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terça-feira, 27 de maio de 2014

A Poça da Eira/Fonte do Miguel

A "Poça da Eira/Fonte do Miguel" foi, no passado, dos lugares mais procurados pelos forninhenses. Mas isso foi noutros tempos... 
As fotografias já com quase 5 anos, falam por si, como dizem os manuais de comunicação; as tiradas recentemente optei por não publicá-las porque o que ali encontramos é um cenário ainda mais lamentável, consequência dos rigores do último Inverno.


Desde há vários anos a esta parte que a situação se vem arrastando e a única intervenção que se registou foi a limpeza do muito lixo e "mato" que já nem a fonte deixava ver, mas o "mato" volta todos os anos a crescer e plantaram duas ou três árvores também.
No entanto, não deixa de ser curioso que a recuperação da Poça da Eira seja uma presença habitual entre as promessas eleitorais das forças partidárias que se têm apresentado a votos para a Junta de Freguesia de Forninhos, porém, até hoje, tudo permanece na mesma e nem o esboço de um qualquer projecto de intervenção se conhece: no seu plano de actividades o partido que venceu as últimas eleições autárquicas (Psd) disse que comprometia-se a concretizar a "Requalificação da zona ribeirinha da Eira" sem adiantar qualquer pormenor. Os Independentes, embora vencidos, também disseram que pretendiam efectuar a "Limpeza do Ribeiro dos Moncões desde o Porto até à Pontinha." (integrando este local).
Mas mais do que entrar em questiúnculas políticas/partidárias, acho que importa fazer alguma coisa por este lugar antes que seja tarde de mais.

Fonte do Miguel
Vão se calhar dizer, agora, que a concretização dos "compromissos" dependem da Câmara. E, não vão dizer, que o novo regime jurídico das autarquias locais, previsto na Lei 75/2013, de 12 de Setembro, confere novas responsabilidades e competências para as Juntas de Freguesia, para o que importa, o que puder ser tratado pela Junta de Freguesia não o deve ser pela Câmara, e ainda bem, pois fica assegurada uma maior transparência e uma maior aproximação entre o decisor e o cidadão destinatário.
Das competências materiais conferidas às Juntas de Freguesia, cabe destacar:
- Discutir e preparar com a Câmara contratos de delegação de competências e acordos de execução;
- Promover a conservação de abrigos de passageiros existentes na freguesia;
- Gerir e manter parques infantis públicos e equipamentos desportivos no âmbito local;
- Gerir, conservar e promover a limpeza de balneários, lavadouros e sanitários públicos;
- Conservar e promover a reparação de chafarizes e fontanários públicos;
- Colocar e manter as placas toponímicas;
- Emitir parecer sobre a denominação das ruas e praças das localidades e das povoações;
- Conservar e reparar a sinalização vertical não iluminada instalada nas vias municipais;
- Proceder à manutenção e conservação de caminhos, arruamentos e pavimentos pedonais;
- Administrar e conservar o património da freguesia;
- Elaborar e manter actualizado o cadastro dos bens móveis e imóveis propriedade da freguesia;
-Participar, em colaboração com instituições particulares de solidariedade social, em programas e iniciativas de acção social;
- Apoiar actividades de natureza social, cultural, educativa, desportiva, recreativa ou outra de interesse para a freguesia.
Compete ainda à Junta de Freguesia o licenciamento das actividades ruidosas de carácter temporário que respeitem a festas populares, romarias, feiras, arraiais e bailes.
Etc.
A lei em apreço deu, portanto, mais responsabilidades e competências às Juntas de Freguesia e isso é bom!

Nota:
Todas as fontes e os chafarizes (que vieram mais tarde) necessitam ser limpos, inclusive limpeza de pedra, mais não seja, por terem sido obras, no passado, tão necessárias para o povo; um memorial de tempos carregados de estórias vividas e contadas, enquanto na fila se aguardava a vez de cada um encher o seu cântaro ou a sua bilha de barro com água fresca.
Sobre este assunto, podia fazer um artigo e não uma simples nota, mas para já fica esta anotação só para lembrar que "conservar e promover a reparação de chafarizes e fontanários públicos" é uma das competências da Junta de Freguesia.

