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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Os Entrudos


Esta fotografia foi tirada no Domingo Gordo de 19--? num dos bancos de pedra junto à Venda do Sr. José Bernardo (hoje a casa é do Sr. Paredes) e esteve esta relíquia guardada no baú da minha tia Margarida que a enviou para nos dar a conhecer como se vestia a geração de 30 e 40 no Entrudo, que é o nome correcto para o que agora se denomina de Carnaval. Os Entrudos para não serem conhecidos tapavam a cara e vestiam-se de forma trapalhona e o mais disfarçada, cómica ou assustadora possível...e era já nesta semana que, à noite, assim percorriam as ruas e visitavam as casas de amigos, vizinhos e familiares.
Quem serão estes 5 Entrudos? Difícil de identificá-los, não é verdade?
Neste dia de Domingo Gordo havia também um hábito, um gesto, que consistia em levar aos lares pobres mais chegados, daqueles que não "matavam", uma malga de papas de ralão com carne. Por isso se dizia na nossa terra que o Entrudo morreu cheio de carne e de papas. Tudo agora é diferente...mudam-se os tempos...mudam-se os hábitos.
O fim desta festividade terminava com o enterro trágico do Entrudo e as pessoas "choravam" de forma dramática "o Santo Entrudo".

Um bom e divertido Entrudo a todos!

21 comentários:

  1. Muito se poderia dizer desta quadra que atravessamos, mas reparar nesta foto, fez-me lembrar aquelas portas vai-vem, que estavam na loga da Sª Emília.
    fazendo jus ao nosso carnaval, para mim os anos que estive em Forninhos e que presencie estes dias, todos eles foram óptimos.
    Tambem cheguei a mascarar-me e com os amigos correr todo o Povo.

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  2. E chegaste a participar nos “casamentos” realizados por esta altura?
    Lembro bem que os rapazes do teu tempo, hoje, Quinta-Feira dos Compadres (5.ª Feira antes do Domingo Gordo) faziam neste dia o sorteio dos papelinhos com o nome de rapazes e raparigas, e no Sábado próximo (Sábado Gordo) munidos de um funil, um em cada ponta do povo, diziam:

    - Ó camarada!
    - Olá companheiro!
    - Há aqui uma rapariga boa para se casar...
    - Quem é essa rapariga?
    - É F......
    - Quem é que lhe havemos de dar?
    - Damos-lhe F.......
    - E que prenda lhe havemos de dar?
    - Damos-lhe uma chouriça.
    - etc...

    Esta tradição entretanto perdida foi motivo de muita brincadeira entre rapazes e raparigas de várias gerações.
    Também lembro bem das visitas dos Entrudos às casas, alguns grupos eram só de raparigas, também Elas sabiam assustar, HUHUHU
    Talvez estes 5 Entrudos sejam só raparigas ;)

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  3. Era assim na vossa terra e, mais ou menos da mesma maneira na minha, ou em praticamente em todas as aldeias da "Beira" mais alta!

    Um abraco e tenham um "Entrudo" muito bom e, com muita saude principalmente.

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  4. Paula,

    Eu gosto muito de saber essas histórias de Forninhos.Rs
    Entrudos é muito engraçado.
    Então, bom carnaval Brasil e bom entrudo Portugal.
    Aqui na NZ, não tem carnaval, graças a Deus. RS

    Beijos

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  5. Temos de estar actualizados, mas já estou como a nossa amiga Lucinha: Carnaval no Brasil, Entrudo em Portugal. Mas ambos os termos querem dizer a mesma coisa e nos fazem depender da Páscoa. Entrudo ou Entroido, tem origem no latim e significa “entrada” no período pascal em que se diz adeus à carne ou adeus carne, que em latim se dizia “carne vale” que é precisamente onde tem origem o termo Carnaval. Portanto, que todos no próximo Domingo comam uma boa orelheira e uns pezinhos de porco cozidos ;)
    Só que o termo Entrudo, acho que está mais associado às nossas tradições de pregar partidas, brincadeiras sujas com farinha, ovos, às caras tapadas (para não serem conhecidos). Não sei se o tio Zé Coelho ainda se mascara, mas é uma pessoa que me vai ficar na memória. Um que ficou guardado nas minhas memórias de infância foi o tio António Carau que se vestiu algumas vezes com roupa de mulher (uma vez vestiu uma saia comprida da minha bisavó Casimira). Outras gerações recordam o tio Zé Carau que enchia a cara de mel com milho painço e pregava partidas com farinha. Etc.

