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terça-feira, 1 de abril de 2014

Quem criou a lenda da moura e os borregos?

Há uma frase num conhecido filme americano, The Man Who Shot Valance, O Homem que Matou Liberty Valance (título em Portugal) que serve bem os propósitos do nosso 'post' de hoje. É proferida no final do filme e, em tradução livre, quer dizer mais ou menos isto: "Quando a lenda é mais interessante que a realidade, publique-se a lenda" (When the legend becomes fact, print the legend).
Foi isto que sucedeu exactamente com a história da moura e os borregos - narrada na fantástica obra «Forninhos, a terra dos nossos avós». Mas de onde veio esta história, que ninguém ouviu contar pela voz dos mais velhos?

Chamam a este local 'Barroqueira'
Aqui vai então a transcrição da lenda da moura e dos borregos, pág. 194:
"Na povoação de Forninhos, no lugar da Barroqueira, ainda podemos ver uma gruta que dizem ter sido talhada pelos mouros. Esta gruta, ainda que bem dissimulada pelo arvoredo e silvado, é bem conhecida dos pastores que ainda conduzem os seus rebanhos à pastagem e que por lá se extraviam.
Reza a lenda que, a cada cem anos, no dia de S. Pedro, pela calada da noite, uma moura encantada sai do seu refúgio e faz uma oferenda aos seus antepassados, imolando alguns borreguinhos.
Outros dizem que a bela moura sai muitas vezes e vai arruinando a vida dos pastores que têm sempre as cabeças dos animais bem contadinhas.
Como é sabida e conhecida a valentia beirã, um certo pastor da aldeia, farto de sentir na pele os excessos da moura e de ver as crias desaparecerem, decidiu enfrentá-la.
Estando habituado pelo ofício a passar as noites ao relento, acomodou-se à entrada da gruta e esperou que ela saísse. A bela dama não tardou a aparecer envolta em ouro e tecidos brilhantes, como convém a qualquer princesa.
Aturdido e com um olhar embevecido, o pastor ainda demorou a reagir, mas passado o torpor inicial, ergueu-se e não hesitou em apontar a sua caçadeira à bela dama.
- Que queres tu, minha ladra?!
Como se estivesse à espera, sem mostrar medo, com voz meiga e um sorriso, a moura respondeu-lhe:
- Tu já sabes o que eu quero.
O pastor, determinado e sem papas na língua, exclamou:
- Vai de retro, malvada! Se voltares a tocar num borreguinho, cravejo-te de chumbos!
Certa da coragem do pastor, a moura retraiu-se na sua gruta e ainda não voltou a ser vista.
Resta-nos saber se de fato ela só sai a cada cem anos e se estamos quase no centenário. Cabe agora aos mais novos, na data festiva, vigiar a dita gruta.".

Apenas por curiosidade, a referida data festiva é a que a igreja católica celebra dia 29 de Junho ou é a 29 do corrente, dia de S. Pedro de Verona, orago da extinta capela de S. Pedro?

Foto: David.

31 comentários:

  1. Acabo de ver este post e poderia começar o meu 1º comentário pelos borregos, moira e pastor.
    Bastava entrar no mundo mágico da serra de S. Pedro que acolhe a Barroqueira e seus míticos segredos, de moiras encantadas, suas artimanhas de enfeitiçar mormente os pastores, ricas e belas, Sedutoras!
    Cada manhã de São João, por lá estariam expostas aos "companheiros" da serra, os pastores, afinal vizinhos...
    Mas não, o comentário de quem tanto gosta deste espaço serrano, revolta-se ao não vislumbrar a magia dos nossos velhinhos sapientes e dos seus relatos.
    A "nossa" moira transformou-se em ladra sanguinária de cordeiros e os cajados dos pastores em mortíferas carabinas!
    Afinal, simplesmente coisas que os coisos escreveram na "coisa".
    Salve-se, talvez por esquecimento nos escritos, que os "bandidos" dos pastores, não cobiçaram nem ouro, nem os vestidos ricos da moira princesa da nossa serra.
    Atenção: hoje é 1 de Abril, dia das mentiras!
    Jamais mesmo sendo isto escrito, como foi, a serra perdoaria.
    A esta hora grita: "Borregos"...

