Já lá vão uns três anos que publiquei o post "E o Carnaval acabava", mas como nunca está tudo dito hoje publico mais umas fotografias disponibilizadas por mão amiga. Segundo informação recolhida na altura, 2012, são do Carnaval de 2004 ou 2005 e representam, a meu ver, muito bem a terra onde nasci, cresci e até 1990 vivi; são um exemplo bem representativo daquilo que as gentes de Forninhos, espontaneamente, eram capazes de fazer; são a prova que na altura havia isenção naquilo que se fazia.
Agora, os forninhenses que pensem porque é que de há meia dúzia de anos para cá tudo o que se faz, ou tem a mão da Junta de Freguesia ou a mão do Centro Social e Paroquial.
Agora, os forninhenses que pensem porque é que de há meia dúzia de anos para cá tudo o que se faz, ou tem a mão da Junta de Freguesia ou a mão do Centro Social e Paroquial.
O sangue do animal é acanado num alguidar e depois o porco é chamuscado com faixas de palha de centeio a arder. Não há muitos anos era assim em Forninhos a tradicional matação do porco.
Nos últimos anos o funeral do Santo Entrudo (um boneco de palha de centeio) era feito pelo tio Zé Coelho, que assumia o papel e sacerdote.
Os rapazes da terra assumiam o papel de acólitos e todos, sacerdote, acólitos, populares, de forma dramática, choravam e enterravam o Santo Entrudo.
Como estamos em época festiva, aproveito para desejar a todos os visitantes d'O Forninhenses um Bom Entrudo/Feliz Carnaval.
Paula, com alegria estou por aqui aprendendo mais das suas tradições. Festa interessante por aí.
ResponderEliminarAbrações...
É, a matação noutros tempos era um dos acontecimentos com mais entreajuda e espírito de grupo na vida das gentes de Forninhos. No dia da matação convidava-se a família e amigos para todo o dia, trabalhava-se, é facto, mas podemos afirmar que o dia da matação era um dia de festa!
EliminarE depois disto tudo, sendo Forninhos uma terra de gente trabalhadora, talvez por isso o Entrudo (ou Carnaval) e demais festas eram bem aproveitadas. Serviam com certeza de bálsamo para os homens e mulheres que trabalhavam as terras.
Um abraço meu.
Bo entruido dende Galiza !.
ResponderEliminarInteressante, Bjbj Lisette.
ResponderEliminarÀ 'ONG ALERTA' e 'paideleo' dou a mesma resposta:
EliminarObrigada pela visita comentada!
Bom Entrudo.
Recordo o tio Ze Coelho como um dos mais participativos e marcantes do Carnaval. Rapazes solteiros, homens casados dados à parodia, alguns vestidos de mulher, velho ou velha, bêbedo ou corcunda, as caras pintadas com a fuligem do forno ou da pilheira, envergando máscaras de madeira tal como o tio Ze Carau que a todos metia medo, ou cobrindo o rosto com com os restos de velhas toalhas de renda rasgada e penicos com litro de vinho.
ResponderEliminarPor alturas do Entrudo a atirar pazadas de terra para aqueles que assistiam a diabruras destes dias.
Sucedia que na tarde de Terça-feira, havia que se fazer o “Enterro do Entrudo”, inocente paródia que comportava o cortejo que transportava no caixao, aos ombros ou em carro de bois, ou de modo improvisado, com choro de carpideiras, o finado de feito de palha e trapos.
Estas imagens do amigo Henrique, trazem dez anos de nostalgia.
Aqui o amigo Ze ja tinha a categoria de 'sacerdote" e a sabedoria do que representava o porco e o seu sacrificio publico. Por um lado o agradecer dos proveitos e salgadeira cheia no inverno ao bacoro, ao mesmo tempo uma despedida de homenagens singulares, simplesmente ilustrada com uma autentica farda de palha centeia que acarreta em si a genuidade de uma aldeia.
Ate com ela se enterrar no Entrudo e a amortalharem...
Em 2010, post: "Entrudo ou Carnaval" escrevi isto:
Eliminar"O tio Zé Coelho é um digno Rei do Entrudo Forninhense, que com a sua alegria, folia, contagiou e contagia gerações de forninhenses...".
