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terça-feira, 3 de setembro de 2013

Os Vedores


Em Forninhos (e em todas as terras, presumo) existe em grande abundância poços e as águas subterrâneas geralmente eram pesquisadas pelos védores (pronuncia-se mesmo assim: com o “e” aberto), que são homens que, por meio de uma varinha “advinham” onde é que se deve abrir um poço nos terrenos de cultura. 
Como fazer um poço era uma grande despesa, não se podia andar abrir buracos em todo o lado até encontrar água, chamava-se então o vedor que com a sua varinha, em forma de forcalha, percorria o terreno, muito concentrado, deslocava-se de um lado para o outro, a vara mexia aqui e ali, mas torcia acolá, sinal de que “há água” e era aí que ir ser aberto o poço. Dos vedores tiveram nomeada no seu tempo, o Padre Valdimiro, tio Carlos Guerra, tio Luís Teixeira, tio Domingos, tio António Casão. E deve haver mais nomes...
Mas cada vedor usava o seu tipo de material, havendo quem usa-se, por exemplo, o seu relógio de bolso, oscilando de um lado para o outro o pêndulo.
E agora expliquem-me lá vocês como os antigos, que não íam à escola, conseguiam detectar água nas profundezas?


Acerca dos poços, uma palavrinha ainda: existe já há bastante tempo uma lei que obriga todos os proprietários de poços a tapá-los, mas vá-se lá saber porquê, essa lei anda a navegar pelas águas calmas do esquecimento! Seria bom que explicassem aos locais a lei, já que por vezes parece que a desconhecem.

22 comentários:

  1. Post bem importante e esclarecedor... Como é bom saber o que acontecia antes... De uma maneira tão "simples" muitas coisas eram feitas e tinham os seus bons/necessários resultados...

    Um abraço GRANDÃO, Paula...

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  2. Que legal e como eles sabiam achar águas é uma incógnita mesmo!
    Difícil saber! Lindo post! beijos,chica

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  3. Olá,
    então foram os portugueses que trouxeram para cá essa técnica, me lembro que na nossa região tinham sempre uma pessoa que tinha esse dom de achar água, quando criança brincávamos para achar água. Os antigos tinham conhecimento que ainda hoje a ciência não consegue explicar, muito cientistas estão recorrendo por aqui aos antigos conhecimentos. Aqui chamamos o poço de cacimba, antigamente tinha muitos poços de água assim, e morria muitas pessoas afogadas por que eram muito fundos. Deve ser por isso que tem essa lei de tapar, mas devem deixar uns para a juventude conhecer.
    Menina, o bolo é super fácil de fazer, o diferencial é o recheio, bater nata com leite condensado e chocolate em pó, e fazer camadas, meus filhos adoram.
    Bjos e tenha uma ótima semana.

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    1. Obrigada Anaja. Parece ser delicioso ;-)
      De facto, muitas pessoas e animais já caíram em poços descobertos...
      Consequência do despovoamento, sabe-se que muitos campos de cultura foram abandonados, crescendo mato e silvas e como não obrigam os proprietários a aterrá-los, temos "armadilhas" por todo o lado.
      Mas sabendo eu, que nos últimos meses Forninhos "ganhou" alguns habitantes, naturais e de fora, tenho esperança que não fique tudo na mesma e que a residência não conste só no papel, presumo eu que tal decisão tenha como objectivo montar uma vida nova nesta nossa querida aldeia.
      Com certeza, já não é preciso aterrar tantos poços e os mais jovens já ficam com ideia do que é um poço ou mina.