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  2. Pois Sao Pedros ha muitos, e lendas ainda mais, mas sempre podemos inventar mais!
    Havia um celebre bispo que afirmava; gosto tanto de tradicoes que de vez enquando gosto de inventar uma.
    O mesmo podemos fazer com as lendas!
    Temos que admitir que esta lenda deve ser bastante recente, pois nunca me lembro de ter visto pastores de espingarda!!!

    Lololololo.....

    Muito bem visto.

    Um grande abraco a todos.

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    1. Lololololo.....
      Pois...as lendas também se podem criar hoje como é o caso da lenda da moura e os borregos e até outras...!
      Há quem invente tanto que, veja bem, até se noticiou que há em Forninhos lendas orais baseadas nos episódios marcantes das Invasões Francesas!
      Não há provas que os exércitos tenham passado por lá, mas ficaram as lendas, enfim...
      Se calhar querem referir-se à expressão: "...isto é cá uma pomada!"

      Um abraço amigo.

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  3. Bom, se a lenda é inventada, está muito bem inventada, porque muitas das lendas estão relacionadas com o encantamento e associadas com grutas e fontes , e rochas, e sei lá mais o quê...e nem me lembrei que já estamos no dia 1 de Abril, e gostei de lê-la. Já estava a imaginar um pastor agressivo de arma em riste, a não deixar -se encantar de forma nenhuma por bela moira encantada...;-)
    xx

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    1. Sim, a lenda está muito bem inventada, salvo a parte dos chumbos! A ferramenta dos pastores não é propriamente a caçadeira. Naquele e neste tempo!

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  4. Que beleza ler e acompanhar essa lenda tão linda! Adorei a foto também! beijos,chica

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    1. A minha maior dificuldade é sempre escolher as fotos a publicar, porque são mais que muitas...
      Mas esta é a mais adequada para dar a conhecer o lugar da Barroqueira. Na zona mais verde está a nascente/fonte da moura encantada.
      Dizem os mais velhos que nunca seca.

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  5. Gostei muito da foto, da frase do filme e, mais ainda, da lenda! "A coragem do pastor é forte e determinante... Colocou a moura no seu devido lugar, né?!"

    Um beijo, Paula... Boa 3ª feira...

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    1. Também gosto muito da foto e da frase final do filme, no Brasil: "O Homem que Matou o Facínora".
      Já do final da lenda, diga-se de passagem, não gosto muito. Custa-me acreditar que um pastor dali andasse armado. Mas que a colocou no seu devido lugar (gruta) lá isso colocou!

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  6. Olá Paula , bela lenda ...Mas será que a valentia do nosso pastor resultou por ser hoje o 1º de Abril ? Ou será que ao contrário de todas as lendas de mouras encantadas este pastor beirão não se deixou enganar nos arramedos mouriscos ?!Seja como for gostei de lê-la...eu que tenho andado tão mortiça no meio deste inverno perene !
    Bjinhos

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    1. Este pastor pelos vistos não se deixou enganar, mas a inteligente moura também sequer tentou, de imediato percebeu que se não voltasse à gruta levava chumbada!
      Temos de combinar um cafézinho para lhe dar 'o livro' da minha terra. Vai gostar de ler :-)
      Beijinhos.