Depois, em 2011 (post: "Memórias de Outros Carnavais") escrevi:
"Uma foto do tio Zé Coelho acho que ficaria bem em qualquer cartaz do nosso Carnaval. Mas eu acredito que essa foto ainda vai aparecer."
Demorou...mas apareceu pela mão amiga do Henrique!
Ando é há 2 anos à espera de ver uma foto da matação, em que o porco em Forninhos é chamuscado com carqueja, seja dos anos 60 ou não!
Nestas fotos, em que se representa a matação da terra onde nasci, não vislumbro carqueja!
Tirando isso, é meu desejo que os apoiantes da calúnia, incluindo a entidade representativa do povo forninhense, respeitem as nossas mais profundas raízes e tradições, mesmo no Entrudo/Carnaval, porque em Forninhos a tradicional matação do porco sempre foi feita com faixas de palha de centeio a arder, embora hoje já se faça com o maçarico a gás.
......
EliminarDas vinte e cinco visitas ( ? ) que fiz a Forninhos,
julgo que nenhuma coincidiu com o Carnaval !!
Desconhecia esta interessante dinâmica.
O meu melhor Carnaval foi em 89 ,tinha vinte quatro anos, desfilhei nas ruas do Funchal , vestido
de guarda - redes do Nacional, com três frangos de plástico pendurados nos calções . Semanas antes o Nacional tinha perdido c/ três "frangos" monumentais!
Fiz a primeira directa da vida . Fui do " Madeira Palácio " para os Correios trabalhar ! Minha mãe não
queria acreditar !! Um mês depois arranquei para a 2
etapa da vida : Lisboa. Já conhecia Forninhos de nome
através das noites em casa da Ti Lurdes,no C.Redondo
onde conheci o já falecido Zé António .
A vida é um verdadeiro " Carnaval " ?!
Abr
MG
Boa noite António.
EliminarEm Forninhos o Entrudo sempre se vestiu a rigor para ir ao Carnaval na Lameira e até subiu aos Altares, pois o povo forninhense chamava-lhe SANTO ENTRUDO.
Mas tudo isto é passado. Em Forninhos perdeu-se o verdadeiro espírito de camaradagem e brincadeira e "O SANTO ENTRUDO" faz parte dum tempo que não voltará a Forninhos, a não ser que seja numa atitude exibicionista (não espontânea) ou então numa atitude turística (o que era bom!), mas tal não se vislumbra no horizonte...
Abr/Paula.
Excelente trabalho e gostei de ver estes bonecos feitos para o Carnaval tradicional em Forninhos.
ResponderEliminarUm abraço e bom fim de semana.
Foi um trabalho bem feito e que agora ajudará a recordar outros Carnavais.
EliminarAbraço.
Bem curiosa essa tradição!
ResponderEliminarPelas imagens imagino que seria um gosto participar nessa "folia"!
Bj e obrigada pela visita
Sim, Graça!
EliminarQuem pensa que o nosso povo não se divertia há uns anos atrás, engana-se! Como provam as imagens naquela altura havia muita sátira e muito teatro a ponto de arrancar gargalhadas sonoras até aos mais sisudos!
Bjo e um bom dia de carnaval ou entrudo, como preferir!
Em primeiro lugar quero desculpar-me pela ausencia, mas infelizmente ultimamente não tenho tido muito tempo para os blogs e isso pode ser comprovado pelos meus.
ResponderEliminarA seguir continuar a cumprimentar-vos pelas vossas divulgações.
De facto aos poucos ou por comodismo, mas eu até penso que tem mais que ver com o despovoamento das nossas aldeias, vão se perdendo as tradições!
Um abraço amigo.
Obrigada por ter vindo.
EliminarTambém tenho tido menos tempo para os blogs e em Forninhos há muita coisa que me cansa, mas há sempre coisas que vão ficando para trás nestes seis anos, como a matação deste Entrudo, não é nada do outro mundo, mas... Também não sei se as tradições se perdem por comodismo ou devido ao despovoamento, o que sei é que nas nossas aldeias pouco ou nada se tem feito para travar o despovoamento e o que vejo (de Forninhos falo) é que até há gente a mais a inventar novas festividades. Coisas de tempos modernos!
