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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O Lagar de Azeite do Sr. Luisinho

Em Documento do ano de 1917 é mencionado que como indústria local, tinha Forninhos "fabrico de azeite em um antigo lagar". Esse referido antigo lagar era o do Sr. José Baptista, que foi desactivado em 1938. Outro dia vamos aqui divulgá-lo. Mas é o Lagar do Sr. Luísinho, que outrora foi também importante fonte de riqueza, que está hoje nas nossas memórias. 


Trata-se de uma construção ampla com paredes construídas em granito e fica este Lagar no lugar com o mesmo nome "Lagar". Já perdeu a cobertura. Ficaram as paredes de pedra, pio e mós onde a azeitona era esmagada. A recuperação sei bem que seria muito dispendiosa e muito complexa, mas restaurado podia ser motivo de atracção turística para muitos forasteiros que visitam a freguesia de Forninhos. Muito perto deste edifício existem ainda ruínas de moínhos. 


Já não sou do tempo em que na minha terra havia lagares de azeite, nem conheci o Sr. Luísinho, mas sei que noutro tempo muitas pessoas gostavam de passar a noite no lagar quando faziam o azeite. Assavam batatas, cebolas e bacalhau que regavam com o azeite tirado directamente da pia e todos comiam à volta do borralho, onde se contavam estórias. Muitas vezes a água chegava ao meio do rodado dos carros de bois carregados com os sacos de azeitona. Hoje tudo mudou. Ainda se apanha azeitona para consumo privado, mas leva-se para algum lagar das redondezas e bem vistas as coisas Forninhos é que perdeu/perde. A economia do azeite podia e devia, se fosse esse o desejo, ser aproveitada, pois a oliveira produz muito bem na nossa região e o azeite é de muito boa qualidade. Bem sei que escrever sobre isto é fácil, tomar iniciativa e combater com acções reais é difícil, mas se quisermos que Forninhos fixe e atraia pessoas é preciso ajudar os locais, migrantes e emigrantes a criar investimento que gere emprego. 

P.S: Desta vez fiz o 'post' com a conta do meu irmão, pois ainda não criei uma outra conta minha. Obrigada David e obrigada a todos pelas dicas. O blogue é hoje uma das primeiras ligações informáticas que muitos forninhenses estabelecem quando se ligam ao computador e isto não acontece para saberem as "notícias" da terra, mas por aqui recordarem bons momentos do passado e é neste local que vêem que se discute de forma séria a história e o futuro da nossa terra.

22 comentários:

  1. Gosto muito de ver isso por aqui e mesmo que não tenhas vivido esse tempo, te preocupas em mostrá-lo! beijos,tudo de bom,chica

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    1. Muito do que escrevo não foi vivido por mim, mas se chamo a atenção para este mui bonito Lagar é porque acho que nos pode ajudar a compreender e a situar uma parte da história de Forninhos.
      Para mim, o património popular sempre foi mais importante para a história da minha terra natal, do que a Igreja ou a Capela e, sem dúvida nenhuma, são as obras de outro estrato social que merecem a m/ melhor atenção.
      Os forninhenses precisam aprender a olhar, precisam deixar-se levar pelas histórias dos sábios filhos da terra, conhecer a aldeia com quem ali nasceu e cresceu, que tanto têm para nos contar, para nos mostrar “coisas” que por vezes passamos e nem sequer vemos ou reparamos, mas que estão lá, e que resistiram até aos dias de hoje, com mais ou menos pedras. Acho que só assim se poderá conhecer a “alma” de Forninhos.

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  2. Bonito, felizmente as pedras não foram deslocadas para a construção de casas e muros.

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    1. Sim. Felizmente daqui não vieram pedras para construções e muros, mas houve em Forninhos um período em que se estragou património que é de todos. Duma antiga capela e provenientes de casas tipo dolménico vieram pedras para construções, muros e até para forrar poços, pasme-se! Vieram também supulturas – urnas de pedra – para bebedouros de animais e pias para fazer sulfato!
      Há muita coisa bonita em Forninhos que ainda podia ser recuperada, mas quem dirige politicamente a freguesia tem mais que fazer do que procurar investidores e apoiar quem quer investir na freguesia.

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  3. Eu so me lembro do Lagar do Sr. Luisinho, onde passei algumas noites sentado à lareira a ver as pedras das mós a esmagar a azeitona, o enchimento das ceiras com a massa da azeitona, e a comer batatas, cebolas e bacalhau assados, regados com muito azeite quente tirado das pias. Quando íamos a pé, passávamos o ribeiro por um pontão de madeira muito escorregadio, que existia ao lado do lagar; outras vezes íamos no carro de bois juntamente com a azeitona e quando o ribeiro levava muita água, a travessia era difícil e perigosa, pois não havia qualquer ponte.
    Também vi o moinho do Salto a fazer farinha do milho.
    Hoje tudo acabou, infelizmente.