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  7. Bem, eu a primeira vez que li esta lenda foi num livro infantil, em 2010. Provavelmente foi inspirada em factos da tradição oral de uma aldeia que não se chama Forninhos!
    A verdade é que, logo, em 2010, tive a oportunidade de perguntar a algumas pessoas, na casa dos 60/70/80 anos, se conheciam a lenda da moura e dos borregos. A resposta foi simples:
    - Isso é mentira!
    - Quem quiser encontrar a moura é antes do sol nascer na fonte da Moura.
    - Dia de S. João antes de nascer o sol.
    (Eu tenho isto anotado num bloco de notas, com data de 26.06.2010).
    Mas a conhecida lenda que relata que a moura encantada aparece no dia de S. João não é relatada na tal fantástica obra; a que foi publicada, como indico, foi a lenda da moura e dos borregos. Só gostava de saber se a ouviram contar pela voz dos mais velhos ou se a copiaram desse livro infantil??!!
    Seja como fôr, no lugar da Barroqueira existe a tal gruta, que popularmente chamam de "loijas". Contam as gentes que foi feita pelos mouros e anda na tradição que lá dentro há um salão enorme, onde andam passarolas (ujos) pra lá e pra cá e à noite se ouvia o seu canto "Úuuje...Úuuje".
    Quem de Forninhos, não ouviu falar do ujo ou ujos da Barroqueira?
    A lindíssima moura que aparece na Fonte a estender as suas roupas nunca se deixou ver.
    Ora, diz esta lenda (a dos borregos) que um pastor farto dos prejuízos apontou-lhe a caçadeira que levava (ficava melhor a palavra "escopeta") e sem querer saber da beleza dela ameaçou-a ao ponto da moura, cheia de medo, desaparecer e nunca mais foi vista na Barroqueira.
    No entanto, também se diz que aparece no dia de S. Pedro!
    E, já que "Cabe agora aos mais novos, na data festiva, vigiar a dita gruta" era bom que nos dissessem qual é dia, se dia 29 de Junho ou 29 do corrente!

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    1. "...Só gostava de saber se a ouviram contar pela voz dos mais velhos ou se a copiaram desse livro infantil??!!...".

      Brincar com raízes profundas é grave, mesmo no reino da fantasia, pior ainda quando se esconde a sabedoria popular e imagens formadas por crianças acerca de seus avós e dos deles.
      Também procurei saber e nada, ninguém conhece e riem dizendo que é dia das mentiras.
      Bem digo para irem ver isso escrito na "Coisa", mas respondem: "sei lá já onde isso anda, deve andar por aí...vi as figura e dos nossos pouco ou nenhum lá aparece; sois tolinhos em ligar a essas coisas, Tomaram os pastores ter o cajado a jeito por causa dos lobos, quanto mais caçar moiras. Tende juízo...".
      Têm razão, afinal nem sabemos o dia da aparição.
      E lá em Cima, deve haver guerra entre S. João e S. Pedro, o primeiro a rir, tal padroeiro das moiras por manterem o encanto e o outro a descarregar a raiva com a forte chuvada que hoje continua a cair.
      E pela lógica da "Coisa", a princesa moira deve estar a regalar-se nas "loijitas" com umas belas costeletas assadas de borrego.
      E a rir de escárnio na sua beleza!

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  8. As lendas das moiras encantadas, têm as suas raízes na cultura tradicional portuguesa. Histórias insinuadas por recantos mal iluminados de paisagens recônditas ou pelas formas sinistras e sons, vistas ou ouvidos na solidão do anoitecer, nos recônditos e austeros caminhos de São Pedro: Gralheira, Barroqueira ou Dornas da Carvalheira. Assim saltaram para serões gélidos, passados em redor da lareira e, enquanto se ouvia o gemido do vento sobre a chaminé, tomavam vida na voz de quem as contava e no espírito de quem as ouvia. Muitas destas histórias perderam-se ao desaparecerem as últimas pessoas que as albergavam na memória. Outras, talvez uma pequena minoria, sobreviveram e chegaram aos nossos dias, por força de lendas, mitos e crenças, assim guardando vestígios de um mundo rural quase desaparecido, mas que gostaria de continuar igual a si próprio, aldeia de memórias em que muitas destas tradições têm as suas raízes mais profundas na pré-história, tendo crescido e sido enriquecidas com o contributo de cada um dos povos que passou por Forninhos.
    Lusitanos, Celtas, Romanos,e Árabes, para referir apenas algumas das culturas que deixaram marcas nas nossas serranias e nos "pariram", ajudando-nos a modelar o carácter,fazendo e trazendo lendas que perduraram até ao nosso tempo, por vezes, com contornos muito diferentes dos originais.
    Como esta pseudo-lenda desconhecida de todos os habitantes e formatada ao modo de quererem até acabar com a magia da serra a tiros de alcabuz!
    Como se as princesas moiras sempre ricas, vestidas de orvalho de prata, tivessem necessidade de roubar borregos, armadas de cimitarras para enfrentar o chumbo!