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  6. Tambem eu me lembro bem do entrudo,divertido e assustador,pois porque com o tio Zé coelho sempre imprevisivel,quando trazia os lagartos e as cobras,não sei onde as ia buscar,mas como ele era pedreiro penso que conhecia bem o paradeiro delas e claro as famosas caretas que ele tinha. Outro homem que sem ele o entrudo não era entrudo,o tio Abel pois passava parte do dia a chorar.Quando à noite se dava a volta ao povo com as tochas de palha era uma bonita irmandade,para não falar da cerimonia,que o tio Abel sabia como ninguem,tu que foste e que vieste e que nada trouxeste,eu que fui e que vim por causa do quim deram porrada em mim mas ainda trouxe,um mé mé,era mais ou menos assim. Bom fim de semana.

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  7. Boa tarde a todos.
    O carnaval nas nossas aldeias era realmente assim, os mais habilidosos “fabricavam” a mascara de cartão conforme a imaginava, já os que não queriam ter esse trabalho, bastava-lhe um pano rendado para tapar a cara e vestir uns trapos velhos, normalmente os rapazes vestiam-se de mulher. Era o nosso carnaval genuíno, claro que hoje tudo é diferente. Mas mesmo assim, VIVA O ENTRUDO.

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  8. Estes cinco Entrudos estão muito bem disfarçados quem serão? Como foi a minha tia Margarida que deu esta fotografia, um destes Entrudos deve ser ela, qual deles será?
    Eu tinha muito medo dos Entrudos, num carnaval eu estava na casa da minha avó Coelha à noite quando uns Entrudos com uns dentes feitos de cebola, entraram pela porta, eu tive tanto medo que fiquei toda encolhida num canto da cozinha, nessa altura devia ter uns 4 ou 5 anos, quando chegava a noite não saia à rua com medo de encontrar algum Entrudo, depois com mais uns anitos já eu me ensaiava com algumas amigas e ia bater às portas das pessoas. Agora já não se vêm ensaiados com ou sem cara tapada.

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  9. Era muito divertido o carnaval, era mesmo assim como estao os mascarados .
    Nao tenho a certeza mas o que esta de casaco de senhora parece o meu pai , Jose Cavaca a da frente parece a minha Irma margarida as outras duas nao sei mas devem ser primas ou amigas, digo isto porque o meu pai era o guarda costas das minhas irmas , como se pode ver usavam sempre um Pau para que ninguem se aproxima-se delas. Os rapazes eram curiosos e queriam agarra-las para saberem se eram homens ou mulheres nessa altura levavam com o pau no lombo. Nao sei se as minhas primas Darcilia e Lurdes Saraiva leem estes comentarios, devem-se lembrar quando um dia saimos com as peneiras na cabeca e uns lencois por cima e com um pau levantavamos a peneira ficavamos uns gigantes, queridas meninas comentai alguma coisa para nao sermos sempre os mesmos.

    M . Dutra

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  10. Uma das razões pela qual escrevo é fazer recordar e manter vivo aquilo que é tão nosso. Só tenho pena que nem as recordações provoquem qualquer coisa junto de quem a toda a hora passa por aqui, que tem tempo e coragem para espreitar e para tirar fotografias dos post´s e não só (nota: tiram sem pedir), mas não têm tempo, nem coragem para se mostrar, nem partilhar.
    Repito: com mais colaboração e partilha de todos nós, poderemos contar melhor as histórias da vida real desta nossa terra.
    Seria bom, portanto, que o pedido da Natália, não caia em saco roto…

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  11. O texto deste artigo faz-nos recuar no tempo, um tempo que uns fazem por esquecer e que outros fazem brilhar de novo, trazendo aqui algumas recordações do Domingo Gordo e dia de Entrudo, à tarde. Muita gente se divertia, uns mascarando-se, sentados outros aqui e acolá, pela Lameira, falando, rindo, gritando “uh, hu, hu, hu, uh! Viva o Entrudo”. Todos se divertiam e eu disso não tenho dúvidas.