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  4. Ainda tenho uma vaga ideia de ver os vedores na minha aldeia.
    Associo o nome sempre à mesma figura; um homem de chapéu preto na cabeça, relógio de corrente no bolso do colete, acompanhado pelo dono do terreno ou courela e dois ou três curiosos, melhor, "entendidos". Não sei porquê, mas associo essa pesquisa aos domingos, depois da missa. Talvez por ser pecado trabalhar nesse dia e haver mais disponibilidade.
    E tal como reza o post, lá ia concentrado, ausente de barulhos, no ritual de passo à frente, passo atrás, sem pressas, tremendo por vezes a vara na mão, até atingir o almejado milagre, a vara como que por magia, virou na mãos de quem religiosamente a segurava.
    Alegria imensa: ali dava água. Certeza absoluta!
    Como sem dúvida também iria dar vinho na taberna para comemorar o achado e a valorização do terreno.
    Sabedoria popular...

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  5. Acho que até hoje ninguém sabe responder porque as “varinhas” torcem. Por isso é que parece “milagre”, mas para mim milagre é o povo, sem saber ler e escrever, saber indicar onde havia água! Estas coisas não as aprendiam na escola, mas com a lei da natureza.
    Quando eu era miúda também vi vedores em acção e cheguei a ver o meu pai, com vara, a fazer uma demonstração.
    Com relógio de bolso nunca vi, mas acho que quando o vedor põe o pêndulo a oscilar, de seguida quase para, para depois desatar num corrupio louco. Disseram-me que era assim. Será?

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  6. Anónimo9/03/2013

    Siempre me pareció un palo mágico al poder descubrir de esa forma el agua subterránea.
    Me ha encantado este Post.
    Abraços.

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  7. Á razões que a própria razão desconhece.
    A mim sempre me causou dúvidas este modo de encontrar água, mas o certo é que os poços estão abertos e dão água, e era raríssimo abrir-se um poço que não a desse mais ou menos profundo, e tendo em conta que na nossa região não há lenções de água mas sim veias, o poço tem de ser aberto lo local exato onde esta passa, não sendo assim, o poço não dá nada.
    Este modo de achar agua convenceu-me quando um certo dia um parente me fez uma visita, e quando estávamos no meu quintal, pegou numa varita verde que cortou ao acaso de uma arvore apertou-a vergada entre as mãos e começou a caminhar lentamente, a certa altura a varinha vergou, no entanto não me convenceu porque podia ter sido forçada a isso, andou para trás e para a frente e disse-me que podia abrir um poço num determinado local que me indicou e que encontrava agua a seis metros de profundidade, apesar de não ficar muito convencido, abri mesmo o poço no local que ele marcou, e encontrei agua aos cinco metros e meio, tenho agua não só para consumo de casa como para regar todo o quintal e não a gasto toda. A partir daí fiquei mesmo a acreditar neste dom, mas não é para todos, eu já experimentei por várias vezes mas não dá.

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    1. Gostei do seu comentário e ainda bem que recorda uma situação real. O dom, dizem, só algumas pessoas o têm, mas o meu pai diz (a brincar) que todos os que vão aos terrenos da Regada experimentar detectam água!

      Um abraço.

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    2. Por alguma razao lhe chamam "Regada"!!! lolololo.

      Um abraco.

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  8. É um mistério como eles conseguiam detectar essas águas!!
    Abraços.Sandra

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  9. É sério isso. Os poços precisam de tampas e, às vezes de cadeados, para que a água se mantenha limpa. Um abraço, Yayá.

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  10. Dos relógios, como objecto detector de água, também ouvi falar na versão do pêndulo, mas ainda de uma outra na qual ao ser encontrado o sítio exatado da existência de água, os ponteiros do relógio dispavaram desorientados e vertiginosamente.
    Ouvi!
    Quanto à perigosidade dos poços a céu aberto, conto um episódio real passado a alguns anos, no mínimo caricato ou até hilariante, já que acabou em bem.
    Ao meio da tarde, levantou-se um burburinho em Forninhos, com as pessoas de credo na boca por correr a notícia de que alguém tinha caído num poço no sítio da Regada.
    Lá vai em correria o povo angustiado e os primeiros a chegar ao local, abeiram-se do poço, temendo o pior e quem teria sido o/a vítima de tal tragédia.
    Afinal era uma vaca, a vaca prenhe do tio Bartolomeu que havia fugido da loja, mal fechada por descuido.
    Deambulou por lameiros e courelas, desorientada e inadvertidamente caiu num poço estreito situado à borda do caminho.
    Caiu, mas com as patas traseiras para baixo e dado o seu volume por trazer uma cria na barriga, ficou entalada no buraco.
    Quando foi descoberta, olhava ela com ar suplicante como que pedindo socorro.
    A população estava mais calma, já que nenhum filho da terra se tinha afogado. Agora havia que salvar o animal.
    Os mais experientes e afoitos, munidos de cordas e mestria, com a ajuda de todos conseguiram salvar a vaca que incrível que pareça saiu ilesa e tempos depois nasceu perfeita uma linda bezerra.
    Podia ter redundado em tragédia, felizmente não e acabou por mostrar a união de um povo na hora de aflição, fosse por uma pessoa ou um animal!

