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sexta-feira, 17 de abril de 2015

Cabeça da Moura de S. Pedro

Já muito se escreveu acerca da moura-encantada que vive escondida na Serra de S. Pedro, mas ainda não vos tinha apresentado "A Moura de S. Pedro". Se os de Penaverde têm um penhasco que tem semelhança com uma cabeça humana emergindo dos ombros é o "penedo da moira", porque razão não haveria de ter Forninhos também a cabeça da sua "moira" ou será "moura"?



A Serra de S. Pedro sempre foi disputada pelas freguesias de Forninhos e de Penaverde. Ambas a têm no seu território e cada uma delas puxa a Serra para si, mas do lado deles (Penaverde) chama-se Gralheira, do nosso lado (Forninhos) chama-se S. Pedro. Mesmo o "Castro" luso-romano que ali existe é pertença de Forninhos, ainda que os serviços oficiais, monografias locais e investigadores digam que aquele é o Castro da Gralheira! Gralheira porquê? É mas é o castro da Serra de S. Pedro (e sem Matos) Ponto.
Que eu saiba e por investigação que consegui fazer a freguesia de Forninhos tem é registado um prédio rústico vulgarmente designado por Farrangeira e é lenda, mas também pode ter algo de verdade, que viveram duas velhas uma na Gralheira e outra na FarrangeiraTodas as noites seroavam juntas, alternando a casa e o tição. Altas horas, despediam-se, recolhendo a hóspede a sua casa, sem temor de maus encontros com homens ou feras. E para certificar a outra de que chegara bem, tocava-lhe de longe um caldeiro que o silêncio da noite deixava ouvir. (in Penaverde, Sua Vila e Termo).
Ando há que tempos para saber onde viveu a velha da Farrangeira onde foram encontrados vestígios de épocas anteriores.

Nota: A Cabeça pertence a Henrique Lopes, foi ele que a baptizou de "Moura de S. Pedro".

24 comentários:

  1. Magnífico relato histórico!
    Fico mais rica sempre que aqui venho.

    Beijinhos.

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  2. Que legal ver e sempre aprendemos mais e mais! bjs, chica

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    1. Obrigada chica também pelas suas palavras.

      Bjs, óptimo fim de semana.

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  3. Conheço uma pequenina parte da Serra da Gralheira. Pelo menos é esse o nome na estrada quando subimos para o Mosteiro de S. Cristóvão de Lafões.
    Um abraço e bom fim de semana

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    1. A Elvira "assustou-me" com essa subida para o Mosteiro ;-) é que uma das anexas de Penaverde chama-se Mosteiro!
      Mas este é um lugar que pertence às freguesias referidas, concelho de Aguiar da Beiro, distrito da Guarda.
      Abç e bom fs tb.

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  4. Boa noite Paula,
    Muito rica a história de Forninhos com seus costumes e lendas e a forma como a defendem! Para que perdure!
    Beijinhos e bom fim de semana.
    Ailime

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    1. Tem de ser, Ailime.
      É incorrecto as monografias locais, inclusive a de Forninhos, dizerem que o lugar chama-me de S. Pedro de Matos, S. Pedro de Verona, S. Pedro de Penaverde ou S. Pedro da Gralheira. Não. Mesmo que ninguém o aqui confirme ou conteste, do nosso lado e para quem é de Forninhos a serra chama-se, como sempre se chamou, Serra de S. Pedro (sem de Matos, sem Verona, sem Penaverde, sem Gralheira). Ponto.
      Qualquer dia vem um arqueólogo com carteira, encontra do nosso lado um achado, mas nem sabe de que lado da serra está e escreve num catálogo: registo tal, encontrado na Serra de S. Pedro de Matos, lugar também conhecido por S. Pedro de Penaverde ou S. Pedro da Gralheira! Está mal, mas tal já aconteceu e bem recentemente!
      Bom fim de semana/Bjos.

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  5. Arte em pedra do artista, amigo ,JOSÉ MARIA LAIGINHAS. Obra que vi na visita que fiz à Feira de Atividades em Aguiar da Beira e logo me apaixonei por ela. Segundo diz o Artista pedra de granito rosa, transição mármore para granito, dura e bastante pesada. Pesada, porque a transportei, cerca de 150 metros do expositor até à viatura e não foi pera doce.
    Como o Artista ainda não a tinha batizado, tive a honra de ser eu a dar-lhe um nome, MOURA ENCANTADA DE S.PEDRO. E porquê este nome, porque é uma cor de pedra de granito que é muito rara na nossa zona e como já tinha encontrado dois exemplares parecidos na Serra de S. Pedro, daí o seu nome.
    Na aldeia de Forninhos, nas paredes de duas casas, encontrei algumas pedras que se aproximam da cor, mas vê-se que é pedra macia.
    Nestes montes de pedregulhos a que nós chamamos serra, particularmente, a mim me encanta. Nunca me canso de lá ir e cada vez que lá vou, mais vontade tenho de lá ir novamente. Cada rocha tem um pouco de arte, uma cova, uma parecença com algo ou até o conjunto de duas ou três penedos nos encanta. Está prometida uma visita demorada com uma ou duas pernoitas, de um grupo de amigos, para breve. Fotos de tudo e mais alguma coisa, não vão faltar, há que angariar energias.
    Um abraço e um obrigado ao Escultor Laiginhas por me ter cedido esta linda peça de sua autoria (apesar de ter sido uma compra).
    Nota: A aquisição da obra foi condicionada até ao termo da exposição.