    A tia Margarida é o Entrudo com o casaco de xadrez.
    Não por ordem, os outros 4 Entrudos, são: a Prof. Mariana; a Prof. Lurdes; a Sra. Luzia e a Micas. A Micas trabalhava na casa da D. Laura (mãe da menina Aninhas) e tive o prazer de a conhecer na Festa do Divino Espírito Santo de 2011.
    A Sra. Laura no dia de Domingo Gordo distribuía por todos os pobres da nossa terra papas de ralão e um pedaço de carne.
    Havia quem também substituísse a carne por chouriça dos "boches".
    Como vêem, as gentes de Forninhos eram pessoas humildes e muito solidárias e é por isso que cada vez mais tenho orgulho da gente antiga.

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  12. Muito boa noite para todos.
    Eu compreendo a frustração demonstrada no penúltimo comentário da Paula quando diz que uma das razoes pela qual escreve, é fazer recordar e manter vivo aquilo que é tão nosso, e tem pena, que nem as recordações das muitas pessoas que por aqui passam, não partilhem um pouco do seu tempo a dar a sua opinião.
    Eu também não entendo, por mais esforço que faça, como é que há forninhenses que até são frequentadores, e são bastante, a escreveram noutras redes sociais e aqui nem uma palavrinha!
    Eu sei, todos nós sabemos o quanto a Paula tem contribuído para divulgação desta aldeia tão tradicional da Beira Alta, e nem sequer a autarquia, que é quem podia e devia dar o exemplo aos seus concidadãos, nunca aqui nem no sítio da Junta de Freguesia, teve uma palavra que fosse, isto é frustrante. Eu mesmo já pensei em desistir, por mais de que uma vez, mas encoraja-me a persistência desta forninhense, que embora resida fora da sua terra, não esquece a sua origem e merece o respeito de todos nós.
    Eu, apesar de tudo, ainda gosto muito de forninhos.

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  13. Não me entristece saber que os representantes da autarquia não divulgam este blog no Site da Junta de Freguesia ou na rede social Facebook, é sinal que têm assuntos mais interessantes e importantes para divulgar e não precisam do que aqui é editado para nada e AINDA BEM. Entristece-me é saber que os que escrevem/opinam nas redes sociais daqui extraem (sem se mostrarem), fotografias, ideias e tudo o mais que lhes interessa que eu escrevo, introduzindo nos coments que fazem pequenas modificações, como sinónimos, para parecerem originais creio eu! Mas eu tenho a consciência tranquila e devo dizer que nunca deles copiei nada.
    Sei perfeitamente que faço um bom trabalho e orgulho-me de ser a criadora do «onovoblogdosforninhenses».

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  14. Quanto ao Carnaval ou Entrudo, começamos com uma imagem de duas crianças tirada no Outeiro, mas como na nossa terra e toda a Beira este período era mais dedicado ao Entrudo mais trapalhão, para manter as memórias é bom recordar os Entrudos de antigamente, pois com as mudanças no modo de viver, tudo se foi alterando, mesmo a espontaneidade das pessoas.
    Este é um retrato de um Entrudo que não voltará.

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  15. E sem duvida tem feito um excelente trabalho, em prol da linda freguesia de Forninhos!
    Mas nao se aborreca, isso e praticamente por todo o lado, como nao fazem, tampouco gostam que outros facam. Mas nao custa nada ao menos que seja, pedir autorizacao para publicar algo que nao lhes pertence, ou pelo menos que digam qual e a fonte!
    Olhe em Fornos ate ha uma casa comercial, que colocou la o nome do meu blogue mais antigo: "D'Algodres" e nem burro queres tu agua!

    Mas as accoes ficam para quem as pratica.

    Um abraco de "entrudo" e amizade.

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  16. Boa noite, é uma verdade ver que muitos dos colaboradores deste blog são fora desta bela terra, e os que são também se encontram fora, ainda me lembro de uma vez andar a gritar por funil enorme que era do meu sogro, a casar as raprigas dessa terra, foi engraçado ter participado nesse evento, que para mim foi uma novidade, mas foi coisa que nunca mais ouvi ou vi fazer, como sempre mais uma tradição que se vai esquecendo.