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  4. Anónimo12/07/2012

    Tenho boas recordações do lagar de Azeite do Sr. Luisinho. passei la muitas noites.

    Manuel Cardoso (Colherinhas).

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  5. Anónimo12/07/2012

    Joao Albuquerque, diz:
    "hoje tudo acabou, infelizmente."
    Podem ter acabado mas se quisermos nao enterradas.
    Afinal Dona Ines casou morta e esta viva na memoria de todos.
    Basta apenas a humildade e orientacao de quem dispoe do poder sobre o povo, para transfigurar icones da cultura e tradicao da n/terra.
    Nao tenhoa idade para me recordar do moinho a funcionar, mas muitas vezes passei por essas ruinas a caminho da Ribeira.
    Lembro que um dia a elas me encostei por causa de uma trovoada.
    Pedras rijas, como a gente da nossa terra.
    Quando aqui comentam, as iguarias feitas ao borralho, e "comendo" o tempo e a noite, imagino as conversas tidas e havidas, misterios e segredos , ja levados para a eternidade.
    Se calhar sou um pouco lunatico, mas imaginem a comunidade de Forninhos, numa noite reunida em volta de uma fogueira, neste Lagar, a "soltar" antigas historias.
    Seria linda esta homenagem ao passado, mas nao me levem a serio; uma utopia.
    Para mim dos melhores Posts que a Paula publicou, beijo para ela.

    XicoAlmeida

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  6. O passado é o fundamento do presente.
    Forninhos teve ainda outro lagar hidráulico que, creio eu, não há ninguém vivo que se lembre do o ver funcionar. Já este lagar que foi edificado pelo Sr. Luísinho era bastante procurado, fundamentalmente por agricultores e olivicultores da região e vive na memória mais ou menos longínqua de muita gente. Mas comparar o que existe em Forninhos hoje, com o que existiu no passado, é o mesmo que comparar o azeite com o vinagre.
    O panorama é degradante.Forninhos não sabe conservar a memória colectiva. Forninhos não quer homenagear os nossos avós, homens e mulheres que colhiam a azeitona e produziam azeite e que contribuíram de verdade para o desenvolvimento da terra, ao contrário, quer colocar em “alto pedestal” pessoas que se servem deste torrão que chegou até nós com a designação de Forninhos.
    A oliveira produz muito bem na nossa região e o azeite é biológico, de muito boa qualidade e, a meu ver, a boa qualidade já justificava uma Cooperativa com engarrafamento próprio e defesa da qualidade, que até podia ter a sua Sede na freguesia de Dornelas, ou noutra qualquer aldeia dos concelhos circundantes onde também se produz igualmente bom azeite. E em vez do lugar de mato e silvas que estão a tomar conta dos terrenos abandonados, podia-se plantar oliveiras e enveredar por uma agricultura moderna e mecanizada.
    O futuro de Forninhos está no seu povo que trabalha, não está nas suas elites político/e/religiosas parasitárias.
    E, Xico, o mundo é uma utopia, por tal vamos pensar que um dia podemos mudar o que vai mal.

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  7. Boa tarde, por estranho que até possa parecer, este lugar eu ainda não conheço ( 1ª foto )bem bonito e se estiver tal como a imagem apresenta, é digno de ser visitado, eu bem gostaria de o ver.
    Pensei, eu, que sabia onde era este mágnifico lugar, mas estava errado, pois não sei onde é.
    Em Agosto passado, divaguei por esse Rio fora, mas a localisação, nada. Fiquei triste, mas quando poder irei visitalo.
    Reparem na reliquia aqui representada. Será que ainda está, hoje, assim bem tratado?
    Umas ruinas bonitas de se ver.
    Bom FDS

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    1. Amigo Serip, o lagar está como estas fotos mostram vist que foram tiradas este último mês de Agosto, agora não acredito que sendo tu Forninhense não saibas onde fica este belo exemplar, embora em ruina, de lagar que um dia fez andar Forninhos.

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  8. Já não sou do tempo de este lagar de azeite ainda estar a funcionar, quando era pequena visitei-o muitas vezes, como os meus pais tinham um terreno bem perto do lagar, cada vez que íamos a esse terreno ia sempre ver o lagar, já há muitos anos que não o vejo, espero que quando for de férias a Forninhos, o vá visitar com a minha prima Paula e com quem nos queira acompanhar.