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    1. No sítio da Pardamaia também se por lá encontram pedras semelhantes, quer na cor, quer na textura ;-)
      Já lá apanhei algumas, mas havemos de lá ir juntos ver os cacos de telhas e os chamados seixos.
      Falando da escultura, ainda bem que sublinhaste que a baptizaste assim porque na Serra de S. Pedro encontraste esse tipo de pedra. Gostei de saber. Só espero que não sejam de restos da capela porque então lá vai por água abaixo, a minha teoria de que não são visíveis em S. Pedro quaisquer restos da capela!
      Bom fim de semana.

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  6. Superinteressantes, Paula, o relato e o trabalho em pedra!
    Forninhos com suas peculiaridades!! Gosto de saber...
    Um abraço grande... Bom fim de semana...

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    1. Talvez pelas suas peculiaridades é que a Serra de S. Pedro, em Forninhos é tema para tantas linhas de prosa. Para nós só aquilo que é efectivamente importante merece que lhe sejam dedicadas páginas de escrita, englobo aqui os trabalhos de pedra do artista Laijinhas, claro!
      Abç e bom fds.

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  7. ,O que a serra de S. Pedro esconde, misticismo e uma energia muito grande!
    Terra brava, agreste, quase esquecida de Deus. Penedias reluzentes ao sol, que ao cair da noite se vestem por entre restos de ruinas tristes de fantasmas, no assobiar dos pinheiros, no lugubre piar do mocho e no chorar da raposa.
    Em noites claras tem paz, apenas quebrada pela beleza da rapidez das estrelas cadentes riscando o ceu em truques de pura magia, ideal para as feiticeiras se consolarem nas suas artimanhas, mas nas noites de inverno, mandam os relampagos da trovoada, tambem eles riscando os ceus.
    Os homens e os bichos eram como irmaos, onde demonios, bruxas e lendas se cruzavam com o homem da serra.
    Se ali imperou muita alegria, mais medos e respeitos por ela (serra), pois as lendas que se foram formando, eram contadas e ouvidas na seguranca das casas da aldeia, nao fosse o mafarrico tramar das dele.
    Mas sempre prendeu e prende, uma veneracao ou feitico para a ela voltar e a endeusar, tal como diz o amigo Santos Lopes "... Nestes montes de pedregulhos a que nós chamamos serra, particularmente, a mim me encanta. Nunca me canso de lá ir e cada vez que lá vou, mais vontade tenho de lá ir novamente..." .
    Penso nao estar enganado, mas a bela obra de arte que adquiriu, foi por sentir a carga emocional que a serra de S. Pedro continua a ter e por tal essa homenagem a ela sob a forma personificada da maior das suas lendas, a lenda da moura encantada!

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    1. Este teu comentário só me/nos faz bem, mas os pinheiros arderam todos e hoje só se vê um ou outro que nasce entre a penedia que sobre ela corre a lenda de que no seu interior, esta escondida uma moura encantada, que unicamente dali sai na noite de S. João e sobre a moura esta é a única lenda contada pelos nossos ascendentes. Espero também não estar enganada, mas a obra de arte que o Henrique adquiriu e baptizou penso que diz respeito a esta moura encantada e não respeita aquela que dizem que aparece no dia de S. Pedro (não sei se de Verona ou do Apóstolo) que na calada da noite come borregos!

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  8. Tive a sorte e felicidade de conhecer, todos estes montes de penedos, cheios de pinheiros. De longe, quase não se avistava rochas derivada à mancha de pinheiros que inundava a Serra. O meu avô paterno, tinha um terreno, em S. Pedro e o meu avô materno nos Cuvos (zona anexa). Em ambos, ajudei o que podia na altura (6-7anos). Pelo menos uma vez por semana, tinham que vir aqui tratar das sementeiras, centeio, milho e feijão. Foi nestas alturas, que ouvi falar da história do arado e do cambão, em ouro, e da célebre moura encantada, que aparecia numa noite específica que não me recorda. Talvez seja o que a Paula diz, na noite de S. João. Daí surgiu, o nome do busto da pedra.
    Agora, praticamente despida de arvoredo, há alguns anos, com os penedos à vista, podemos observar com mais facilidade, a beleza de alguns. Andei por aqui, há seis, sete anos atrás, no exercício da caça ao coelho o que de deu hipótese de rever muitos dos locais que já nem sequer me lembrava deles, e outros que nunca tinha visto. Sei que, recentemente, um grupo de três, quatro jovens, reconstruiram a represa das Dornas, é neste local, um dos mais bonitos da Serra, onde se encontra restos do Moinho da Carvalheira, parabéns a eles, um bom local para pernoitar.
    Amantes da natureza, nesta Serra não falta motivos para se passarem vários dias de beleza natural, relaxe e despejar o stress. Deixo um aviso, se lá vão um dia, logo pensam em arranjar dois ou três para lá voltarem. Talvez seja a dita Moura que nos encanta, sei lá, já não digo nada. Se eu expressa-se tudo o que sinto, por estes montes, estaria aqui a escrever durante horas. Quem tiver hipótese, và, vai adorar.