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  17. Sim, não custa nada pedir autorização, nem eu levava a mal. O problema é fazê-lo “pela calada”. Mas não estou zangada. Há muitos leitores que apenas querem seguir as novidades e curiosidades da sua terra, e se partem sem nada dizer é porque receiam os erros de português e têm dificuldade em se exprimir e há os que ainda nem dominam bem as novas tecnologias, mas há excepções, e partilhar experiências, recordar pessoas, informar, não dói nada. O João acabou de fazê-lo. Esta tradição dos casamentos, que já não prevalece, é muito mais antiga daquela que eu e o João, recordamos. Dizem os mais antigos que havia um cavalo que pertencia aos pais da menina Aninhas que também entrava no sorteio e havia sempre um burro para uma rapariga, assim como uma burra para um rapaz. As prendas, essas, é que eram mui sui generis, desde chouriças a toalhas de estopa! Relembro ainda que nesses tempos os “compadres” ofereciam as amêndoas à rapariga, assim me disseram, e parece que havia Boda, mas dessa só me recordo das Bodas da Reza.

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  18. Tambem pudera, cada vez ha menos rapazes e raparigas, nas nossas aldeias, como e que ha-de haver casamentos, destes satiricos e dos outros tambem! E essa e que a tristeza maior, ver-mos as nossas aldeias muito lindas, mas sem quase ninguem!

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  19. O Carnaval era muito farto, estes dias de festejos comia-se papas doces e gordas arroz de espigos e bastante carne ate se dizia la na terra que o Entrudo morreu com uma talhada de carne na boca. A minha Mae sempre se lembrava dos pobres manda-nos a certas casas levar as papas e feijao com um bocado de carne e uma chourica de boches, era uma acao muito bonita nessa altura de mais miseria.Nunca vi o Entrudo em altares , mas subiu aos altares do nosso povo chamavam-lhe SANTO ENTRUDO. As papas doces eram de milho ralado por isso lhe chamam papas de relao. Lavavam-se em diferentes aguas para sair o casculho coziam-se com uma pouca de agua depois juntava-se –lhe o leite e o acucar coziam ate ficarem bem cramosas, comiamos ate nos lembiamos. As papas sao autenticas primas direitas do arroz doce. As gordas eram cozidas em agua e levavam um chourica de boches dentro ficavam bem saborosas. Esses que estao no poder querem acabar com as tradicoes que o nosso povo gosta que vao dar uma curva. Repito o que disse o Seguro VIVA O CARNAL.

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  20. Que lindo gesto esse de sua mãe M.D.
    Hoje, apesar da crise e tanta pobreza apregoada, isso não é necessário, e ainda bem. Pode haver muito desemprego para estas bandas, mas mesmo assim, em minha opinião, os modos de vida mudaram muito, para melhor.
    Mas como estamos no Entrudo, haja alegria, vamos rir e brincar porque é só mais um dia, e a seguir vem a penitência da quaresma, são quarenta dias que não se pode bailar, não se pode rir nem se pode comer carne.
    Vamos preparar a “reza” para ver quem ganha as amêndoas na Páscoa.

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  21. Os nossos avós eram pessoas humildes, porém muito solidárias e francas, e que nos transmitiram valores que se estão a esquecer. Hoje se alguém pedisse um pão ou até um papo-seco ao vizinho mais chegado, era de imediato “abandonada” no Café!
    Quanto à abstinência li há tempos que se alguma carne crescia de terça-feira gorda, era metida na salgadeira, aonde se não ia enquanto não amanhecesse a Ressurreição do Senhor. Neste assunto igualmente muita coisa mudou.
    Do património do nosso brincar falaremos na quaresma. Quem não se lembra das nossas brincadeiras colectivas como o jogo da Reza, do Pelão ou da Corda? Penso que todos se lembram, porque fizeram parte da nossa infância e do nosso crescimento.

    Divirtam-se, saboreiam umas boas sobremesas caseiras, pois a vida são dois dias e o Carnaval três.

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