo); o tio Horácio e creio que a rapariga atrás do homem com chapéu é uma filha da tia Ludovina, a que casou com o tio João Teixeira, se é ela, encontrei-a algumas vezes na Amadora. Na fila da frente, o pequenito, deve ser filho da tia Jesus, talvez o Zé Fernando.
Muitas felicidades, tchim! tchim!
Eu, que corro para a velhice, tenho uma pequena ideia de no dia 16 o irmão, avançado no tempo, levar para a Santa Eufêmia um rádio a pilhas e que levou de vencida as concertinas com a música popular que ele soltava.
EliminarO recato, ficava nas sombras dos pinheirais, dengosos e frescos, animados.
Tal como posso deduzir no que dizes, poderia porventura parecer mal tanta animação, afinal era dia de festa...
Mudou o tempo e ainda bem que as vontades, bem-ditaa liberdadeque resgata preconceitos...e direitos!
É preciso coragem para deste modo singular, desafiar os que não estão com eles no mundo que criaram e com pleno direito se orgulham...
As gentes da foto, foram e outras ainda são, maravilhosas, tal como os noivos, boas gentes.
Outros, que aqui ponham os olhos...
É verdade, esse episódio já foi contado aqui N'O Forninhenses pelo João Albuquerque.
EliminarNessa altura ia-se à Santa Eufémia a pé e todos os caminhos iam dar à Fonte Fria na Matança.
E era a pé que se ia para a Igreja para casar e a pé da Igreja para a boda. Ninguém ia de carro, embora o primeiro carro que se viu em Forninhos tenha sido por essa altura, 1961/62.
Mas à nova geração, não sei porquê, querem mostrar-lhes que os nossos antepassados eram finórios, andavam de carro...por acaso andavam, andavam com e no carro das vacas e não é vergonha nenhuma!
Foi quando estavam na mata a saborear os petiscos (nessa altura levavam a merenda, que acabava pelo S. Miguel) que o João Albuquerque ligou o rádio de pilhas, coisa rara naquela altura, sintonizado na Emissora Nacional, que naquele dia transmitia uma hora de música popular portuguesa; quando as pessoas do baile a começaram a ouvir, largaram as concertinas e as gaitas de beiços e todos bailaram ao som da música do rádio.
Hoje se calhar era ao contrário, preferiam bailar ao som das concertinas e deixar para trás o som do "melhor" conjunto.
Mais de meio século passou sobre este dia, é aceitável mudar de gostos e até de opinião, mas mudarem em meia dúzia de anos?!
Até me disseram que deviam ter vergonha (os casais) de querer a festa ou anúncio das Bodas no blog!
A ver pelo que agora publicam, aquilo devia ser o que chamam de dor de cotovelo, ninguém muda a opinião em tão pouco tempo, digo eu!
Tomara muitos serem como este casal, sempre prontos a ajudar o próximo, a servir Forninhos (e bem), se não fosse o Alfredo a Igreja QUE SOMOS TODOS NÓS, o Sr. Padre nem tinha quem o ajudasse, têm uma casa de turismo rural aberta, pronta a receber quem é da terra e quem não é, mas tudo isto incomoda...e muitos ficavam contentes vê-los longe de Forninhos ou pior...
Eu gosto muito deste casal, pois gosto de pessoas com qualidades e defeitos.
Em Forninhos, sem defeitos só há uma pessoa e não é a Joana, é a Bragança, mais conhecida por professora Mariana.
Em que outra terra há uma pessoa sem defeitos?
Forninhos é mesmo uma terra ímpar!
E diz o povo:
Eliminar- Os casamentos não se devem celebrar nem às terças nem às sextas-feiras.
Belo e emocionante post...
ResponderEliminarAdmiro a resistência dos casamentos FELIZES com 50 anos ou mais.
Hoje em cada 10 , sete acabam em Divôrcio...
Filhos de um lado e outro...
Construir a FELICIDADE demora anos..
Destrói-se tudo numa tarde de loucura...de assalto e saque !!
Mas nem tudo é mau...
Para quem luta o SOL trás sempre no CORREIO sem selo a SORTE
de um SORRISO....
Bom fim de semana
MG
Sabe, amigo, já tive tantas "malandrices" nesta terra que adoro do fundo do coração, que até e publicamente, a morte vinha anunciada para a Quaresma. Toda a gente tal sabe e tal escrevo por estar vivo.
EliminarPor respeito a si, amigo, lhe digo:
Compreendo.
Nao sou advogado para falar nem no modus nem no tempo, mas sou um cidadão comum que não pode ficar indiferente a este
trama.