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  11. LINDO!!!
    É este cuidar dos nossos que me parece tão natural, que me orgulha tanto, e tão em falta hoje!
    Agradeço muito as histórias que nos tens transmitido, Xico. Elas lembram-me uma aldeia com o ar diferente…
    E o leitor lembra-se de outros exemplos como este? Partilhe connosco!

    Um abraço!

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  12. Olá Paula, que bom lembrar esses homens que para mim pareciam mágicos e que com a sua varinha lá iam descobrindo as nascentes de água que dariam origem aos poços! Ainda há dias falámos aqui em casa de um poço escavado pelo meu avô materno e, embora pequenita, lembro-me de um senhor lá da minha terra ter ido ao quintal com a tal varinha. E este meu avô que foi uma das pessoas mais importantes da minha vida ia-me explicando e ensinando o significado de todas estas coisas! Obrigada por partilhar mais um facto muito importante das nossas terras. Beijinhos Ailime

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  13. Boas, ainda me lembro que também na minha terra existiam esses vedores, que com uma pequena e verde vara de oliveira, com muita paciência e sabedoria, passeavam a vara apertada entre mãos até que esta desse um sinal, que era um torcer-se para o solo que assinalava o local onde estaria água, mas o mais incrível, é que para não se gastar dinheiro para se fazer um poço, era chamado ao local um outro vedor que sem saber do anterior, acabava por assinalar o mesmo local, isto mais metro menos metro, era muito raro falharem, coisas que nem mesmo eles o sabiam explicar.

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  14. Passando para te desejar uma ótima quinta!!
    Abraços.Sandra

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  15. Mais um artigo muito esclarecedor, como ja e habito, parabens.
    No entanto este artigo fez-me lembrar um facto ja ha muito passado na minha vida; acontece que quando cumpri o servico nilitar, o Coronel comandante do Batalhao, andava sempre com uma varinha na mao, e, por isso ficou com o cognome de "vedor"!

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  16. Obrigada, amigo Al.
    Os tempos mudaram e agora já há menos vedores a intervir na abertura dum poço, e quem o faz, muitas vezes não o faz tão desinteressadamente...até entendo que o serviço seja pago, mas será o ideal? Não sei. Eu gostava que se mantivesse tudo mais pessoal.

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  17. Certo, certo, é que não existiam os modernos "furos" e os poços abundavam fruto destas pesquisa.
    COM ÁGUA!
    Vá saber-se como tal era possível, mas a evidência, tal comoo algodão não engana.
    Sabedoria popular nos seus mistérios, este então...

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  18. Boa noite. Também me lembro desse tempo em que os Srs. de varinha magica nas maos descobriam em que sitio se encontrava água ,mas nao sabia que se chamavam Vedores . Comentários bonitos , gostei muito de os ler .

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  19. Tento publicar um apanhado geral de como era o modo de vida na nossa terra. Com a modernidade algumas antigas "tecnologias" vão sendo deixadas para trás, caindo no esquecimento até entrarem em completa extinção, por isso sabe bem reavivar o trabalho do vedor e ler o teu comentário também, Manuela,

    Bjo e óptimo dia :-)

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