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    1. A ideia é também despertar interesse em visitar Forninhos. Tenho para mim que qualquer pessoa ‘de fora’ gostaria de observar este lagar, além das ruínas dos dois moínhos e o património natural que rodeia estes engenhos. Portanto, Maria, tal como já tínhamos pensado, se Deus permitir, em Agosto, vamos visitar esta e outras pérolas do património rural de Forninhos, que se transformaram em ruínas.

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  9. Foram já algumas vezes que visitei este lugar, porque o meu sogro tinha um pedaço de terra junto ao lagar, mesmo estando no estado que se encontra, ainda nos faz lembrar a azáfama que rodava agora por esta alturas, em que se regista a apanha da azeitona, sempre o conheci assim como está, mas quem tiver um pouco de imaginação ainda consegue ter uma ideia do seu funcionamento.
    Paula as pedras deste lagar ainda se encontram no seu lugar, porque estas têm dono e todos sabem quem é, por isso não lhe mexem, isto até agora, um dia virá que assim não se verifique.

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  10. Pois, ao que parece, respeitam os bens de uns e não os de outros! Porque será?
    Forninhos não só assistiu ao desaparecimento de “pedras” do património arqueológico e religioso, como até já assistiu ao desaparecimento de “pedras” que outrora fizeram parte do património rural: as mós do Moínho da Carvalheira, por exemplo, que restaurado também hoje seria motivo de orgulho da população e atracção turística para quem todos os anos visita a freguesia. E, atenção, não estou com isto a culpar/criticar ninguém em especial, porque eram outros tempos, mas o que quero dizer é que Forninhos não aprendeu “a lição” e continua-se a cometer os mesmos erros do passado! Continuam a deixar arrancar dos lugares vestígios materiais do passado.

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  11. Anónimo12/12/2012

    Azeitona, Lagar, Azeite.
    Em Forninhos no passado, como já referido, existiram dois lagares de azeite, movidos por força da água dos ribeiros, um pertencente ao Sr. José Baptista, outro ao Sr. Luisinho Abrantes.
    O pertencente ao Sr. José Baptista não o conheci a funcionar, pois uma cheia tenebrosa o destruiu, mas o do Sr. Luisinho Abrantes conheci-o muito bem a trabalhar em pleno.
    Forninhos produzia azeitona abundante e por isso o lagar laborava bastante tempo. Abria normalmente próximo do Natal, alguns, os mais necessitados, já se valiam do azeite novo para fritar as filhós e temperar as couves, batatas e bacalhau da Ceia da Consoada.
    Depois da azeitona apanhada, vinham os ensacadores ensacá-la para ser transportada para o lagar. Nas sacas, lembro-me, punha-se um sinal para não haver misturas com sacas de outros no transporte para o lagar.
    No lagar a azeitona era lavada e passava em seguida para o lagar propriamente dito, feito de granito, onde era triturada pelas grandes mós de pedra a que chamavam galgas, movidas pela força da água do ribeiro através de um engenho.
    Depois da azeitona triturada, os lagareiros com a ajuda de umas pás dispunham a massa sobre as esteiras colocadas numa prensa, em camadas sucessivas, que depois de prensadas, deitavam cabaços de água a ferver para que o azeite se soltasse do bagaço e corresse para os pios existentes, também estes feitos em granito. A água era aquecida numa caldeira através de lenha numa fornalha e aí no borralho se assavam batatas, cebolas e bacalhau, que depois se migavam e regavam com o azeite ainda morno. Isto é que era o verdadeiros bacalhau à lagareiro.
    O dia que se fazia o azeite era um dia feliz, no lagar estava-se quentinho devido ao calor da fornalha sempre acesa e aquelas migas feitas no lagar eram de comer e nunca mais esquecer…!
    Para se saber se o azeite era bom fazia-se a prova molhando uma sopa de pão de trigo no azeite do pio.
    Forninhos que já teve dois lagares hoje não tem nenhum e para obter o azeite da sua azeitona, tem de se valer dos outros!
    Onde param os investidores de outrora?