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    1. Mas é para saciar a fome, não percebes?
      Ela se calhar nem era ladra, as borregas é que iam ter com ela, mas o narrador achou melhor dizer que a bela moura sai muitas vezes, dando a entender que corria os currais de ovelhas e comia quantas podia!
      Ficava mais de acordo que a moira saísse da gruta para lembrar os seus...e não para encher 'a blusa', não achas?
      Não teve cuidado com a linha. Resultado: o sorriso e voz meiga não foram suficientes para seduzir o valente pastor!
      A lenda até é engraçada e gostava mesmo de saber como foi parar à pag. 194.

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    2. Quase apetece lançar um movimento: "Salvemos a Moira!".
      E repomos a lenda antiga da bela moira encantada, tão cândida que até as borregas (irmãs dos borregos) iam ter com elas sem medo algum. Apenas se acomodavam encantadas, ouvindo uma voz melodiosa contando estórias da moirama e do seu amado, tão distante, ao mesmo tempo que o pobre pastor no penedo um pouco acima soluçava inconformado por o terem tirado da lenda.
      Não aceitava que de humilde e nobre pastor enamorado tivesse passado a bandoleiro.
      Num repente levanta-se e soltando a voz irada por sobre as penedias de cajado em riste, grita qual trovão ribombando:
      - Ai malvados, se vos apanho!

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  9. Muito belo a fotografia e a lenda...Espectacular....
    Cumprimentos

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  10. Se ela arruína ou não a lenda me deu medo , eu tremia quando ouvia histórias
    assim quando pequena.
    bjs
    http://eueminhasplantinhas.blogspot.com.br/

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    1. Calma, amiga Simone, relaxe, não vale a pena tremer.
      Ainda bem que não viu a foto "rócócó" que acompanha esta "lenda".
      Afinal hoje é dia das mentiras e as verdadeiras lendas de Forninhos, continuam a ser aquelas que a criança mais velha ou o idoso mais novo, se deleitam em ouvir.
      Beijos.

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  11. Haja maravilhoso para enfeitar o quotidiano das gentes!
    Beijinhos

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  12. Eu adorei essa lenda! Essas histórias é que tornam mais interessantes os lugares. Parabéns pela postagem! bjs,

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  13. Boa tarde Nina e Anne.
    Esta é uma lenda, igual a tantas que por esse País fora continuam a circular para enfeitar o quotidiano das gentes e que tornam os lugares interessantes. É certo. Mas esta infelizmente foi criada por autores que deveriam distinguir convenientemente a realidade da lenda: os lobos é que eram o terror dos rebanhos, dos pastores e gentes da aldeia. No pico do frio os pastores recolhiam os rebanhos a meio da tarde para prevenir...e na ausência de presas, esfomeados, eles (lobos) desciam até Forninhos por caminhos e carreiros. Daí, a impotência e o desespero dos habitantes da antiga Forninhos. Mas nunca, nunca os pastores dali se socorreram de caçadeiras!

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  14. Acho que estou como os velhos...Cismático!
    Tinha pensado em falar sobre lendas, contos e estórias, mas as notas tomadas, foram-se escapulindo nesta confusão de atentos...
    Sim, temos de ler e perceber, claro, para não sermos apelidados de incultos.
    Falta saber por quem...
    Não, o rigor simplesmente o exige mesmo , aliás, ainda por cima quando ronda sentimentos.
    Num pedido de ajuda a quem porventura souber o "toque" de honradez de Forninhos, venerado de modo especial pelos "Filhos da Terra", qual a destrinça entre a lenda, contos e estórias.
    Pessoalmente, as lendas ouvia-as contadas em contos, personalizadas pela personagem que nos prendia pela voz e gestos, correspondidos pelos mais velhos, fazendo o cenário, no qual bastava o silêncio e assentimento..
    Mas o que mais me prendeu e prende, são as estórias, mais ou menos iguais em cada casa com gente "antiga", cada qual a seu modo, mas irmãs no desfecho final.
    De modos antigos contados a filhos e netos e que jamais teriam coragem, por dignidade de contar em guião de novela.
    Acho que os "nossos" pequenos, esclarecidos, irão dormir mais felizes e descansados.
    A serra continua igual e dá para sonhar. Boa noite putos!