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    1. Como diz o poeta: “Só se lembra dos caminhos velhos quem tem saudades da terra”.
      Nos tempos em que aquelas encostas de S. Pedro (acho que se em Forninhos alguém disser "S. Pedro de Matos" é logo olhado de esguelha) se enchiam de centeio e milho cada pedaço de terra tinha imenso valor e então onde houvesse uma represa de água…
      Hoje aquelas terras se têm valor, é um valor diferente...porque local de estudo, curiosidade e interesses, pena é haver interesses políticos e pessoais, de historiadores, arqueólogos, investigadores e museólogos e não haver interesse autêntico como o demonstrado pelo sacerdote que escreveu o Livro de Penaverde, que puxou o todo da serra para eles!
      Forninhos pagou investigações que sequer foram alargadas de modo a poder-se concluir que outras paragens, como a Farranjeira, seriam habitadas…por exemplo! Por isso aqui entra esta lenda das duas velhas.

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    2. Que me desculpem a deferencia pelo "meu idade", Santos Lopes.
      Um "mimo" para ti, aqui escrito num maravilhoso post.
      http://onovoblogdosforninhenses.blogspot.pt/2014/05/fenos-ervas-dos-lameiros-e-lenteiros.html#comment-form
      Cada qual a seu modo, sente o pulsar da serra e ela a todos satisfaz, mas tambem pede respeito, por ela e pelos que ali ganhavam a vida.
      Abraco.

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    3. Obrigado Xico, gostei do que li no teu comentário sobre os fenos, deixo aqui uma lembrança minha sobre a erva de semente. Lembra-me de no meio do milho, já com espiga praticamente criada, ajudar a semear, com um gadanho essa erva.

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    4. É por isso que o estudo da história e memória de Forninhos merecia uma atenção diferente!
      A serra em todas as épocas foi diferente e houve uma época que para os nossos antepassado foi rica em riqueza vegetal, mas isso não é de registar, pois! Se tal estivesse nos apontamentos do Dr. José Coelho...mas não estava...
      Num passado recente, as pessoas não viam este sítio como um lugar histórico, as pessoas (os nossos avós) levantavam-se cedo para ir trabalhar para lá, para estarem lá ao nascer do dia. Ia geralmente toda a família, pois nesse dia era ir e ficar por lá todo o dia a trabalhar.

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  9. Uma lenda muito interessante que não conhecia.
    Um bom fim de semana.

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  10. Uma lenda muito interessante que não conhecia.
    Um bom fim de semana.

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    1. É uma lenda que não é da nossa aldeia (Forninhos). Neste caso é da terra de Penaverde. Cada terra tem as suas lendas.
      Bom fim de semana.

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  11. Quando nem o nome de parte da serra está, para alguns, bem definido, está tudo dito. Se é São Pedro é São Pedro, porquê Matos?.... Por acaso antes de conhecer este vosso blog só tinha mesmo ouvido falar da Serra da Gralheira, mas na altura nem sabia bem onde ficava. A demonstração de que tenho aprendido muito por aqui.
    Adorei a história das duas velhas, uma na Gralheira, outra na Farrangeira, que pelos vistos ao se separarem depois de juntas seroarem alternadamente, parece que nunca chegaram a ter maus encontros com homens ou com feras... :-) Uma maravilhosa lenda.
    Quanto à cabeça da "Moura de São Pedro" é fantástica!
    xx Paula

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    1. Como a Laura me compreende!
      Em conversas recentes, porque o ouviam aos antigos, contaram-me que para os nossos antepassados, o facto mais importante para a freguesia, foi a partilha das terras entre a nossa freguesia e a de Penaverde, as demarcações/limites.
      Hoje vejo escarrapachado numa publicação em papel, a que deram o título "Forninhos a terra dos nossos avós" apontamentos de um conceituado arqueólogo, do género "Penaverde - no povoado extinto do "Castelo dos mouros" ..." ou "Castelo dos mouros - Gralheira - Penaverde - (a sul fica Forninhos)"...mete choque! Os apontamentos são dos anos de 1931 e 1932 e até admito que na altura tudo fosse considerado de Penaverde, mas hoje uma autarquia pagar para isto é inadmissível, acho eu! É que assim nunca nos livramos da "Gralheira", nem "dos Matos", porque essa publicação vai ficar para os netos de Forninhos e também para historiadores ou investigadores vindouros copiarem tal para outras obras!
      Eu também sou uma que adorei a história das duas velhas; parece também que o caldeiro era o telemóvel delas :-)
      Quanto à cabeça da moura em pedra granito rosa, não tardou que numa página de «facebook» de Forninhos publicassem também uma pedra de granito rosa...mais uma vez e sempre a copiar o que se publicou e publica n' O Forninhenses.
      Bj**

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