Dói, claro, quando malandros andam à solta, mas amanhâ, o amanha, pode trazer outro dia...
Ve como este casal deu a volta à vida?
Bora lá, Miguel, coragem!!!
Sabe Xico, desejar a Morte a alguém é dar-lhe vida...
EliminarA mim também muita gente já me tratou de travar a caminhada....sobretudo depois de escrever neste Blog
e noutros locais..! Já fui ameaçado de Morte até na
minha familia de " sangue" mas cuitado , perdido , eis
que a doença e a velhice o imobilizou !! Está perdoado.
Quis em vida que meu PAI resolvesse a bem aquilo que
sobra do sua herança de MEU AVÔ MATERNO !!
Chamava os filhos a uma mesa e tratava de tudo de forma
transparente (até era fácil de tão pouco que se trata).
"Matem-se todos....depois de eu morrer.." disse ele.
Agora - tudo a saque - uns a roubarem outros , uns sem
falarem com outros- assinaturas falsas - processo em
Tribunal- ganância e sabedoria saloia - Para quê ??
Parei para reflectir...
Numa Avenida de Lisboa defrente pra uma realidade...
Um cliente amigo com 45 anos á beira da morte...que de
tanto me ter ajudado..me apetece só chorar e rezar
por ele...Chegou de férias da Hungria com a familia e
sentiu cansaço. Já não saiu mais da Cuf Descobertas !!
Assim...num estalar de dedos..
A VIDA tem este valor : NADA !!
Eu já sabia disto..mas hoje reforçei...
Mas mas não podemos desistir...escrever tem mais peso
que palavras , quando lidamos com cobardes..e eles são
muitos em todo o lado !!!!
Ficar escrito...é História...mesmo que isso não altere
o destino das " coisas "....
Ando a dizer aos meus amigos que estou em dieta porque
quando morrer ter 75 é diferente de ter 98 kgs ..fica
mais barato ..kkkk
Temos de brincar até com essa coisa que nos desejam :
A Morte !!!!
Abraço
MG
Obrigado , do Fundo do Coraçao Xico..
ResponderEliminarIsto da VIDA é uma coisa gira..
Ás vezes não temos tempo para rectificar os nossos erros..
Os nossos erros somados ao saque que nos fazem ! Puxa...!!
Só a FORÇA divina me safou..E a fé de MINHA MãE..!!
Tive tudo para cair nas ruas..Bastava não resistir aos copitos
dos Pedros e dos Afonsos que adoravam a minha companhia nas
ruas quentes de Verão da 31 de Janeiro ao C do Sodré - afogando a revolta - da crueldade dos que me roubaram os FILHOS !!
Eis que dez anos depois três crianças me abraçam - sem que lhes
tenha de dar nada em troca senão AMOR - Sim . AMOR !!!!
Eis que Deus me deu FORÇA BEIRÃ e SANGUE de ILHÉU para encarar
a caminhada que me falta com tranquilidade !!
E o post ?? Lindo .Parabéns aos Construtores do AMOR e FAMILIA
porque sendo tão raros me apetece dizer - Lhes : Obrigados !!
Tenho agora á minha beira um exemplo : A Mila e o Graça ...
Os obreiros da PAZ que finalmente encontrei na TERRA..
Posso morrer amanhã que morro de consciência tranquila...
Porque quando AMEI - AMEI de Verdade - Quando Odiei Fugi ,tive
medo porque o outro era PIOR que EU..!!!!
Obrigado por me aturarem...faz três anos !!!!
Tenhais a certeza que metade MIM é Beira Alta...Sempre.
Abraço
MG
Boa noite Xico, um belo testemunho de um amor de outros tempos.
ResponderEliminarAté o respeito pelo irmãos que partiam para a guerra ou tropa era tido em conta.
Podiam não ter lua de mel, mas habitualmente eram felizes.
Beijinhos e bom domingo.
Ailime
Amiga Ailime, quase apetece dizer que nõ há rosas sem espinhos...
EliminarE tantas estas se passaram escondidas no tempo.
Beijinho grande.
Uma bela história de vida. Ela a vida, é sempre feliz quando há amor, respeito e cumplicidade. Por muitas voltas que dê, por muitas pedras que nos ponha na frente. Se os dois tiverem essas três coisas, e saúde, não há obstáculos que não se possam vencer.
ResponderEliminarAbraço
Sabe, Elvira.
EliminarNestas estórias de vida, ficamos a elas agarrados, convivemos e estimamos as personagens, somos amigos e do que escrevemos em louvor, peca por escasso com receio de excessos; estes são um exemplo...Abraço.