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  15. Esta semana aprendi umas coisas: que esta é a lenda da moura da nossa freguesia e que a ferramenta dos nossos pastores é uma caçadeira!
    Para melhor entender esta lenda até reli a lenda (e mais uma ou duas coisitas que serão surpresa) em que os cristãos que habitavam em Forninhos expulsaram os mouros para ocupar as suas terras, que como é sabido é uma lenda transmitida ao longo dos séculos, contada pelos nossos avós e não lembro de nos contarem que a dada altura expulsaram os mouros à chumbada (e nós sabíamos ouvir!).
    Esta lenda (a dos borregos), presumo eu, é variante da outra (da verdadeira, a da moura encantada), mas também acho que filhos e netos desta terra jamais teriam coragem de a contar tipo guião de novela!
    Do Forninhos, a terra dos nossos avós, tenho a impressão que vos vou continuar a falar...

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  16. Oi Paula,
    Meu avô era um grande contador de estorias, lendas, causos e cordel, então cresci ouvindo essas estorias, adoro sabe, e essa lenda gostei muito, a foto em si já sugere algo mágico, com essas pedras por toda parte, e nessa montanha dá impressão que tudo pode acontecer, imagino o quanto aguça a criatividade de quem gosta de inventar lendas, rsrs.
    Beijos!!!!

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    1. É verdade Fátima. Os nossos penedos (ou penedros como dizem os antigos) são tal como as nuvens, com formas sugestivas para a imaginação humana. Nós, por aqui, até já fizemos algumas viagens imaginárias por esta serra encantada...
      Nesta foto tirada neste sítio carregado de simbolismo, com histórias (inventadas ou não) há um que por ter a forma de um gato, é conhecido por “penedro do gato”, várias pessoas idosas da freguesia desde crianças que o conhecem e o confirmam, mas como acham que não é importante a sua divulgação, muitos nem sabem onde fica.
      É bem melhor divulgar o que não é nosso!

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  17. De um lado o pastor diligente
    Apascentando seu rebanho
    Vestindo polainas e palhoças
    Para conseguir o sustento
    Que em tudo não era diferente
    Mas por vezes alvo de troças
    Apesar de semelhante
    Ao labor de tanta gente.

    Na serra ele mandava
    Nas searas de granito
    Acima a moira encantada
    Povoava a fantasia
    Fosse de noite ou de dia
    Era a sua companheira
    E o tempo assim se passava.

    Porém um dia chegou
    Em que a chamaram de ladra
    E desta forma acabou
    A lenda da moira encantada
    Perdida na gruta anda
    Sem vontade de vestir
    Nas manhãs de S. João
    Seu rico manto a luzir
    Foi morrendo o coração
    Mais "a grade e o cambão...".



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  18. Acho que o Xico leva a palma por ser quase um poeta, mas vamos ver... e seja o que Deus quiser:

    Havia a lenda da grade e o cambão
    Que a menina de guedelha
    a brincar na serra procurava,
    mas as lendas registadas
    falam dum poço cheio de ouro
    e da "malvada" dos borregos
    que saída da penedia
    currais de ovelhas percorria.

    Essa não tinha medo de lobos
    E esses não voltaram a ser vistos
    sem precisar levar chumbada...
    Mesmo sem ninguém ouvir
    De cem a cem anos
    Num penedo empoleirada
    Lá está ela e o S. Pedro
    para olhar o pastor na lua
    com a espingarda carregada.

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  19. Boa noite Paula, sempre partilhando histórias muitos interessantes da vossa aldeia.
    Adorei esta lenda e o sítio da Barroqueira é muito belo! Aprecio imenso essas pedras enormes que povoam as serras do nosso País!
    Um beijinho e bom fim de semana. Ailime

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  20. Eu também sou uma que adora estas pedras enormes ou penedros!
    Quando na minha meninice por ali passava, lembro-me gostar muito de ouvir a história da moura encantada e imaginava-a escondida num penedo, enfeitada de ouro e outros luxos, mas isso já foi há muito tempo...talvez por isso o meu cérebro não guardou numa qualquer gaveta que comia borregos. O tempo não perdoa ninguém ;)
    Beijinhos e bom fim de semana.

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  21. Vi seu link lá no blog da Chica e vim conferir: uma bela e assustadora lenda! E justo em Forninhos! Gostei muito! bjs,

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