Um abraço de amizade.
Boa noite Paula, hoje já em início de Quaresma, depois da missa da imposiçào das cinzas, deparo-me com tão interessante relato testemunhado por fotos bem elucidativas.
ResponderEliminarNão haja dúvidas que Forninhos era riquíssima em tradições.
Gostei de ver toda a encenação da mantança do porco, assim como da matação do Entrudo.
O Entrudo era muito mais engraçado em tempos idos e que pude testemunhar na minha aldeia. Tudo muito genuíno, evocando tradições e muitas brincadeiras entre a vizinhaça e também não faltavam as crianças mascaradas habitualmente com trajes tradicionais.
Tudo mudou, neste caso do Carnaval, para pior com honríssimas excepções e pior ainda que se esqueçam as tradições que se vão esvaindo no tempo.
Beijinhos e continuação de boa semana.
Ailime
A Quarta-Feira de Cinzas era um dia especial, ainda não tinham acabado os festejos do Entrudo e já se falava na cerimónia das Cinzas e no tempo de reflexão de 40 dias - a Quaresma.
EliminarHavia também em Forninhos o encomendar das almas ou o “cantar às alminhas” nas Sextas-Feiras. Há 5 anos atrás escrevi sobre esta tradição perdida e vá lá...um pequeno grupo recuperou esta tradição e todas as Sextas-Feiras encontravam-se para uma oração colectiva. Mas foi sol de pouca dura, a vida é mesmo assim, os hábitos mudam, o tempo passa, por tal recordar as nossas genuínas tradições é um direito que devemos mostrar e levar ao conhecimento dos mais novos, senão qualquer dia dizem-nos que são invenções nossas, lendas, coisa de velhos (nós)!
Bem-haja Ailime pelo comentário.
Beijinhos e tudo de bom!
Uma "santa terrinha" como outras em volta, em que cada qual a seu modo, mostrava o santo Entrudo. Tudo se perdeu por aqui no modo ancestral de comemorar o evento.
ResponderEliminarAs imagens ilustram bem o que agora em desfiles televisionados de gabarito e de investimentos elevados, anunciam o Tema, ou agora o Enredo!
Em Forninhos era o Mote de escarnio e gozo mas de modo carinhoso, daquilo que mais lhes tocava e por tal, eleito o rei do Carnaval. O Porco!
Um modo de agradecer de maneira festiva as dadivas da natureza.
Coisas que se querendo, ainda se podem aguentar.
O exemplo do tio Ze Coelho que ainda tirou os tamancos que tinha expostos no "seu" museu e com eles calcorreou a Lameira, apesar de lhe servirem quase de barco pelo tamanho.
Precisar o número de anos que Forninhos queimou o Santo Entrudo, o tal boneco de palha, seria um exercício de memória algo trabalhoso, mas lembro-me que alegria, animação e patifarias não faltavam, porque era Carnaval e ninguém levava a mal. Hoje levam a mal tudo e ainda procuram suspeitos!
EliminarBem fez o tio Zé Coelho, que calçou os tamancos e não desceu do salto!
Belas fotografias...Espectacular....
ResponderEliminarUm abraço
Belas fotografias...Espectacular....
ResponderEliminarUm abraço
Antes de mais, adorei as fotos, a representar a matação do porco e o funeral do Santo Entrudo.
ResponderEliminarQue pena que já não se sinta esse clima de festa e tanto convívio.
xx
Tem graça, melhor, não tem nenhuma, que depois deste 'post' alguém de imediato fez umas caricaturas semelhantes e espalhou-as numa parte da aldeia, mas de forma mórbida colocaram "mãe e filhos" junto ao monumento aos Combatentes do Ultramar com o seguinte dizer "Choram pai/foi para o Ultramar". O cemitério é que está um pouco longe, caso contrário, tenho a impressão que também lá deixavam algo do género!
EliminarAinda bem que de quando em vez se lembram de recuperar as tradições, mas há tanta coisa na nossa tradição com que brincar, não percebo que gozo dá brincar com a Guerra, Combatentes e filhos órfãos de pai!