14 comentários:

  1. Paula, Bom Dia e já entrando por aí no Boa Tarde!...
    Texto muito bom de clamores e desejos... Sim, conservar e restaurar são coisas que têm que acontecer sempre... É um compromisso que precisa ser valorizado com responsabilidade!!

    Beijos e até depois...

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    1. Sublinho "É um compromisso que precisa ser valorizado com responsabilidade!!".
      O problema, Anete, é que vão ou foram para a politica como quem vai para um emprego...
      @té logo+

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  2. Que pena que não haja a devida conservação.Infelizmente faz parte da mentalidade de quem deveria gerir isso, aqui ou lá! beijos,chica

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    1. É de facto uma pena.
      Na década de 70 foi feita uma ponte para atravessar o ribeiro e foi uma obra muito importante; no mandato 2005/2009 foi limpo o espaço que era uma autêntica lixeira dentro da povoação; No mandato 2009/2013, além de plantarem umas árvores ainda fizeram uma intervenção a nível da escadaria que já existia e edificaram um muro de protecção, em pedra. Depois...veio a promessa de requalificação desta zona ribeirinha, sem adiantarem qualquer pormenor. Parece a técnica do "salame" - uma fatia de cada vez!
      Beijos**

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  3. Como a politica está totalmente ligada á conservação , ou seja , a falta dela,
    o progresso faz com que se perca a essencia de muitos belos lugares.
    beijinhos tenha um bom dia.
    http://eueminhasplantinhas.blogspot.com.br/

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    1. São lugares como este, que quem representa o povo de Forninhos, não pode deixar morrer! Por isso, eu digo que deviam requalificá-lo respeitando o passado do local. Porque o presente pode muito bem “conviver” ao lado do passado.
      Beijinhos, Simone.

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  4. Boa noite Paula, é na verdade uma pena que as autoridades da vossa freguesia nada tenham vindo a fazer para preservar e alindar esses locais tão bonitos! Forninhos tem todas as características para poder proporcionar aos seus habitantes uma boa qualidade de vida e até quem sabe tornar-se num destino de férias tipo turismo rural!
    Aqui no vosso Blogue dão maravilhosas dicas e algumas situações nem seriam assim tão dispendiosas para dar solução a todos esses casos! Haja boas vontades;))! Beijinhos, Ailime


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    1. Boa noite Ailime, sabe que já referimos “milhentas” vezes que Forninhos tinha muito boas condições para se tornar numa aldeia turística, casas de turismo rural até há duas, mas quem são os turistas que chegam a uma aldeia, têm onde dormir, não têm onde jantar e, pior, o que Forninhos tem para mostrar a quem nos visita? E, no entanto, como a Ailime e outros leitores têm reparado, tem tanta coisa que bem preservada podia mostrar. Haja boas vontades, bem dito!
      Sobre este lugar, já em Abril de 2010, fiz um post que intitulei “Poça da Eira: Lugar Esquecido” e escrevi isto:
      "(...)
      No estado em que aquilo está, ninguém se atreve a passar por lá, nem sequer a sugerir uma visita a algum amigo ou conhecido.”.

      http://onovoblogdosforninhenses.blogspot.pt/2010/04/poca-da-eira-lugar-esquecido.html

      Passaram 4 anos e continua rumo a um destino fatal se nada fôr feito.

      Beijinhos.

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  5. Eu já nem me admira nada que os políticos locais se esqueçam do que prometem, pena é se os habitantes não os fizerem lembrar do que prometeram.
    Nem me parece que seja um caso de necessidade de recursos por aí além, no entanto também não sei quais são os meios que a Junta tem ao seu dispor, e parece, não sei se será assim, que essa zona da Fonte do Miguel todos os anos depois do Inverno necessitará de atenção, por ficar num leito...?
    A conservação em Portugal é, salvo raras excepções, uma autêntica miséria franciscana.
    "Água mole em pedra dura tanto bate até que fura". Esperemos que de tanto se falar nas situações que elas mudem.
    Boa noite, Paula!
    xx