    Margarida Albuquerque

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  12. Tal como muito bem confirma, tia Margarida, Forninhos que até teve dois lagares, hoje nem sequer um tem e desses saberes relacionados com a transformação da azeitona no lagar do Sr. Luísinho, se não os registarem, qualquer dia ninguém sabe como eram os modos de viver dos nossos antepassados.
    O tempo, sabemos, não volta atrás, mas a verdade é que no passado de facto houve investidores, enquanto hoje não há quem queira investir nesta terra, não sei se por falta de apoio como parece que já aconteceu casos, se porque a preocupação maior nesta freguesia, é somente ajudar a criar eventos que, a meu ver, nada têm contribuído para a criação de emprego, nem geram riqueza (só se enriquecem alguém?).
    Reparem ainda, que esta terra que se chama FORNINHOS, que até está certamente ligada a fornos, nunca pensaram usar o seu nome para criar uma indústria de panificação, de telha ou de cerâmica!
    Mas sobre isso, vou trazer aqui um dia outro ‘Post’ para saber da Vossa opinião.

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  13. Anónimo12/13/2012

    Boa ideia Paula, a criaçâo de uma indústria!
    Que tal "PADARIA FORNINHOS"
    Já vejo os pregões nas aldeias próximas, pelo altifalante das carrinhas:
    O verdadeiro, o único, o genuino - Pão de Forninhos.
    Vou pensar nisso quando me reformar!

    XicoAlmeida

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  14. Anónimo12/13/2012

    Imaginem o Café do Virgilio, Zé Coelho e Paga Pouco,
    a terem o ex-libris de Forninhos:
    Pãozinho caseiro, com lenha da terra dos nossos forninhos!
    Melhor será ir já registar a patente!
    Ofereço-te sociedade, Paula, tu vendes e eu recebo o dinheiro.
    Que tal?
    Em democracia há a partilha.
    Estou a brincar
    Beijos

    XicoAlmeida

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  15. Vou pensar na tua proposta, mas eu preferia vender fornos/churrasqueiras que para além de servirem para assar carne, pode-se cozer pão no forno! Vendíamos churrasqueiras benzidas pelo pároco da terra LOL.
    Mas de investimentos a sério, falaremos depois...

    Bj**

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  16. Anónimo12/14/2012

    Alinho na Sociedade!
    Eu com os fornos, tu com as churrasqueiras.
    Faz faísca...
    Apenas preciso que o Sr. Padre, com todo o respeito, me benza também as carrinhas da Padaria, para ao menos os pregões dos altifalantes, terem um som celestial!
    Um beijo de duas estrelas, não dá relevância ao negócio.
    No Guia Michelin, este negócio "abençoado", vale mais!

    Bj*****

    XicoAlmeida

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  17. Ainda vou pensar bem, se vou ou não comer esses pães... brincadeira.
    Mas se em Forninhos já houve tanta coisa, porque não uma padaria?
    Avancem, eu posso ser caixa €€€€€€€€€€€€€€€€€

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  18. Ao ver as fotos e ler os vossos escritos acerca do Lagar de Azeite do Sr. Luizinho Fernandes Abrantes;fez com que aminha mente recuasse cerca de 7 decadas;lembrando-me da citada travessia do Ribeiro;que eu ainda rapazinho,o Lavrador do Sr.Luizinho, me autorizava a viajar sobre as sacas da azeitona e que um dia,ja ao escurecer, houve grande dificulde para atrvessar o Ribeiro; porque tinha havido uma Trovoada e nivel da agua subiu mais do que se esperava.Salvo erro o Lavrador era o Tio Goncalves e seu Daniel. Mais tarde o Lavrador passou ser o Tio Jose Quinteiro (velho-Jose de Melo) da Quinta da Ponte.E tambem me fez lembrar das citadas batatas a Lagareiro
    que alem das cebolas, bacalhou e azeite, tinham a ajuda dos garrafoes de 5 litros, por vezes apareciam convidados
    volontarios de Fornihos;ou porque iam ver a agua do Lameiro, ou porque iam fazer um bocado de srao, jogando uma suecada.
    Nesta epoca o Lagar do Sr. Luizinho era o mais moderna entre os quatro da nossa Area. O Lagar do Dr.Varela de Dornelas; o
    Lagar da Matela Velha e o Lagar do Sr. Jose Maria de Almeida em Sezures; este era movido por Bois. So muito mais tarde e que foi construida a Cooperativa de Sezures,impolsasionada pelo Sr.Enjinheiro, Major Elias de Almeida; por bairrismo a sua Terra Natal; porque nem residia em Sezures e nem sequer usuferio algo da Cooperativa. Foi coadjuvado por outro barrista; o Sr. Antoninho Campos do Boco;mas natural de Sezures. Esta Cooperativa, alem da Fabrica do Azeite, ja electrica; tinha outras seccoes de apoio agricola.Penso, que actualmente esta reduzida so a fabrica deb azeite. Quanto ao Lagar do Sr. Batista de Forninhos, salvo erro, no meu tempo ja naofuncionava.
    J . C . C>

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