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    1. Sim, depois do Inverno necessitará sempre de atenção, mas porque o “mato” todos os anos cresce. Só por isso. Porque a água do ribeiro não cresce assustadoramente todos os Invernos. Invernos como o último são raros, felizmente!
      A fonte já ali está há muitos, muitos anos e não há notícia que alguma vez a força da água a derrubou. A poça onde as mulheres lavavam a roupa e onde eu e outros todas as tardes, praticava-mos uns mergulhos, pois era a nossa piscina, o nosso jacúzi (foi ali que apanhei a “febre de malta), sim, todos os anos, depois o Inverno era limpa e reabilitada pelos populares, normalmente aquando do início das regas, porque a água servia para regar os campos. Com o abandono dos campos e chegada da máquina de lavar roupa, a poça, claro, deixou de ter serventia.
      Mas, se os populares o faziam tão bem, sem dúvida, não será assim tão dispendioso para a Junta devolver o brilho e alguma dignidade a este lugar até porque está situado dentro da povoação (+ou- ao centro) e podia ser um dos pontos de referência da aldeia de Forninhos, não só pela poça/fonte/ribeiro, mas também pelo que tem ao redor: ruínas de um lagar de azeite, casas típicas da beira alta, uma laje/eira onde malhavam e secavam os cereais e uma ponte (embora de construção mais recente).
      E termino com outro ditado que, entretanto, modifiquei, esperando que: "vozes de burro cheguem aos céus" porque se depender dos habitantes (maioria) as promessas ficam bem no folheto.
      Boa noite, Laura.

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  6. Selvajaria é como classifico o descaso. Entristece-me imenso!
    Beijo

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    1. Há um claro descaso com este lugar que precisa de manutenção, melhor, limpeza!
      E, ainda há os chafarizes que foram esquecidos, porque já quase não são usados e que precisam há muito de limpeza de pedra.

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  7. Por aqui nasci, por aqui me criei e banhei, com muito orgulho.
    Um aparte de Forninhos, virado sem fronteiras para as serranias, aonde ainda no mes passado me exasperava com as cantinelas do cuco e da poupa.
    Mas um bem estar imenso ate ver a Eira e o abandono propositado deste cantinho unico, como que querendo matar o que municipes nao conhecem e os outros devem esquecer. Tadinhos...
    Eu nao!

    Juro que nao te vi
    Quando por ali passei
    Apenas senti
    E olhei, como que num arrepio
    De um mundo transfigurado
    E de algo que clamava
    Pungente, sentido de dor
    Qual coisa de outro mundo
    Pingando lagrimas de um cano
    Meio ferrugento, coitado
    Seria algo de outro mundo
    Ou meras coisas do diabo
    O que seria nem sei
    E por impulso atras voltei
    Parei e escutei
    O cantigar da historia
    De coisas ja sem memoria
    Cujos restos guardarei
    Mas que deixam transparecer
    Na espuma do sabao
    De tanta roupa esfregada
    Crianca suja e lavada
    Num lago tao natural
    Que ate pareceria mal
    Dela nao me recordar
    Obrigado Poca da Eira
    Isto dito por criancas
    Que iniciraram andancas
    Secando ao sol nos penedos
    Corando roupas e medos
    Pois quando o sol apertava
    Estava a Fonte do Miguel
    Agora abandonada...
    Acredita minha Fonte
    Por mais que te queiram matar
    A gente nao vai deixar
    Morra homem fique fama
    A podridao nao engana
    E tu vais ressuscitar!

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    1. Muitos parabéns pelo lindo poema com que nos brindas. Esperemos que saibam interpretá-lo no sentido de não só converterem este espaço num lugar de lazer, mas também para transmitir às novas gerações a função para que a fonte foi edificada. Poça, idem.
      Este sítio, merece tal como o "Alto dos Valagotes" dedicação da parte dos actuais responsáveis, para mim, até mais! É um local lindo que podia devia merecer mais atenção, mas o desleixo é tal que cada vez mais pessoas, naturais inclusive, mal conhecem este espaço e podemos mesmo dizer que devido à falta de limpeza, mas é como já disse: «quem muitos burros toca, algum fica para trás».
      Se nada fôr feito aqui, é mais uma memória colectiva que irá perder-se completamente.

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